Lula reage à tarifa de Trump e promete retaliação com base em nova lei

Lula classificou o país como soberano, com instituições independentes, e garantiu que não aceitará “ser tutelado por ninguém”.

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Publicado em 10/07/2025 às 22:10h - Atualizado Agora Publicado em 10/07/2025 às 22:10h Atualizado Agora por Matheus Silva
A declaração do presidente foi feita poucas horas após o governo americano oficializar a medida via carta (Imagem: Shutterstock)
A declaração do presidente foi feita poucas horas após o governo americano oficializar a medida via carta (Imagem: Shutterstock)

🚨 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (9) que o Brasil vai reagir de forma proporcional à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, anunciada por Donald Trump.

Em nota oficial publicada nas redes sociais, Lula classificou o país como soberano, com instituições independentes, e garantiu que não aceitará “ser tutelado por ninguém”.

A resposta virá com base na Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, que autoriza o governo a aplicar medidas comerciais contra países que adotem barreiras unilaterais ao Brasil.

 A declaração do presidente foi feita poucas horas após o governo americano oficializar a medida via carta enviada ao Palácio do Planalto, relacionando diretamente o aumento tarifário ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O que é a Lei da Reciprocidade Econômica?

Sancionada neste ano, a Lei da Reciprocidade Econômica permite que o Brasil reaja formalmente a práticas comerciais hostis ou barreiras impostas por outros países.

Segundo o texto, caberá ao Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deliberar sobre as possíveis contramedidas, que podem incluir restrições à importação de bens e serviços.

Antes disso, a lei prevê que seja feita uma tentativa de negociação entre as partes. No caso dos EUA, no entanto, a ofensiva unilateral partiu diretamente do presidente Trump, sem sinalização prévia de diálogo diplomático.

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Trump liga tarifa a julgamento de Bolsonaro e critica STF

Na carta enviada a Lula, Donald Trump alega que a nova tarifa é justificada por práticas comerciais consideradas desleais e também por supostas violações à liberdade de expressão de empresas americanas no Brasil.

Segundo o republicano, o processo judicial contra Bolsonaro configura uma “caça às bruxas”, e criticou duramente decisões do STF, que teria emitido, segundo ele, “centenas de ordens de censura a plataformas de redes sociais dos EUA”.

Trump afirma ainda que a relação comercial entre os dois países é “injusta e desequilibrada”, e ameaça ampliar as sanções caso o Brasil também adote tarifas retaliatórias.

Lula rebate e cita superávit americano

Na resposta oficial, o presidente Lula nega que exista déficit comercial dos EUA com o Brasil.

De acordo com ele, dados do próprio governo americano mostram superávit de US$ 410 bilhões em favor dos EUA nos últimos 15 anos no comércio bilateral de bens e serviços.

Além disso, o presidente reforçou que a legislação brasileira não tolera conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes e fraudes nas redes sociais — e que a liberdade de expressão não pode ser confundida com práticas violentas.

“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, escreveu o presidente.

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Caminho da retaliação brasileira

Com a nova lei em vigor, o governo deve analisar o escopo exato da medida americana para decidir sobre possíveis reações. Entre as opções estão:

  • Imposição de tarifas sobre produtos importados dos EUA;
  • Suspensão de benefícios comerciais já concedidos;
  • Reforço de sanções em setores estratégicos afetados;
  • Abertura de painel na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Segundo fontes da equipe econômica, o objetivo é reagir com firmeza, mas sem comprometer relações comerciais estratégicas.

📈 Os setores mais afetados pela tarifa americana podem incluir agronegócio, mineração e manufatura, todos com forte presença nas exportações para os EUA.