2026 já começou: Governo Lula dobra aposta em ‘guerra ideológica’

Em resposta a derrota sofrida no Congresso, Lula intensificou a retórica em defesa da justiça social.

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Publicado em 03/07/2025 às 18:26h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 03/07/2025 às 18:26h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
A tensão extrapolou os bastidores da política e chegou às redes sociais (Imagem: Shutterstock)
A tensão extrapolou os bastidores da política e chegou às redes sociais (Imagem: Shutterstock)

🚨 A tensão entre os poderes da República ganhou novo capítulo nesta semana. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu intensificar o discurso ideológico em resposta às derrotas recentes no Congresso Nacional, antecipando um cenário que já projeta a disputa eleitoral de 2026.

A medida busca consolidar a base de apoio político e defender pautas do Executivo, mesmo sob o risco de acirrar os conflitos com parlamentares e aprofundar a fragmentação da coalizão governista.

Fontes ouvidas pela Reuters afirmam que há percepção dentro do Executivo de que parte do Congresso busca desgastar o presidente.

Nesse contexto, o Planalto passou a enfatizar a narrativa de justiça social, apresentando o embate como uma defesa de princípios e não apenas como uma disputa política.

IOF foi estopim da disputa entre Executivo e Legislativo

A decisão do Congresso, liderada por Hugo Motta (PP-PB) e Davi Alcolumbre (UB-AP), de derrubar o decreto presidencial que aumentava as alíquotas do Imposto sobre IOF (Operações Financeiras) foi o principal catalisador do embate.

Em resposta, tanto Lula quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, intensificaram a retórica em defesa do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

“Vamos continuar fazendo justiça social. Pode gritar, pode falar, mas temos que fazer justiça no Brasil. Não podemos nos intimidar na busca de justiça”, afirmou Haddad.

Lula seguiu no mesmo tom, dizendo que há uma “rebelião” contra a ideia de que quem ganha mais de R$ 1 milhão por ano pague mais impostos: “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Só estamos querendo tirar alguns privilégios de alguns para dar um pouco aos outros”, disse.

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Redes sociais ampliam clima de confronto

A tensão extrapolou os bastidores da política e chegou às redes sociais. Vídeos produzidos com inteligência artificial, em apoio ao governo, retrataram o presidente da Câmara como “Hugo nem se Importa” em cenas que simulam jantares luxuosos com empresários.

O conteúdo repercutiu negativamente entre os parlamentares, aumentando a pressão por moderação no discurso.

Apesar da polarização, houve esforços de pacificação. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), usaram as redes para fazer um desagravo a Motta.

Do outro lado, Alcolumbre indicou disposição para manter o diálogo com o Executivo, em especial após articular a aprovação de uma medida provisória de interesse do Planalto.

Articulação política tenta evitar ruptura

Na tentativa de reconstruir pontes, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, se reuniu com Alcolumbre no Senado.

Segundo fontes, o senador sinalizou abertura para o diálogo e defendeu que o Congresso não deve ser retratado como inimigo da população. O gesto, considerado conciliador, indica que ainda há espaço para negociação entre os poderes.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, também se reuniu com Alcolumbre e reforçou o compromisso com o diálogo institucional. “Não interessa a nenhum dos lados continuar esse embate”, relatou uma fonte próxima.

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Congresso busca distensionar, mas oposição cresce

Parlamentares como o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) negam que haja um movimento orquestrado no Congresso para enfraquecer o governo, embora admitam que parte da oposição atua nesse sentido.

Cajado alerta que o discurso de “ricos contra pobres” pode intensificar o clima de divisão e prejudicar o processo legislativo.

“O grande problema do governo é que como não tem maioria no Congresso não quer conversar com quem pensa diferente”, disse.

📊 “Se o governo começar a fazer discursos de nós contra eles, rico contra pobre e que Congresso não está ajudando, não é verdadeiro e pode ser pior.”