Fábio Holder: conheça um dos maiores especialistas em buy and hold

Em meio à crise financeira de 2008, que abalou bancos e corroeu o mercado mundial, um jovem brasileiro de apenas 17 anos, Fábio Faria, começou a se interessar pelo universo da Bolsa de Valores e pelo potencial do investimento em renda variável.
O que poderia ser apenas uma curiosidade virou uma paixão, e, ao longo dos anos, Fábio — hoje mais conhecido como Fábio Holder — se tornou uma referência para investidores que seguem a estratégia de buy and hold, um estilo de investimento focado no longo prazo.
Com mais de uma década de experiência no mercado financeiro, Fábio conquistou um lugar de destaque como analista de investimentos CNPI.
Além de investidor de sucesso, ele é um influenciador digital, compartilhando seu conhecimento sobre o mercado por meio do Canal do Holder no YouTube e no Instagram.
Em seus canais, Fábio entrega insights, dicas e análises detalhadas sobre o que realmente importa ao escolher uma ação, sempre com o objetivo de ajudar outros investidores a navegar o mercado financeiro com confiança.
Formado em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília, Fábio possui um currículo respeitável, com diversas certificações em macroeconomia e contabilidade pela Harvard, gestão de investimentos pela Université de Genève e um MBA em Finanças pela IBMEC.
Em 2018, ele deixou o cargo de analista financeiro para se dedicar totalmente à criação de conteúdo financeiro, lançando o Canal do Holder como uma plataforma de educação financeira acessível para todos que querem aprender sobre investimentos.
A metodologia de análise de ações de Fábio Holder

Para Fábio Holder, investir na Bolsa de Valores vai muito além de escolher ações populares ou seguir as tendências do mercado.
Ele defende uma análise minuciosa e estruturada, fundamentada em dados e nos fundamentos específicos de cada empresa.
Segundo ele, o investidor precisa adotar uma estratégia disciplinada e racional, considerando tanto os cenários econômicos amplos quanto os detalhes particulares de cada empresa antes de tomar decisões.
Fábio acredita que essa combinação de visão macro e microeconômica permite ao investidor avaliar com precisão o potencial de retorno e os riscos de cada investimento.
Para isso, Fábio utiliza duas abordagens principais para a análise de ações: o método Top Down e o método Bottom Up, que servem como filtros essenciais para a seleção de empresas em sua carteira de longo prazo.
Top Down
No método Top Down, a análise começa de cima para baixo, explorando primeiro os aspectos macroeconômicos antes de mergulhar nos detalhes da empresa específica.
Fábio considera que essa abordagem é especialmente útil para compreender o contexto geral do setor em que a empresa opera, além de permitir uma visão ampla sobre taxas de juros, inflação, crescimento do PIB, e a saúde econômica geral.
Primeiro, ele avalia o setor em que a empresa está inserida, observando características como a concorrência, o potencial de crescimento e as condições regulatórias.
Em seguida, analisa o impacto dos fatores econômicos, incluindo a taxa Selic, a taxa de câmbio e o desemprego, indicadores que influenciam o consumo, a produção e a lucratividade das empresas em geral.
Esse panorama ajuda a entender como o ambiente externo pode afetar a operação da empresa em questão.
Na visão de Fábio, a análise Top Down funciona melhor em setores mais sensíveis às mudanças econômicas e governamentais, como o de infraestrutura, energia e bancos.
Ao adotar essa abordagem, ele consegue filtrar empresas que não se encaixam em cenários econômicos promissores e se concentra apenas nas que têm potencial para performar bem mesmo em cenários de maior incerteza.
Bottom Up
Ao contrário do Top Down, o método Bottom Up prioriza a análise detalhada e profunda da própria empresa antes de considerar o setor ou a economia como um todo.
Fábio prefere essa abordagem, pois ela permite focar mais nos fundamentos e nos resultados da empresa, que, segundo ele, são os melhores indicadores do seu valor e do potencial de valorização no longo prazo.
Aqui, o olhar está voltado para os aspectos microeconômicos, como o desempenho financeiro, a estrutura de custos e as vantagens competitivas da empresa.
No Bottom Up, Fábio começa analisando o histórico de resultados, observando métricas como lucro líquido, margem operacional, retorno sobre o patrimônio (ROE), e dividendos pagos.
Esses indicadores permitem entender se a empresa tem consistência nos seus resultados e se é capaz de gerar valor para os acionistas.
Além disso, ele avalia a posição da empresa no mercado, a qualidade da gestão e os diferenciais competitivos que lhe conferem resiliência em períodos de crise.
Fábio acredita que o Bottom Up é ideal para empresas de setores mais resilientes, como consumo básico, saúde e tecnologia, onde a performance individual pode prevalecer sobre as oscilações econômicas.
Ao focar nos fundamentos específicos, o método Bottom Up minimiza o impacto de fatores externos e permite ao investidor selecionar ações com potencial de crescimento sustentado.
Para Fábio Holder, o Bottom Up representa a essência do buy and hold, pois ele vê na análise dos fundamentos da empresa a chave para identificar investimentos sólidos para o longo prazo, independentemente das flutuações do mercado e dos ciclos econômicos.
Os pilares da análise de ações segundo o Canal do Holder

Para Fábio Holder, o processo de selecionar ações para investimento de longo prazo vai muito além de olhar indicadores financeiros superficiais.
Sua metodologia é baseada em três pilares essenciais que ele considera fundamentais para identificar empresas capazes de gerar valor sustentável para os acionistas.
Esses pilares — governança corporativa, fundamentos da empresa e vantagens competitivas — formam o alicerce da estratégia de buy and hold do Canal do Holder, proporcionando um olhar profundo sobre os aspectos mais importantes que indicam a solidez e o potencial de uma empresa.
Governança corporativa
No ponto de vista de Fábio, o nível de governança corporativa de uma empresa é o primeiro critério a ser considerado, pois ele acredita que empresas com boas práticas de governança tendem a proteger melhor os interesses dos acionistas e a oferecer uma gestão mais transparente e ética.
Esse fator é crucial para que o investidor possa confiar na integridade da administração e, assim, reduzir riscos associados à má gestão ou falta de transparência.
Ao avaliar a governança corporativa, Fábio examina o segmento de listagem da empresa na Bolsa, que revela muito sobre o seu comprometimento com boas práticas.
Empresas listadas no Novo Mercado, por exemplo, seguem regras rigorosas de governança e são obrigadas a adotar uma estrutura de gestão que ofereça mais segurança aos acionistas, como a obrigatoriedade de ações com direito a voto e maior transparência nas operações.
Ele também analisa a composição do conselho administrativo, buscando indícios de gestão independente e estratégias de mitigação de riscos.
Para Fábio, a governança é especialmente importante em setores mais regulamentados, onde uma má gestão pode gerar consequências graves tanto para o desempenho financeiro da empresa quanto para a reputação e a relação com os investidores.
Ao focar em empresas com alto padrão de governança, Fábio acredita estar escolhendo companhias que possuem uma gestão ética e transparente, fatores essenciais para investimentos sólidos e de longo prazo.
Fundamentos da empresa
O segundo pilar, que é a análise dos fundamentos da empresa, consiste em um estudo detalhado do desempenho financeiro e da estrutura operacional ao longo dos anos.
Fábio acredita que esses fundamentos são a base para avaliar a solidez e o crescimento de uma empresa, proporcionando uma visão clara de sua capacidade de gerar resultados consistentes.
Nesse ponto, ele analisa indicadores-chave como lucro líquido, retorno sobre o patrimônio (ROE), margem líquida e o EBIT (lucro antes de juros e impostos), todos importantes para entender a lucratividade e a eficiência da empresa.
Além disso, ele observa o endividamento e a capacidade de geração de caixa, fatores essenciais para assegurar a sustentabilidade e a resiliência da empresa em diferentes cenários econômicos.
Empresas com alta geração de caixa e baixo endividamento tendem a suportar melhor períodos de crise e a enfrentar momentos de baixa no mercado com mais solidez, o que as torna escolhas mais seguras para o longo prazo.
Fábio também considera o histórico de dividendos pagos como um diferencial.
Segundo ele, empresas que têm uma política de dividendos consistente, especialmente em setores mais estáveis, como o financeiro e o de utilities, sinalizam solidez e compromisso com os acionistas.
Esse aspecto se alinha à visão de Fábio de investir em companhias que, mesmo em tempos desafiadores, continuam a gerar valor para seus investidores.
Vantagens competitivas
Por fim, Fábio destaca a importância das vantagens competitivas da empresa.
Para ele, entender os diferenciais que mantêm uma empresa competitiva em seu setor é essencial para avaliar sua capacidade de crescimento e resiliência.
Essas vantagens representam os atributos que tornam a empresa única no mercado e a protegem da concorrência, ajudando-a a crescer e sustentar sua posição mesmo em um ambiente de alta competitividade.
Fábio recomenda o uso do modelo das cinco forças de Porter como ferramenta para avaliar a competitividade de uma empresa.
Ele analisa, por exemplo, a rivalidade entre concorrentes diretos, a ameaça de novos entrantes no mercado, a presença de produtos substitutos, e os poderes de barganha tanto de fornecedores quanto de clientes.
Essa análise ajuda a entender se a empresa tem uma posição dominante ou se está vulnerável a pressões externas, como mudanças nos preços de insumos ou novas regulamentações.
Empresas que se destacam pela inovação contínua, pela fidelidade dos clientes e por barreiras de entrada que dificultam a competição são, para Fábio, as que oferecem maior segurança para o investidor de longo prazo.
Segundo ele, companhias que possuem marcas fortes, eficiência operacional superior ou uma base de clientes leal têm mais chances de prosperar, independentemente das flutuações econômicas.
Esses diferenciais garantem que a empresa mantenha um desempenho competitivo mesmo em cenários de alta volatilidade ou incertezas econômicas.