Pequenos investidores aumentam exposição ao risco e preocupam CVM

Entidade vê investidores iniciantes investindo em produtos arriscados como COEs e CFDs

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Publicado em 16/06/2025 às 13:33h - Atualizado Agora Publicado em 16/06/2025 às 13:33h Atualizado Agora por Wesley Santana
João Pedro Barroso é presidente da CVM desde abril 2022, quando foi indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (Imagem: Geraldo Magela/ Agência Senado)
João Pedro Barroso é presidente da CVM desde abril 2022, quando foi indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (Imagem: Geraldo Magela/ Agência Senado)

A decisão sobre o nível de risco da carteira de investimentos é individual de cada pessoa. No entanto, a principal dica dos especialistas é que pequenos investidores, especialmente os iniciantes, é manter um certo conservadorismo nos investimentos, optando por ativos menos voláteis, caso dos títulos de dívidas.

💭 A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tem mostrado preocupação com a quantidade de pequenos investidores que seguem pelo sentido contrário. O órgão identificou que muitos deles estão aumentando os riscos investindo em ativos como COEs (Certificados de Operações Estruturadas).

Em entrevista ao Valor, o presidente da autarquia, João Pedro Nascimento, destaca a preocupação e diz que estão sendo tomadas medidas para coibir a oferta desses produtos aos investidores com perfis de risco diferentes. Outro ativo que acende o alerta da instituição é a oferta de CFD e Forex para pessoas físicas, produtos que incluem alavancagem acima do padrão normal

“Esse tema merece uma atenção grande, porque é um perigo o investidor aportar o seu dinheiro em um ente não regulado, que não está sob a jurisdição da CVM. Temos dificuldade de chegar nessas pessoas. É provável que a CVM adote medidas de conscientização mais rigorosas sobre esse tema”, disse ele.

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Está prevista uma mudança nas regras do questionário de suitability, em que o investidor responde às corretoras de investimentos diversas questões sobre seu perfil, o que poderia elevar a regulação sobre a oferta de alguns produtos. No entanto, isso ainda depende de passar por consulta pública, portanto, não tem data oficial para começar a funcionar de maneira plena.

“O tema do ‘suitability’ está previsto para uma consulta pública. Nela, estamos alinhando ideias de como revisar o conceito de investidor qualificado e pensando em algumas lições que extraímos da avaliação de resultados regulatórios sobre o tema”, diz João. “Se o investidor não for assumir risco, o campo de cadastro que ele vai preencher é mais simples do que o sujeito que vai assumir risco. Simplificamos o procedimento de preenchimento dos cadastros”.

Remuneração dos assessores

🗣 Durante a entrevista ao Valor, o executivo ainda comentou sobre a transparência na remuneração dos assessores de investimentos sobre a indicação de produtos. Esse tema esteve em voga nos últimos meses, porque uma regra da CVM garantiu que essas informações ficassem mais visível aos investidores

Isso foi uma consequência do fato de que muitos desses profissionais divulgavam certos produtos porque a remuneração que recebiam por eles era maior. Nestes casos, nem sempre a estratégia e o perfil do investidor era levada em consideração, o que ficava ainda mais evidente nas situações em grandes bancos.

“As resoluções 175 e 179 tendem a empoderar os investidores, para identificar se existe algum elemento que pode ser interpretado como um conflito de interesses quando um investimento é recomendado para eles. A transparência é importante para defender os investidores”, disse ele.

“Temos visto uma mudança nos formatos de contratação dos assessores de investimentos. Eles eram muito remunerados por um modelo chamado de "commission-based”, em que recebiam uma comissão pelas operações realizadas. Agora, observamos vários assessores de investimentos migrando para a categoria de consultor de investimentos e mudando a sua remuneração para o modelo de “fee based", em que recebem uma taxa fixa sobre a carteira do cliente e se estabelecem novas relações comerciais”, completa.