Governo Lula quer facilitar a compra de imóveis de até R$ 1,5 milhão; veja como

Segundo estimativas internas do governo, a medida pode injetar até R$ 80 bilhões no mercado de crédito.

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Publicado em 04/07/2025 às 10:19h - Atualizado Agora Publicado em 04/07/2025 às 10:19h Atualizado Agora por Matheus Silva
A proposta, coordenada pelo Banco Central, foi apresentada ao presidente Lula (Imagem: Shutterstock)
A proposta, coordenada pelo Banco Central, foi apresentada ao presidente Lula (Imagem: Shutterstock)

💰 O governo federal está estudando uma nova estratégia para estimular o crédito imobiliário voltado à classe média, com foco em imóveis de até R$ 1,5 milhão.

A proposta, coordenada pelo Banco Central, foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e visa enfrentar o esfriamento do setor nos últimos anos.

O objetivo central é ampliar a oferta de recursos para financiamentos e tornar os contratos indexados à inflação mais atrativos e previsíveis.

Como funcionará o novo modelo

O plano conta com dois pilares principais. O primeiro envolve a criação de um incentivo fiscal via depósitos compulsórios.

Hoje, 65% dos valores aplicados em cadernetas de poupança são direcionados obrigatoriamente ao crédito imobiliário. Outros 20% ficam retidos no Banco Central e 15% podem ser livremente usados pelos bancos.

A ideia é oferecer um bônus de liquidez: a cada R$ 1 adicional concedido em crédito habitacional, o banco ganharia acesso a um montante proporcional dos recursos atualmente retidos como compulsórios.

Essa flexibilização, segundo estimativas internas do governo, pode injetar até R$ 80 bilhões no mercado de crédito, aumentando a liquidez sem comprometer diretamente a política monetária em vigor.

Novo formato para contratos indexados ao IPCA

O segundo eixo da proposta mira os contratos de financiamento corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que hoje têm pouca penetração no mercado — apenas 2% das novas contratações utilizam esse modelo.

A baixa adesão se deve principalmente à volatilidade inflacionária, que dificulta o planejamento de longo prazo pelos mutuários.

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Para contornar essa limitação, o Banco Central avalia uma nova forma de amortização: parte maior da dívida seria quitada nos primeiros anos, enquanto os reajustes mais intensos, atrelados à inflação, seriam postergados para o final do contrato.

Com isso, a prestação inicial ficaria mais estável, reduzindo riscos de inadimplência e facilitando o acesso ao crédito.

Alternativa à redução dos compulsórios

A medida surge como alternativa à proposta de reduzir diretamente os compulsórios, ideia defendida por parte do setor bancário, mas vista com cautela por formuladores da política monetária.

Com essa abordagem indireta, o governo pretende ampliar o crédito sem abrir mão do controle sobre o sistema financeiro.

Além de favorecer o tomador com parcelas mais previsíveis, o novo desenho dos contratos poderá permitir aos bancos captar recursos via mercado de capitais, reduzindo, gradualmente, a dependência da poupança como principal fonte de funding.

A proposta surge em um momento em que o presidente Lula tem buscado ampliar políticas voltadas à classe média, um segmento que enfrenta dificuldades crescentes para acessar crédito imobiliário.

O atual modelo de financiamento, baseado majoritariamente na poupança, tem perdido força: segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), a participação da poupança no funding do setor caiu de 46% em 2021 para 32% ao fim de 2024.

📊 Com a reformulação em discussão, o governo espera não apenas destravar o crédito para um público relevante, mas também dar novo impulso ao setor da construção civil, com efeitos positivos na geração de empregos e no crescimento econômico.