Caixa sugere liberação compulsória para aumentar crédito imobiliário em R$ 20 bi

A vice-presidente de Habitação do banco propõe liberar 5% dos recursos da poupança retidos no BC

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Publicado em 27/02/2024 às 14:01h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 27/02/2024 às 14:01h Atualizado 1 mês atrás por Jennifer Neves
Caixa Econômica Federal - Shutterstock
Caixa Econômica Federal - Shutterstock

🏗️ A vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, sugere a liberação de 5% dos recursos da poupança, atualmente retidos em depósitos compulsórios no Banco Central. Segundo ele, o movimento poderia impulsionar a capacidade da Caixa de financiar a compra de imóveis em até R$ 20 bilhões.

Essa medida, na visão de Magalhães, além de atender à demanda crescente por crédito imobiliário, estaria alinhada aos esforços do governo Lula para sustentar o crescimento econômico no curto prazo e evitar uma desaceleração do PIB, conforme disse à Folha.

Ela destaca que essa decisão poderia ser tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), órgão responsável pela formulação da política monetária e de crédito no Brasil, composto pelos ministros da Fazenda, Planejamento e presidente do Banco Central.

Embora haja simpatizantes da redução do compulsório no Executivo, o Banco Central aborda a questão com cautela, visto que a liberação desses recursos teria apenas um efeito de curto prazo na atividade econômica. Além disso, não resolveria o problema estrutural da poupança como principal fonte de financiamento imobiliário.

Esses depósitos compulsórios são uma ferramenta usada pelo BC para regular a quantidade de moeda na economia e garantir que as instituições financeiras mantenham uma reserva de emergência. No caso dos recursos da poupança, 20% são compulsoriamente recolhidos pelos bancos. A proposta é reduzir essa alíquota para 15%.

Inês Magalhães argumenta que essa medida seria benéfica para a economia e o setor imobiliário, especialmente considerando o papel crucial do segmento nos níveis de emprego e renda. Ela ressalta que a liberação afetaria apenas empréstimos com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), sem impactos no Minha Casa, Minha Vida, que é financiado pelo FGTS.

Apesar dos desafios estruturais impostos pela mudança nos hábitos de investimento dos brasileiros, Magalhães enfatiza a importância de encontrar soluções viáveis, como a securitização, para garantir o financiamento imobiliário de forma acessível e sustentável. Ela destaca a necessidade de diversificar as fontes de financiamento, reconhecendo a importância dos recursos da poupança, mas ressalta a necessidade de outras alternativas.

Magalhães também destaca a boa relação com o novo presidente, Carlos Vieira. "As coisas estão ótimas. Eu trabalhei com o Carlos [Vieira], então nós já nos conhecíamos antes dessa mudança na Caixa. Nos damos muito bem. Para mim foi uma escolha muito acertada, ele é uma pessoa muito fácil de trabalhar, não teve nenhum problema em relação a isso. [Ele] Me convidou para ficar, estou aqui", diz.

Apesar das especulações políticas, ela enfatiza sua legitimidade e experiência no campo habitacional como fundamentos para sua permanência na instituição. “Acho que eu tenho uma legitimidade, por ser uma pessoa que trabalhou no Minha Casa desde a sua gestação e tal. É por isso que eu fui convidada a vir e acho que para permanecer", afirma.

*Com informações da Folha