Banco Central “ameaça” elevar a taxa Selic para desacelerar a inflação

Segundo a ata da última reunião, realizada nos dias 30 e 31 de julho, o comitê destacou que não hesitará em elevar a taxa Selic.

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Publicado em 06/08/2024 às 09:14h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 06/08/2024 às 09:14h Atualizado 1 mês atrás por Matheus Rodrigues
Imagem: Shutterstock.
Imagem: Shutterstock.

📊 O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil enfrenta um cenário desafiador, com projeções de inflação em alta e riscos crescentes.

Segundo a ata da última reunião, realizada nos dias 30 e 31 de julho, o comitê destacou que não hesitará em elevar a taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano, caso considere necessário para assegurar a convergência da inflação à meta estabelecida.

A ata reforça a necessidade de manter uma política monetária contracionista por um período prolongado, visando não apenas a desinflação, mas também a ancoragem das expectativas de inflação.

O Copom permanece vigilante e disposto a realizar ajustes futuros na taxa de juros para cumprir seu compromisso com a estabilidade de preços.

Fatores Internos e Externos Influenciando a Decisão

Entre os motivos que levaram à cautela na manutenção da Selic, o Copom cita aspectos internos e externos:

  • Cenário Doméstico: A atividade econômica e o mercado de trabalho têm superado as expectativas de desaceleração, com destaque para o consumo das famílias.
  • Projeções de Inflação: Houve uma elevação das projeções de inflação, apesar do aumento na trajetória da Selic, conforme indicado pela pesquisa Focus.
  • Expectativas Desancoradas: As expectativas de inflação mostraram desancoragem adicional desde a reunião anterior.
  • Cenário Externo: A incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização monetária nos Estados Unidos permanece alta.

Risco Fiscal e Sustentabilidade

O Copom também expressou preocupação com o enfraquecimento das reformas estruturais e da disciplina fiscal, além do aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública.

Estes fatores têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, impactando negativamente a eficácia da política monetária e o custo da desinflação.

A percepção dos agentes de mercado sobre o aumento dos gastos públicos e a sustentabilidade do atual arcabouço fiscal tem influenciado significativamente os preços dos ativos e as expectativas econômicas.

O Copom reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida é crucial para a ancoragem das expectativas de inflação e a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.

Sincronização das Políticas Monetária e Fiscal

📈 O Comitê defende que políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas são fundamentais para assegurar a estabilidade de preços e, ao mesmo tempo, suavizar as flutuações econômicas e promover o pleno emprego.

A ata destaca que essa abordagem conjunta é essencial para o alcance dos objetivos macroeconômicos de longo prazo.

O Banco Central também informou que permanece atento aos desenvolvimentos econômicos e pronto para agir de forma a garantir a estabilidade de preços e a convergência da inflação à meta.