Com Trump, Fed pausa corte de juros nos Estados Unidos

O Fed (Federal Reserve) decidiu pausar o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos nesta quarta-feira (29), na primeira reunião realizada sob o novo governo de Donald Trump. Com isso, os juros americanos seguem oscilando no patamar entre 4,25% e 4,50%.

💲 A manutenção dos juros americanos era esperada pelo mercado, devido à força da economia local e também às incertezas trazidas pelo novo governo de Donald Trump. Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, já havia admitido essa possibilidade.

Em dezembro, Powell disse que o Fed poderia passar a agir de forma mais cautelosa, visto que os juros americanos já estavam em um patamar "menos restritivo".

O Fed cortou a taxa em 0,50 ponto percentual em setembro de 2024, depois de mais de um ano mantendo os juros no maior nível desde 2001. Depois, fez mais dois cortes de 0,25 ponto percentual em novembro e dezembro.

🏦 Para este ano de 2024, a expectativa dos diretores do Fed é de mais duas reduções de 0,25 ponto percentual, o que levaria a taxa para o patamar entre 3,75% e 4,00%. Dada as incertezas trazidas pelo novo governo de Trump, no entanto, a expectativa do mercado é de que esses cortes só ocorram a partir de junho.

A avaliação dos analistas é de que as tarifas comerciais defendidas por Trump podem pressionar a inflação americana e, por isso, exigir a manutenção de juros altos nos Estados Unidos.

Trump x Powell

🗣️ Apesar dessa perspectiva de um Fed mais cauteloso, Trump já disse que quer ver os juros americanos "caindo muito". Além disso, afirmou na semana passada que exigiria a queda imediata dos juros americanos em caso de redução dos preços do petróleo.

Powell, no entanto, disse que o Fed não recebeu nenhum pedido formal de corte dos juros de Trump. Além disso, garantiu que o banco não vai mudar seu modo de condução da política monetária americana por causa das declarações do novo presidente dos Estados Unidos.

Segundo o presidente do Fed, o banco continuará avaliando os indicadores e o cenário econômico para decidir o rumo dos juros. Além disso, está no aguardo de mais informações sobre as políticas que serão adotadas pelo novo governo Trump para poder incorporá-las nos seus modelos.

Na visão de Powell, mudanças nas políticas comercial, imigratória, fiscal e regulatória dos Estados Unidos podem afetar as expectativas de inflação. Contudo, ainda não está claro o desenho final das novas políticas de Trump. Por isso, o Fed "assistirá cuidadosamente" esse processo de ajustes.

O presidente do Fed avaliou ainda que a política americana está bem posicionada no momento. Por isso, disse que o Fed não tem pressa em voltar a cortar os juros.

Segundo ele, um novo corte de juros deve ocorrer quando houver progresso adicional no controle da inflação ou em caso de fraqueza do mercado de trabalho.

Comunicado do Fed

Ao comunicar a decisão de manter os juros inalterados, o Fed disse que indicadores recentes sugerem que a economia americana segue expandindo em um ritmo sólido e que a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo. Contudo, observou que a inflação "permanece um tanto elevada" e que "as perspectivas econômicas são incertas".

O Fed tem um duplo mantado que busca máximo emprego e uma inflação anual de 2%. Contudo, a inflação americana acelerou em dezembro e fechou o ano passado marcando 2,9%.

O Banco Central dos Estados Unidos disse, então, que vai avaliar cuidadosamente os próximos dados da economia americana, a evolução desse cenário e os seus riscos ao decidir os próximos ajustes da política monetária.