Inflação voltará à meta de 3% só em 2028, projeta BC

A estimativa é fundamental para a definição do rumo da Selic, que segue em 15% ao ano.

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Publicado em 18/12/2025 às 11:37h - Atualizado Agora Publicado em 18/12/2025 às 11:37h Atualizado Agora por Marina Barbosa
O BC, por outro lado, reduziu a chance de descumprimento da meta de inflação em 2025 (Imagem: Shutterstock)
O BC, por outro lado, reduziu a chance de descumprimento da meta de inflação em 2025 (Imagem: Shutterstock)

O BC (Banco Central) acredita que a inflação oficial brasileira voltará à meta de 3% ao ano só no primeiro trimestre de 2028.

🏦 O retorno da inflação e das expectativas de inflação da meta é considerado essencial pela autoridade monetária para o afrouxamento da política monetária. Ou seja, para a redução da taxa Selic, que está em 15% ao ano desde junho de 2025.

"O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3,00%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária", reforçou o BC, em nota divulgada nesta quinta-feira (15), no Relatório de Política Monetária.

Descumprimento da meta

Apesar do alerta, o BC reduziu consideravelmente as chances de descumprimento da meta de inflação neste ano.

💲 Isso porque a meta de inflação é de 3%, mas admite um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. E a inflação desacelerou nos últimos meses. Tanto que ficou abaixo dos 4,5% em novembro, pela primeira vez desde setembro de 2024.

Diante deste cenário, a expectativa da autoridade monetária é de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche 2025 em 4,35%, desacelere para 3,5% em 2026 e para 3,2% no segundo trimestre de 2027, chegando a 3% só em 2028.

Com isso, as chances de descumprimento da meta de inflação caíram de 71% para 26% em 2025 e de 26% para 23% no novo Relatório de Política Monetária do BC.

Para o BC, a inflação cedeu devido à moderação dos preços da alimentação no domicílio, além de uma melhora em bens industriais e serviços.

As expectativas de inflação também melhoraram, favorecidas por esse cenário e por menores preços de combustíveis, o que está associado ao enfraquecimento do dólar e do petróleo

O BC ressaltou, no entanto, que a inflação e as expectativas de inflação seguem acima do centro da meta, de 3%.

PIB

Além disso, o BC elevou as estimativas de crescimento da economia brasileira em 2025 e 2025.

📈 A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano subiu de 2,0% para 2,3%. E a do próximo ano passou de 1,5% para 1,6%.

Apesar da melhora, as projeções mostram que a economia brasileira vai crescer menos que nos últimos anos. Em 2024, por exemplo, o PIB avançou 3,2%.

A desaceleração é esperada por causa dos juros altos, dentre outras coisas. Contudo, na avaliação do BC, faz parte do processo de controle da inflação. O BC ainda ressaltou que o mercado de trabalho ainda mostra resiliência, o que é um fator de risco para a inflação.

Selic

O Relatório de Política Monetária do BC reforça o recado do Copom (Comitê de Política Monetária) de que a taxa Selic deve continuar em um patamar elevado por mais algum tempo.

"A estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", afirma, lembrando que o Copom segue "vigilante".

Diante disso, o mercado está dividido sobre quando terá início o ciclo de cortes da Selic. A expectativa é de que os juros comecem a cair em 2026, mas a aposta de que o ajuste pode ter início já em janeiro vem perdendo força, com cada vez mais analistas vendo espaço para o corte de juros apenas em março de 2026.