Polícia teve ao menos três indícios de crimes para pedir prisão de Gusttavo Lima

Investigações apontaram suposta ajuda na fuga de investigados

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Publicado em 02/10/2024 às 13:58h - Atualizado 15 dias atrás Publicado em 02/10/2024 às 13:58h Atualizado 15 dias atrás por Wesley Santana
Gusttavo fez live junto de seu advogado (Imagem: Reprodução/Redes Sociais)
Gusttavo fez live junto de seu advogado (Imagem: Reprodução/Redes Sociais)

🚔 Há cerca de duas semanas, a Justiça emitiu uma ordem de prisão contra um dos principais nomes da música atual. O cantor Gusttavo Lima está sendo investigado por lavagem de dinheiro com uso de apostas esportivas, crime o qual ele nega ter participado.

A acusação que pesa sobre ele parte de investigações feitas pelas polícias de vários estados e se arrastam há alguns meses. Uma reportagem da TV Globo, exibida no último domingo (29), mostrou detalhes das investigações que têm como alvo mais de 50 pessoas no país, incluindo o artista sertanejo.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, as buscas nas empresas de Lima encontraram mais de R$ 8 milhões em dezenas de notas fiscais sequenciais emitidas no mesmo dia com valores fracionados. O montante era referente ao uso de imagem e voz do cantor, todas em nome da PIX365, que seria a empresa Vai de Bet, segundo os investigadores.

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Neste caso, a polícia encontrou indícios de lavagem de dinheiro e de que Gusttavo seria sócio oculto da empresa citada. A Vai de Bet também está sendo investigada na Operação Integration, além de compor outro caso que gira em torno do contrato de patrocínio que a casa de apostas fechou com o Corinthians.

“Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, disse Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Gaeco, à reportagem.

Essas informações captadas pela Polícia se somaram ao fato de que o cantor, entre 2023 e 2024, vendeu um avião duas vezes para investigados na Integration. As duas transações foram de mais de R$ 30 milhões cada, uma teria sido acordada em real e a outra em dólares.

“É uma forma de lavagem transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, disse Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco.

Outro ponto destacado pela Polícia é que, supostamente, o artista teria dado carona para dois investigados quando foi à Grécia comemorar seu aniversário de 35 anos. José André da Rocha Neto – dono da empresa que comprou o avião de Gusttavo Lima pela 2ª vez – e a mulher dele, Aissla, já eram investigados pela Polícia nesta ocasião e, depois de viajarem com Lima, não retornaram ao Brasil.

O que diz a defesa

🗣 A prisão de Gusttavo Lima foi revogada menos de 24 horas depois, quando o desembargador Eduardo Guilliod expediu um habeas corpus em nome do artista. A defesa do cantor diz que ele não é sócio da Vai de Bet, mas que o contrato encontrado indica que ele tem 25% sobre uma eventual venda da marca.

Sobre a venda dos aviões, destacou que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro. Em relação à emissão sequencial de notas, frisou:

"As referidas 18 notas fiscais foram emitidas por ela [empresa do cantor] para o recebimento dos valores pelo uso de imagem do cantor, conforme contratos assinados em 2022 com a Pix 365. Como não havia nenhum outro contrato de uso de imagem vigente, não foram emitidas outras notas fiscais, o que explica o fato de as notas para a Pix 365 serem sequenciais", diz a defesa.

Em live nesta segunda-feira (30), Gusttavo Lima se pronunciou pessoalmente sobre o indiciamento. Ao lado de seu advogado, ele disse que não é sócio da Vai de Bet, e sim um garoto-propaganda da marca.

“Jamais trocaria minha paz por nenhum dinheiro deste mundo”, disse ele. "Isso é assassinato de reputação", complementou.

Fora da lista

A casa de apostas que foi ligada pela Polícia a Gusttavo Lima e Deolane Bezerra ficou fora da lista das empresas autorizadas pelo governo federal a atuarem no país. A Esportes da Sorte -que patrocina alguns dos principais clubes do país- não foi citada na lista publicada pelo governo federal nesta quarta (2).