Declaração da Celac não tem consenso, mas critica sanções e guerra comercial

Presidentes de 33 países estiveram em Honduras para trabalhos da Cúpula

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Publicado em 10/04/2025 às 17:49h - Atualizado 2 dias atrás Publicado em 10/04/2025 às 17:49h Atualizado 2 dias atrás por Wesley Santana
Lula (Brasil), Claudia (México) e Petro (Colômbia) participaram da reunião (Imagem: Celac)
Lula (Brasil), Claudia (México) e Petro (Colômbia) participaram da reunião (Imagem: Celac)

A Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (Celac) emitiu uma declaração final na tarde desta quinta-feira (10). O documento conclui o evento da 9ª reunião de Cúpula que reuniu presidentes e representantes das nações que compõem o grupo.

🗣 Um dos principais pontos da carta destaca a necessidade da indicação de um representante da América Latina para secretário-geral das Nações Unidas (ONU) pela segunda vez. O grupo também reafirmou o apoio ao Haiti, um país que passa por uma severa crise humanitária, com 7 em cada 10 pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, além de uma crise de segurança.

“Afirmam sua convicção compartilhada de que é oportuno e apropriado que um cidadão de um Estado latino-americano e caribenho ocupe o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas, considerando que, dos nove Secretários-Gerais que a ONU teve até o momento, apenas um veio de um Estado da região e lembrando que o cargo nunca foi ocupado por uma mulher”, destacaram.

O documento também critica as sanções internacionais unilaterais, avaliando que parte delas é contrário ao direito internacional. Ao menos três países da região hoje têm sanções aplicadas pelos Estados Unidos: Cuba, Venezuela e Nicarágua.

🛃 Leia mais: Governo dos EUA afirma que tarifa para China é de 145%

A versão final foi assinada por 30 países, sendo que o grupo é composto por 33 nações. Os líderes do Paraguai, Argentina e Nicarágua decidiram não seguir a maioria dos presidentes.

Um posicionamento como esse já esperado de países como a Argentina, que busca ser o maior aliado dos EUA na América do Sul. No entanto, chamou a atenção a posição do Paraguai, que normalmente tem uma postura mais conciladora, seguindo de perto os outros representantes do bloco.

Em entrevista à Agência Brasil, o professor Roberto Goulart Menezes, destaca que a recusa do país vizinho pode estar ligada ao recente caso de espionagem. Durante o govenro de Jair Bolsonaro, o governo brasileiro teria espionado o Paraguai.

“Ele chegou a contestar termos da minuta da declaração como gênero, mas creio que o principal é sinalizar aos EUA. A informação de que o Brasil teria espionado autoridades paraguaias pode ter influenciado na negativa deles em assinar a declaração”, comentou o especialista.

Depois da publicação da carta, Assunção emitiu uma nota criticando o posicionamento da Celac e alegando violação de procedimento. “O conceito de ‘consenso suficiente’ não existe no direito internacional”, comentou o Ministério das Relações Exteriores.

Lula na Celac

🏳 O presidente Lula esteve na Cúpula e discursou durante a quarta (9), quando comentou sobre questões tarifárias e de imigração. O chefe do Executivo brasileiro também defendeu a nomeação de uma pessoa da América Latina ou do Caribe para a ONU.

"A Celac pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU, elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização", disse Lula. "Quanto mais fortes e unidas forem nossas economias, mais protegidos estaremos contra ações unilaterais", continuou o presidente.

A nona reunião de Cupula da Celac foi realizada em Tegucigalpa, capital de Honduras, ao longo de toda essa semana. O objetivo da entidade é promover a integração dos países vizinhos, sem necessidade de acordos econômicos como acontece no Mercosul.