Lula e Campos Neto se reúnem para “construir relação”

Haddad disse que a conversa foi produtiva e será seguida por novos encontros

Author
Publicado em 28/09/2023 às 21:04h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 28/09/2023 às 21:04h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Lula ainda não havia se reunido com Campos Neto depois da posse. Foto: Shutterstock
Lula ainda não havia se reunido com Campos Neto depois da posse. Foto: Shutterstock

O esperado encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, acabou sem declarações ou fotos conjuntas. Contudo, foi produtivo e abriu o caminho para novos diálogos, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Lula e Campos Neto se reuniram por cerca de 1h30 na noite desta quarta-feira (27/09) no Palácio do Planalto, depois de um certo atraso do presidente. Saíram sem falar com a imprensa. Restou, então, a Fernando Haddad, que acompanhou a reunião, fazer a primeira avaliação pública do encontro.

Segundo o ministro da Fazenda, a reunião foi "muito boa, produtiva e cordial". Ele disse que Lula "recebeu bem" Campos Neto e que "a conversa transcorreu muito bem", tanto que será seguida de novos diálogos.

"Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas", afirmou Haddad, ao chegar ao Ministério da Fazenda depois do compromisso no Palácio.

Questionado por jornalistas se Lula e Campos Neto falaram sobre os juros, Haddad disse que a conversa não passou por "tópicos específicos". "O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição e a reciprocidade foi muito boa da parte de Roberto", afirmou.

Haddad contribui com a construção deste encontro. Contudo, afirmou que "não havia necessidade de trabalhar, o encontro ia acontecer".

1º encontro

Este foi o primeiro encontro a portas fechadas de Luiz Inácio Lula da Silva e Roberto Campos Neto desde que o petista tomou posse. Eles só haviam se encontrado no governo de transição, em dezembro de 2022.

Ao invés de estabelecer um canal de diálogo, Lula fez uma série de críticas ao Banco Central nos primeiros meses do seu terceiro mandato. Ele reclamou, especialmente, do elevado nível da taxa básica de juros e dos seus impactos na economia.

A taxa Selic estava em 13,75% no início do ano e agora está em queda. O BC cortou a Selic para 13,25% em agosto e para 12,75% em setembro. A autoridade monetária ainda anteviu novos cortes de 0,5 ponto percentual. Por isso, o mercado espera que a taxa termine o primeiro ano do terceiro governo Lula em 11,75%.

Por causa da autonomia do Banco Central, Lula não pôde fazer mudanças na diretoria da autoridade monetária quando tomou posse em 2023. Desde a aprovação da autonomia, em 2021, o presidente e os diretores do BC têm mandatos de quatro anos. O mandato de Roberto Campos Neto, por exemplo, vai até 2024.

Fiscal

Antes de se encontrar com Lula, Roberto Campos Neto participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (27/09). Na ocasião, ele disse que o governo vem lidando com a situação fiscal e que, consequentemente, o risco fiscal pode melhorar no futuro.

Além disso, afirmou que o governo deve insistir nas metas fiscais, mesmo que não consiga atingir esses objetivos. Segundo ele, isso passará um bom recado ao mercado, de que o governo se esforçou em direção à meta de zerar o déficit público.

"Apesar de todo mundo entender a dificuldade de atingir a meta e ser muito difícil cortar gastos, não só agora neste governo, mas estruturalmente, é importante persistir. A nossa mensagem é de persistência, está bem alinhada com o que o ministro Haddad tem dito", declarou.

Já sobre os juros, Campos Neto disse que é preciso ter uma política monetária contracionista para garantir a queda da inflação. Segundo ele, a economia brasileira segue uma trajetória de pouso suave, isto é, de "reduzir a inflação com o menor custo possível para a sociedade, comparando a queda na inflação e os efeitos no Produto Interno Bruto, no desemprego e no crédito".