Copom reduz taxa Selic para 12,25% ao ano

Corte de 0,5 ponto percentual era esperado pelo mercado e foi aprovado de forma unânime pelo Copom

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Publicado em 01/11/2023 às 18:34h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 01/11/2023 às 18:34h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic (Shutterstock)
O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic (Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu novamente a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (1º). Com isso, a taxa Selic caiu para 12,25% ao ano.

A redução da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Afinal, o Copom já havia previsto um corte dessa magnitude nas suas últimas reuniões. Depois de manter a Selic em 13,75% por quase um ano, o Comitê cortou os juros para 13,25% em agosto e para 12,75% em setembro deste ano.

No comunicado desta quarta-feira (1º), o Copom disse que "essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025". O novo corte da Selic, segundo o Copom, ainda deve implicar em "suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".

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Com essa decisão, a taxa básica de juros da economia brasileira atingiu o menor patamar desde maio de 2022. A expectativa agora é de mais um corte de 0,5 ponto percentual dos juros na próxima reunião do Copom, em dezembro. O mercado aposta em uma Selic de 11,75% ao final de 2023 e o Copom reforçou essa possibilidades nesta quarta-feira (1º).

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", afirma o comunicado do Copom.

Copom monitora inflação

O Copom ajustou as suas projeções de inflação na reunião desta quarta-feira (1º). Com isso, a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2023 caiu de 5% para 4,7%, passando a estar dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação deste ano.

Ao ajustar os juros, o objetivo do Copom é levar a inflação à meta. Em 2023, a meta é de 3,25%, com um intervalo de tolerância que vai de 1,75% a 4,75%. Nos próximos anos, a meta de inflação cai para 3%, sempre com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

O Copom prevê um IPCA de 3,6% para 2024 e de 3,2% para 2025. Diferente do que ocorreu com a previsão de 2023, essas expectativas foram aumentadas em 0,1 ponto percentual na reunião desta quarta-feira (1º).

O Comitê ressaltou, contudo, que a situação atual é "mais incerta do que o usual", sobretudo por causa do cenário internacional de juros altos nos Estados Unidos, inflação resiliente e tensões geopolíticas. Por isso, "exige cautela na condução da política monetária". 

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", afirmou.

Cautela à frente

Diante deste cenário, o Copom reforçou que manter um patamar de juros restritivo será necessário para garantir a queda sustentável da inflação. Por isso, ao mesmo tempo em que anteviu novos cortes de 0,5 ponto percentual da Selic, o Comitê afirmou que o tamanho final da redução dos juros dependerá da dinâmica inflacionária.

"O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", disse.

E seguiu: "A magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".

Por causa dessas incertezas, o mercado já começou a ajustar as projeções para a Selic de 2024 e 2025. Segundo o  Boletim Focus desta semana, os analistas elevaram de 9% para 9,25% a expectativa para os juros ao final de 2024.  Para 2025, a projeção subiu de 8,5% para 8,75%.

Meta fiscal

O Copom ainda manteve no comunicado desta quarta-feira (1º) um alerta sobre a importância das metas fiscais para a política monetária: "Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas".

O comentário sobre a situação fiscal é igual ao que já havia sido incluído no comunicado da reunião de setembro, apesar das recentes discussões sobre possibilidade de o governo alterar a meta fiscal que prevê um deficit zero para 2024. Na avaliação de economistas, portanto, o comunicado desta quarta-feira (1º) não trouxe surpresas, nem mudanças no plano de trabalho do Copom, apenas uma postura mais cautelosa do BC.