Juros, agro e eleições: os riscos que mantêm BB (BBAS3) fora do radar do JPMorgan

O banco norte-americano revisou suas estimativas para o BB e optou por reduzir o preço-alvo dos papéis de R$ 31 para R$ 28.

Author
Publicado em 18/06/2025 às 20:50h - Atualizado 6 horas atrás Publicado em 18/06/2025 às 20:50h Atualizado 6 horas atrás por Matheus Silva
O banco também destaca a aproximação do ciclo eleitoral de 2026 (Imagem: Shutterstock)
O banco também destaca a aproximação do ciclo eleitoral de 2026 (Imagem: Shutterstock)

🚨 A recente desvalorização das ações do Banco do Brasil (BBAS3), que acumula perda de 26% no ano, reacendeu entre investidores a dúvida clássica: seria o momento ideal para comprar papéis de uma das instituições financeiras mais tradicionais da Bolsa?

Segundo relatório do JPMorgan, a resposta é não – pelo menos por enquanto.

O banco norte-americano revisou suas estimativas para o BBAS3 e optou por reduzir o preço-alvo dos papéis de R$ 31 para R$ 28, o que ainda representa um potencial de alta de 28% frente ao preço atual.

No entanto, manteve a recomendação neutra, apontando que os desafios enfrentados pelo banco — principalmente na carteira de crédito rural — indicam que o cenário ainda é de risco elevado.

Carteira rural e lucros pressionados

O principal fator de preocupação para os analistas é a deterioração da qualidade dos ativos, especialmente nos financiamentos ligados ao agronegócio. Essa fraqueza deve continuar pressionando os lucros do banco no curto e médio prazo.

“Problemas com ativos ruins geralmente demoram a ser resolvidos. Assumir uma retomada agora seria arriscado”, alertam os analistas do JPMorgan.

Com base nisso, o banco revisou para baixo a projeção de lucro para 2025: de R$ 37,9 bilhões para R$ 25 bilhões — uma redução de R$ 12,9 bilhões.

Além disso, a rentabilidade também foi reavaliada. O ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido), que historicamente gira entre 20% e 22%, foi projetado para 13% no primeiro trimestre de 2025.

➡️ Leia mais: Bradesco (BBDC4) anuncia R$ 3 bi em JCP; veja quem tem direito e quando recebe

Payout e dividendos: sinal de alerta

Outro ponto importante é a distribuição de proventos. Diante da pressão sobre o capital e da necessidade de reforçar a estrutura financeira, o JPMorgan reduziu a estimativa de payout (percentual de lucro distribuído em forma de dividendos) de 40-45% para 30%.

Essa decisão pode impactar diretamente os investidores focados em renda passiva.

Eleições de 2026 e volatilidade política

O banco também destaca que a aproximação do ciclo eleitoral de 2026 pode funcionar como um catalisador para os papéis, uma vez que o mercado costuma reagir de forma positiva a possíveis mudanças de governo.

Pesquisas recentes apontam vantagem numérica de Jair Bolsonaro e de candidatos apoiados por ele frente ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Ainda assim, o JPMorgan reforça que não vê isso como gatilho suficiente para sustentar uma recomendação de compra no curto prazo.

➡️ Leia mais: Petrobras (PETR4) fará “muito esforço” para pagar dividendos extras, diz CEO

Momento é de espera

A estratégia sugerida pelo banco é esperar até o segundo trimestre de 2025, quando o tom da recuperação deverá estar mais claro e os dados operacionais poderão indicar uma reversão mais consistente.

💰 “Preferimos ficar de fora e aguardar mais visibilidade após o segundo trimestre de 2025”, conclui o relatório.

BBAS3

Banco do Brasil
Cotação

R$ 21,71

Variação (12M)

-11,39 % Logo Banco do Brasil

Margem Líquida

7,81 %

DY

10.9%

P/L

5,72

P/VP

0.68