PF diz que Bolsonaro ajustou minuta de decreto que previa golpe no Brasil
Bolsonaro teve o passaporte apreendido e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, acabou preso em operação da PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve o passaporte apreendido nesta quinta-feira (8), após a PF (Polícia Federal) deflagrar uma operação para apurar a formação de uma "organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado". Militares e aliados de Bolsonaro também foram alvos da operação e alguns acabaram presos, como o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto.
🚨 De acordo com a investigação da Polícia Federal, essa "organização criminosa" elaborou uma minuta de decreto que propunha um golpe de Estado no Brasil. O objetivo seria abolir o "Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder".
Bolsonaro teve acesso e pediu ajustes na "minuta do golpe", segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação desta quinta-feira (8). A decisão revela ainda que a minuta pedia a realização de novas eleições e também a prisão de autoridades como os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes do STF e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Parecer da PGR (Procuradoria-Geral da República) acrescenta que o núcleo responsável pela elaboração da minuta de decreto contava com a participação de militares e aliados de Bolsonaro, como Filipe Martins, Anderson Torres, Amauri Saad e Mauro Cid. A organização ainda contava com outro grupo focado na disseminação de fake news com o intuito de colocar em dúvida a confiabilidade das urnas eleitorais e do resultado das eleições.
O parecer explica que essa divisão de tarefas visava, na prática, a reversão das eleições presidenciais de 2022, de modo a impedir a posse do candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
Mais de 30 mandados
A operação desta quinta-feira (7) foi chamada de Tempus Veritatis pela PF e cumpriu mandados em nove estados brasileiros, além do Distrito Federal. Foram, ao todo,:
- 33 mandados de busca e apreensão;
- 4 mandados de prisão preventiva;
- 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
📵 Bolsonaro teve que entregar o passaporte à PF e foi proibido de se comunicar com outros alvos da operação. Policiais federais também foram à casa do ex-presidente em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. No local, o celular de um dos assessores de Bolsonaro foi apreendido.
O presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, também foi alvo de busca e apreensão e acabou preso por porte ilegal de arma. O coronel do Exército Marcelo Câmara, o major do Exército Rafael Martins e um ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, também foram presos.
Ex-ministros de Bolsonaro também foram alvos de busca e apreensão, como o general Augusto Heleno, Anderson Torres e Walter Braga Netto.
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