Poucos empresários, muitos políticos: COP 30 expõe novo cenário da agenda climática

Evento em Belém reúne líderes globais, mas executivos de grandes companhias optam por enviar representantes.

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Publicado em 16/11/2025 às 09:00h - Atualizado 15 horas atrás Publicado em 16/11/2025 às 09:00h Atualizado 15 horas atrás por Wesley Santana
Políticos de diversos países participam das agendas multilaterais (Imagem: Divulgação)
Políticos de diversos países participam das agendas multilaterais (Imagem: Divulgação)

A cidade de Belém, capital do Pará, se tornou um dos principais centros políticos do mundo neste mês de novembro. Durante duas semanas, a chamada metrópole da Amazônia recebe milhares de visitantes que desembarcam no Brasil para discutir o futuro do clima na COP 30.

Chama a atenção, entretanto, que, pela primeira vez desde o começo das conferências da ONU (Organização das Nações Unidas), o evento reúne um número pequeno de grandes empresários. A conta fica ainda mais fechada se considerarmos os CEOs de empresas dos Estados Unidos, algumas delas apontadas como as mais valiosas do mundo.

Essas empresas não só são importantes para a discussão climática, como também são responsáveis por parte das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, alguns CEOs entendem que essa agenda já não é prioritária, como acreditavam há alguns anos -ou, pelo menos, não do mesmo jeito.

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Uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times mostra que, para a maioria dos executivos, não existe a negação do clima. Eles indicam, porém, que há uma rejeição na maneira como essa questão é apresentada, especialmente neste momento em que a política dos EUA é comandada pelo presidente Donald Trump, que chegou a retirar o país do Acordo de Paris.

O chefe da Casa Branca, inclusive, não deve comparecer ao evento de Belém nem enviar representantes de alto escalão. Em seu lugar, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que tem planos de se candidatar à Presidência, tem feito um verdadeiro giro em Belém na tentativa de se posicionar como uma voz contrária a Trump.

Nas COPs anteriores, muitos dos principais executivos norte-americanos ao menos deram as caras, como foi o caso de Tim Cook, da Apple, e de Brian Moynihan, do Bank of America, que compareceram a conferências realizadas em outros países.

Apesar de os grandes chefões não terem comprado suas passagens para o Brasil, eles mandaram representantes para acompanhar as discussões. Assim, os diretores de sustentabilidade de empresas como Google, Microsoft, Amazon e Mastercard estão em Belém em agendas multilaterais com países e outras companhias.

“Talvez não valha a pena um CEO vir à COP para falar sobre o que já está fazendo”, disse Dan Carol, diretor sênior de finanças climáticas do Milken Institute, ao jornal norte-americano.

A COP 30 segue até o dia 21 de novembro, quando haverá a passagem de bastão para o próximo evento, marcado para o ano que vem. Ainda não há definição de onde será a COP 31, mas é possível que seja realizada na Austrália ou na Turquia.

COP 30 é a primeira edição realizada na Amazônia, uma das florestas mais importantes do mundo (Imagem: Divulgação)
É a primeira edição realizada na Amazônia, uma das florestas mais importantes do mundo (Imagem: Divulgação)

Há empresas que brilham

Embora haja empresas que prefiram se manter distantes das discussões, há outras que dão as caras nesse tema. É o caso da Electrolux, que alinha os bônus de seus principais executivos ao cumprimento de metas de sustentabilidade.

Nesta semana, a fabricante de eletrodomésticos ganhou uma premiação na COP 30 pelo projeto Greenhouse Sthlm Development, desenvolvido na Suécia, próximo ao seu escritório corporativo. Trata-se de um complexo de 85 mil metros quadrados, que une moradia, espaços para trabalho e convivência — tudo com eficiência energética.

O projeto foi construído com madeira certificada, reuso de tijolos e concreto de baixo carbono. Além disso, as unidades foram equipadas com eletrodomésticos que usam inteligência artificial para reduzir o consumo de energia.

“Ser reconhecido em um evento global como a COP 30 mostra que estamos no caminho certo: o de agir agora. O Greenhouse Sthlm é um exemplo de como podemos aplicar nossa visão de sustentabilidade a todas as dimensões da vida, inclusive onde e como moramos”, afirma João Zeni, diretor de Sustentabilidade do Electrolux Group América Latina. “Estamos mostrando que é possível unir escala, rentabilidade e responsabilidade climática, inspirando outras empresas a fazer o mesmo”, completa.