População mais pobre não compra dólar, mas sim comida, diz Lula a empresários

Lula também criticou aqueles que "vivem de dividendos" e enfatizou a necessidade de investir na capacidade produtiva do país.

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Publicado em 17/07/2024 às 15:54h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 17/07/2024 às 15:54h Atualizado 3 meses atrás por Elanny Vlaxio
No mesmo encontro, Lula afirmou que o Brasil poderá crescer mais de 2,5% se o dinheiro circular adequadamente (Shutterstock)
No mesmo encontro, Lula afirmou que o Brasil poderá crescer mais de 2,5% se o dinheiro circular adequadamente (Shutterstock)

Na tarde da última terça-feira (16), durante uma reunião com empresários da indústria de alimentos no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a circulação de dinheiro para impulsionar a economia, destacando que a população mais pobre não compra dólar, mas sim comida.

“O povo mais pobre, o povo mais humilde, quando ele tem um pouquinho de dinheiro, ele não compra dólar; ele compra comida”, afirmou o presidente.

Lula fez essa declaração durante uma cerimônia fechada no Palácio do Planalto, cujo áudio foi divulgado pela assessoria de imprensa da Presidência da República. O evento contou com a presença de ministros, empresários e representantes do setor alimentício, totalizando 28 participantes.

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No mesmo encontro, Lula afirmou que o Brasil poderá crescer mais de 2,5% se o dinheiro circular adequadamente. Ele disse: "Se o dinheiro que nós colocamos em circulação nesse país estiver rodando, a gente vai crescer mais do que 2,5%".

“O pobre compra coisa para a família”, afirmou. “É esse País que nós queremos que dê certo. É fazer com que o dinheiro desse País circule. É por isso que a gente aumenta o salário mínimo de acordo com o PIB, porque é normal que, quando o PIB cresça, a gente distribua o PIB entre todo mundo: entre os empresários, entre os trabalhadores, entre os aposentados… Afinal de contas, é o crescimento do País.”

Lula também criticou aqueles que "vivem de dividendos" e enfatizou a necessidade de investir na capacidade produtiva do país. “Esse País precisa parar de ter gente vivendo de dividendos e ter gente vivendo de trabalho, de geração de emprego, de geração de renda, porque é isso que faz a economia girar”, disse o petista.

Entenda o que aconteceu

Na primeira semana de julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relevou que, atendendo a uma determinação do presidente Lula, o governo implementará um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias e prometeu o cumprimento do arcabouço fiscal.

"Tivemos a oportunidade de nos reunirmos três vezes hoje. Lula me pediu que falasse para vocês. Primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o arcabouço fiscal. Não se discute isso. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas. O arcabouço será preservado a todo custo", disse o ministro, em coletiva de imprensa.

A promessa chega após uma série de entrevistas do presidente Lula em que criticava a atuação do BC (Banco Central) e mostrava hesitação em se comprometer de forma mais firme com a redução de gastos, Lula declarou após um encontro com Haddad, que "responsabilidade fiscal não é apenas uma palavra, é um compromisso fiscal deste governo desde 2003".

💲A mudança de tom de Lula interrompeu uma série de altas no dólar, que chegou a bater R$ 5,70. Em suas recentes entrevistas à imprensa, Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sugerindo um "viés político" e discordando da nomeação de alguém indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o cargo — a autonomia da instituição prevê que os mandatos do presidente da República e do presidente do BC não coincidam.

“Agora, o que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente, eu acho que ele [Campos Neto] tem viés político. Agora, veja, eu não posso fazer nada, porque ele é o presidente do Banco Central, ele tem um mandato, ele foi eleito pelo Senado, eu tenho que esperar ele terminar o mandato e indicar alguém”, declarou.