Fazenda vê "impacto limitado" de tarifas americanas sobre o aço

Pasta reconheceu, no entanto, que feito pode ser relevante para o setor da metalurgia.

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Publicado em 13/02/2025 às 15:24h - Atualizado 3 minutos atrás Publicado em 13/02/2025 às 15:24h Atualizado 3 minutos atrás por Marina Barbosa
Trump elevou as tarifas a importação de aço e alumínio (Imagem: Shutterstock)
Trump elevou as tarifas a importação de aço e alumínio (Imagem: Shutterstock)

O Ministério da Fazenda avalia que as tarifas de importação sobre ferro, aço e alumínio impostas pelos Estados Unidos devem ter um "impacto limitado nas exportações brasileiras, se efetivamente implementadas".

💲 Em relatório divulgado nesta quinta-feira (13), a Secretaria de Política Econômica da Fazenda explica que "as exportações brasileiras de produtos de ferro, aço e alumínio para os Estados Unidos corresponderam a apenas 1,9% do valor total exportado pelo Brasil em 2024".

Essas vendas, no entanto, representaram 40,8% de todo o valor de ferro, aço e alumínio exportado pelo país.

Por isso, a pasta reconheceu que os impactos podem ser limitados no valor total de exportações e no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, mas devem ser "relevantes na indústria de metalurgia".

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Por isso, receberam 12% de todo o valor exportado pelo país em 2024. E essas vendas foram limitadas a "alguns produtos, como petróleo, derivados de ferro e aço e aeronaves e peças", segundo a Fazenda.

Governo aposta no diálogo

A Secretaria de Política Econômica da Fazenda lembrou, por sua vez, que esse impacto só será sentido se as tarifas forem "efetivamente implementadas".

O governo brasileiro ainda não respondeu formalmente à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 25% as tarifas americanas de importação de aço e alumínio, além de cancelar isenções e cotas de importação que favoreciam grandes fornecedores do produto, como o Brasil.

🗣️Segundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil não vai entrar em uma guerra comercial, mas procurar os Estados Unidos para negociar a questão.

Na quarta-feira (12), o vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou que "o caminho é o diálogo". Segundo ele, o reestabelecimento de cotas seria uma forma de o Brasil driblar os efeitos das tarifas.

Vale lembrar, no entanto, que o tarifaço de Trump não vai se limitar ao setor da metalurgia. O presidente dos Estados Unidos prometeu anunciar nesta quinta-feira (13) tarifas recíprocas. Ou seja, cobrar taxas iguais às que outros países impõem aos produtos americanos. A medida deve atingir diversos países, inclusive o Brasil.

Além disso, o diretor global de Relações Internacionais da Raízen (RAIZ4), Paulo Macedo, teria alertado o governo brasileiro sobre a possibilidade de o governo americano elevar as tarifas sobre o etanol.

Outros impactos

💵 A Fazenda reconheceu, então, que a elevação das tarifas de importação americanas pode ter efeitos secundários na economia brasileira, como a alta do dólar e a redução da demanda chinesa por commodities.

Em relatório, a Secretaria de Política Econômica disse que a medida "tende a elevar a aversão global ao risco, contribuindo para o fortalecimento do dólar". Logo, "traz riscos para o cenário de atividade global resiliente e para o processo de desinflação".

"Se o saldo líquido das medidas de proteção tarifária levarem à alta na curva de juros americana e a maior inflação nos Estados Unidos, a perspectiva de flexibilização monetária e resiliência do crescimento global em 2024 tende a ser prejudicada, com potencial de afetar principalmente economias emergentes", afirmou.

Outro risco apontado pela pasta é a "desaceleração mais acentuada da economia chinesa" e a consequente redução da demanda chinesa por commodities, o que também poderia afetar as exportações brasileiras.

PIB em desaceleração

Vale ressaltar que a Fazenda já trabalha com a hipótese de desaceleração do crescimento econômico brasileiro neste ano de 2025.

A pasta calcula que o PIB do Brasil avançou 3,5% em 2024, mas crescerá 2,3% em 2025. A projeção para este ano era de 2,5%, mas foi reduzida nesta quinta-feira (13) devido ao aumento da Selic e ao cenário externo.

Além disso, a expectativa é de que a inflação continue acima da meta em 2025, em razão do dólar alto e do ritmo aquecido da atividade econômica.

A projeção do governo é de uma alta de 4,8% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025. A meta de inflação, no entanto, é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.