1,3 milhão de brasileiros estão devendo por causa de apostas on-line, alerta CNC
Estudo mostra que 22% da renda disponível nas famílias brasileiras foram usados em bets e cassinos virtuais nos 12 meses encerrados em junho.
As apostas on-line levaram 1,3 milhão de brasileiros à inadimplência apenas no primeiro semestre deste ano, segundo estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
💳 O problema atinge sobretudo jovens de baixa renda, além dos brasileiros que usam o cartão de crédito para pagar as apostas realizadas em bets ou cassinos on-line e acabam sem ter como pagar a fatura no final do mês.
O estudo explica que dívidas ligadas a apostas on-line tornaram-se uma realidade porque a população brasileira tem dedicado uma parcela cada vez maior da renda familiar a jogos, como as apostas on-line esportivas e o Jogo do Tigrinho.
💰 A CNC estima que os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas on-line entre junho de 2023 e junho de 2024. É o equivalente a 22% da renda disponível nas famílias brasileiras e a 0,62% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.
"As apostas, que inicialmente parecem uma forma de entretenimento, acabam comprometendo uma parte considerável do orçamento, resultando na inadimplência e na redução do consumo de bens essenciais", comentou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Impacto no varejo
A CNC estima ainda que, ao receber parte considerável da renda das famílias brasileiras, mas deixar boa parte delas com dívidas, as apostas on-line retiraram R$ 1,1 bilhão do comércio só no primeiro semestre deste ano.
📉 Diante disso, a confederação reduziu a projeção para o crescimento do setor varejista em 2024, de 2,2% para 2,1%.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o varejo cresceu 5,2% no primeiro semestre deste ano. A CNC diz que o setor "vem desempenhando bem em 2024", mas está "aquém do que era esperado para o ano".
Na quinta-feira (19), 15 entidades do varejo também alertaram para os riscos associados às bets por meio de um manifesto.
Segundo o texto, as bets têm atraído "recursos da população de diversos segmentos e faixas etárias, mas de forma mais marcante nas classes mais baixas e entre os mais jovens, redirecionando renda destinada ao consumo pessoal, inclusive de alimentos".
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Regulamentação
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também mostrou preocupação com o avanço das bets no Brasil nesta semana.
Haddad disse que essa questão tornou-se um "problema social grave" e prometeu antecipar as medidas de regulamentação previstas pelo governo federal, além de fazer um "pente-fino rigoroso" nas casas de apostas on-line que operam no país.
A Fazenda promete suspender o funcionamento das empresas de apostas que não pediram autorização de funcionamento a partir de 1º de outubro. Segundo o ministério, 108 empresas fizeram a solicitação no prazo encerrado no último dia 20 de agosto e poderão continuar funcionando até que o governo conclua a análise dos pedidos, até dezembro.
Em abril, o governo já havia proibido o uso de cartão de crédito no pagamento das apostas on-line, justamente para evitar o endividamento das famílias brasileiras, evidenciado pela pesquisa da CNC.
Pagamentos em espécie, boletos de pagamento ou criptoativos também não são liberados. As apostas on-line podem ser pagas, portanto, apenas por Pix, TED, cartões de débito ou cartões pré-pagos.
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