Para onde vai a Selic? Veja projeções do mercado após ata do Copom
Analistas acreditam que juros seguirão em 14,75% ou terão só uma nova alta de 0,25 ponto percentual neste ano.

Os juros futuros operam em queda nesta terça-feira (13), com o mercado avaliando os recados trazidos pela ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
🏦 O Copom elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano na última quarta-feira (8). Contudo, preferiu não indicar qual será o próximo movimento dos juros.
Na avaliação do comitê, "o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação".
O rumo da Selic vai depender, portanto, do comportamento da economia e da inflação nos próximos meses.
"O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", afirma a ata do Copom.
O que diz o mercado?
Diante da ata do Copom, a avaliação do mercado é de que este ciclo de alta dos juros está perto do fim, se já não acabou.
💲 O Itaú BBA, por exemplo, revisou suas projeções e agora acredita que a Selic seguirá nos atuais 14,75% até pelo menos o fim do ano.
"Embora a ata não feche a porta para um aumento adicional, o comitê parece estabelecer uma barra alta para tal movimento. Assim, revisamos nossa projeção para a taxa Selic ao final do ciclo para 14,75%", afirmou o Itaú BBA.
A Ativa Investimentos também acredita que a Selic não subirá para além dos atuais 14,75% neste ciclo de aperto monetário. Isso porque, conforme destaca a ata do Copom, os juros altos já começam a impactar negativamente alguns indicadores da atividade econômica e do mercado de trabalho.
"Com a etapa inicial dos impactos da contração da política monetária já mostrando sinais claros, é natural considerar que a manutenção da taxa de juros em patamar contracionista será suficiente para que os efeitos se propaguem até a inflação", avaliou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Economista-chefe da Davos Investimentos e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Rogério Mori concorda que "boa parte do aperto monetário já foi feito". Por isso, acredita que a Selic seguirá em 14,75% ou terá apenas um "ajuste marginal" de 0,25 ponto percentual, que levaria os juros para 15%.
"14,75% é uma posição bem calibrada de juros para, pelo menos, segurar a inflação e eventualmente começar a desacelerar a atividade. Agora, se a atividade começar a mostrar aceleração e a inflação se mostrar resiliente, pode ter mais um aperto, mas marginal", ponderou Mori.
Especialista em renda fixa da Acqua Vero, Vitor Cabral Cesar reforçou que "a próxima decisão do Comitê permanece condicionada à evolução dos dados econômicos e inflacionários".
Para ele, a ata apresenta "trechos que sugerem um possível encerramento, ou ao menos uma pausa, no ciclo de alta — desde que os dados prospectivos não se deteriorem". Contudo, não descarta a possibilidade de novas altas dos juros, por causa da desancoragem das expectativas de inflação desancoradas, dos núcleos inflacionários elevados e do mercado de trabalho ainda aquecido.
O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, por exemplo, já considera um novo aumento de 0,25 ponto percentual da Selic. Ele acredita que pressões inflacionárias domésticas, como medidas fiscais de estímulo ao crescimento e expectativas de inflação desancoradas, podem levar o Copom a fazer um último ajuste dos juros já na sua próxima reunião, marcada para julho.
Juros altos por mais tempo
Apesar de deixar a porta aberta para a sua próxima reunião, o Copom avisou que será preciso manter os juros altos por um bom tempo no Brasil.
⚠️ Para o Copom, o atual cenário de "resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas" exige uma "política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta".
A atual meta de inflação brasileira é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Contudo, o mercado acredita o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subirá 5,5% em 2025 e 4,5% em 2026, segundo o Boletim Focus.
Diante disso, o Itaú BBA reforçou que a Selic pode até não subir mais, mas seguirá em 14,75% até pelo menos o final do ano. "Não prevemos condições, nos próximos trimestres, que permitam ao Copom começar a cortar – isso deve ocorrer no início de 2026", avaliou o banco.