Países mais pobres enfrentam crise mais grave desde 2006, diz Banco Mundial

Um novo relatório do Banco Mundial revelou que os 26 países mais pobres do mundo estão enfrentando um nível de endividamento alarmante.

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Publicado em 14/10/2024 às 11:00h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 14/10/2024 às 11:00h Atualizado 1 mês atrás por Matheus Rodrigues
Outro ponto alarmante do relatório é o impacto crescente dos desastres naturais sobre essas economias (Imagem: Shutterstock)
Outro ponto alarmante do relatório é o impacto crescente dos desastres naturais sobre essas economias (Imagem: Shutterstock)

🚨 Um novo relatório do Banco Mundial revelou que os 26 países mais pobres do mundo estão enfrentando um nível de endividamento alarmante, o maior desde 2006, colocando em risco cerca de 40% da população global que vive em extrema pobreza.

Esses países, cuja renda per capita é inferior a 1.145 dólares anuais, estão cada vez mais vulneráveis a crises econômicas e desastres naturais, o que amplia o desafio de recuperar suas economias, já fragilizadas pela pandemia de Covid-19.

A análise, divulgada pouco antes das reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), destaca que essas economias ainda não conseguiram se recuperar plenamente dos impactos da pandemia, enquanto o restante do mundo já retomou seu crescimento econômico.

A maior parte dessas nações está localizada na África Subsaariana, incluindo países como Etiópia, Chade e Congo, além de regiões como o Afeganistão e o Iêmen.

Níveis recordes de endividamento

O estudo aponta que a média de endividamento dessas economias em relação ao PIB atingiu 72%, o maior patamar em 18 anos, sendo que metade desses países já está em situação de crise de dívida ou em alto risco de entrar nessa condição.

Essa situação se agrava devido à fragilidade institucional e conflitos armados que assolam dois terços desses países, impedindo o influxo de investimentos estrangeiros e limitando suas capacidades de desenvolvimento sustentável.

Além disso, esses países dependem fortemente de commodities, tornando-os extremamente suscetíveis às oscilações do mercado global.

As frequentes flutuações nos preços das commodities aumentam ainda mais a volatilidade econômica e ampliam os desafios enfrentados por essas economias.

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Apoio da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA)

Com o esgotamento das opções de financiamento em mercados convencionais, as nações de baixa renda estão recorrendo cada vez mais à Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), que oferece empréstimos com juros praticamente zerados e doações para manter essas economias em funcionamento.

O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, destacou a grande importância da IDA ao longo dos últimos cinco anos, atuando como uma "tábua de salvação" para esses países durante crises históricas.

A IDA, que normalmente é reabastecida a cada três anos com contribuições de países acionistas, arrecadou 93 bilhões de dólares em 2021.

O Banco Mundial está agora em uma campanha para superar essa quantia, com o objetivo de levantar mais de 100 bilhões de dólares até dezembro de 2024.

Desastres naturais aprofundam a crise

Outro ponto alarmante do relatório é o impacto crescente dos desastres naturais sobre essas economias vulneráveis.

Nos últimos 12 anos, esses eventos foram responsáveis por perdas anuais equivalentes a 2% do PIB desses países, cinco vezes mais do que o impacto registrado em países de renda média-baixa.

Enquanto o mundo recupera-se de crises globais recentes, os países mais pobres continuam lutando contra uma combinação de endividamento insustentável, fragilidade política e desastres climáticos.

📊 A vulnerabilidade crescente dos países de baixa renda destaca a importância de mecanismos de apoio como a IDA, além da necessidade de soluções inovadoras e parcerias internacionais para aliviar os efeitos das crises econômicas e desastres naturais.