O que diz o mercado sobre a ata do Copom?

Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano pela 3ª vez consecutiva.

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Publicado em 11/11/2025 às 13:15h - Atualizado Agora Publicado em 11/11/2025 às 13:15h Atualizado Agora por Elanny Vlaxio
O documento destaca que o cenário de inflação à frente ainda é desafiador (Imagem: Shutterstock)
O documento destaca que o cenário de inflação à frente ainda é desafiador (Imagem: Shutterstock)
🏦 O Banco Central afirmou, na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (11), que deve manter a Selic em 15% ao ano por um período “bastante prolongado” para assegurar o cumprimento da meta de inflação de 3,0%. O documento destaca que o cenário de inflação à frente ainda é desafiador, mas aponta sinais de desaceleração gradual da atividade econômica e queda da inflação e das expectativas.
Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano pela 3ª vez consecutiva. Entre os motivos que explicam a manutenção da Selic, estão as expectativas de inflação, que permanecem acima da meta, conforme as projeções atualizadas do Banco Central. No cenário que considera a Selic do Boletim Focus, as estimativas são de 15% no fim de 2025 e 12,25% no fim de 2026. 

Veja o que diz o mercado

O documento do Copom de novembro reforçou o tom hawkish, ou seja, de cautela e firmeza no combate à inflação, mas incluiu elementos dovish, que sugerem maior confiança na política atual. A mensagem central repete as atas anteriores de Selic estável por mais tempo, tida como suficiente para conduzir a inflação à meta, com monitoramento constante do cenário, analisou o BTG Pactual. 
🗣️ Segundo a casa, o Copom apresentou sinais de suavização ao: incorporar o impacto da ampliação da isenção do IR (Imposto de Renda) em suas projeções; reforçar a confiança na desaceleração da atividade; e reconhecer a melhora da inflação e a queda das expectativas do Boletim Focus, pontos que refletem observações factuais do cenário atual.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, também acredita que o Copom já demonstra segurança de que o nível atual da Selic é suficiente para conter a inflação, ao contrário do tom incerto da ata anterior. Por isso, o documento é visto como duro e não traz sinais de cortes de juros.
"O Copom agora tem muito maior convicção de que essa taxa corrente é suficiente para segurar a convergência da inflação à meta. Eles não estão mais tateando para ver se ela seria suficiente, que é o que estava na ata anterior. Então, eu acho que, de novo, é uma ata dura, não dá sinalização de corte de juros", afirmou. 
Para Camilo Cavalcanti Gestor de Portfolio da Oby Capital, o cenário evolui conforme o esperado pelo Banco Central e os riscos, embora ainda existentes, têm se manifestado de maneira menos intensa.
💬 "Expectativas de inflação têm apresentado queda enquanto a atividade econômica mostra alguma desaceleração, mas a preocupação com o alto nível de emprego e renda (e seus efeitos na inflação futura) se mantém. Seguimos com a expectativa de que o BC pode iniciar um ciclo de corte de juros em março de 2026", avaliou. 
Já Sara Paixão, Analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, relembra que o Copom já indicou que a manutenção do aquecimento no mercado de trabalho tende a gerar pressões inflacionárias, sobretudo em serviços.
"Além disso, fatores como a isenção de imposto de renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil, com descontos para quem recebe até R$ 7.350, e outras propostas anunciadas pelo Governo também aumentam a incerteza sobre a trajetória da inflação no curto e médio prazo", pontuou.