Moody’s rebaixa perspectiva de crédito do Brasil para estável e aponta risco fiscal elevado

Em outubro de 2024, a Moody’s havia elevado a nota de Ba2 para Ba1 e melhorado a perspectiva para positiva.

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Publicado em 30/05/2025 às 19:05h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 30/05/2025 às 19:05h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
A decisão reflete, segundo a Moody’s, um aumento das vulnerabilidades fiscais do país (Imagem: Shutterstock)
A decisão reflete, segundo a Moody’s, um aumento das vulnerabilidades fiscais do país (Imagem: Shutterstock)

🚨 A agência de classificação de risco Moody’s anunciou nesta sexta-feira (30), a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, de “positiva” para “estável”.

Apesar da piora na perspectiva, o rating soberano do país foi mantido em Ba1 — ainda um degrau abaixo do tão almejado grau de investimento, considerado o selo de bom pagador pelos investidores globais.

A decisão reflete, segundo a Moody’s, um aumento das vulnerabilidades fiscais do país, aliado a um progresso mais lento do que o esperado na consolidação das contas públicas e à dificuldade crescente do governo em controlar o endividamento.

Em relatório, a agência destaca três fatores principais para justificar a revisão:

  • Deterioração da capacidade de pagamento da dívida pública
  • Rigidez nos gastos públicos e menor credibilidade fiscal
  • Elevação dos custos de financiamento

Pressões fiscais e entraves no crescimento

Para a Moody’s, a capacidade limitada do governo federal de reduzir as vulnerabilidades fiscais, em um ambiente de despesas rígidas e receitas voláteis, compromete os esforços para estabilizar o nível da dívida pública.

A agência ressalta que essa dinâmica bloqueia o potencial de crescimento econômico sustentável e a retomada de investimentos.

“A rigidez dos gastos, combinada com custos de financiamento mais altos, restringe a margem de manobra do governo para avançar na redução do déficit e estabilizar a dívida nos próximos anos”, destacou a agência.

Além disso, a Moody’s chama atenção para o impacto negativo dessa conjuntura sobre o Produto Interno Bruto (PIB).

Embora reconheça que o Brasil conta com um histórico recente de avanços institucionais e reformas econômicas, a agência avalia que o ritmo dessas melhorias desacelerou e não deve ser suficiente, por ora, para compensar os desafios fiscais.

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Nota ainda em grau especulativo

A manutenção do rating em Ba1 indica que, na visão da Moody’s, o risco de crédito do Brasil permanece equilibrado — ou seja, o país não está em uma situação crítica de inadimplência, mas ainda não possui os requisitos necessários para recuperar o grau de investimento perdido em 2015.

Vale lembrar que o Ba1 ainda é considerado uma nota de grau especulativo, o que representa um risco de crédito maior do que países classificados com grau de investimento.

Para alcançar esse patamar superior, o Brasil precisaria demonstrar avanços consistentes na trajetória fiscal e em reformas estruturais que sustentem o crescimento de longo prazo.

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Histórico recente e próximos passos

Em outubro de 2024, a Moody’s havia elevado a nota de Ba2 para Ba1 e melhorado a perspectiva para positiva, abrindo espaço para que o Brasil pudesse, em um futuro próximo, reconquistar o grau de investimento.

A decisão desta sexta-feira, porém, interrompe esse caminho ascendente, ao devolver a perspectiva para estável.

💲 A Moody’s ainda ressaltou que seguirá monitorando o cenário econômico e fiscal brasileiro nos próximos trimestres. Um agravamento da situação fiscal ou a incapacidade de implementar ajustes necessários poderá levar a novas revisões negativas.