Créditos de Carbono: como funcionam e como investir

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Publicado em 12/12/2025 às 18:35h - Atualizado 8 horas atrás Publicado em 12/12/2025 às 18:35h Atualizado 8 horas atrás por Carlos Filadelpho
Créditos de carbono - Imagem: Shutterstock
Créditos de carbono - Imagem: Shutterstock

Hoje em dia, a preocupação com o meio ambiente e a urgência em reduzir os impactos das mudanças climáticas têm transformado a forma como empresas e investidores pensam suas estratégias. 

Nesse cenário, os créditos de carbono se consolidam como uma das principais ferramentas para frear o aquecimento global, ao mesmo tempo em que abrem oportunidades de investimento inovadoras e sustentáveis.

Mas afinal, como funcionam os créditos de carbono, quem pode participar desse mercado e quais são os riscos e oportunidades para investidores?

Neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas, explicando o funcionamento, os tipos de mercado, os principais projetos geradores de créditos e as formas de investir com segurança nesse setor que tende a crescer ainda mais nos próximos anos. Confira!

O que são créditos de carbono?

Os créditos de carbono representam uma unidade de medida da redução ou remoção de gases de efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO₂), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e outros. 

Cada crédito equivale à remoção ou redução de 1 tonelada de CO₂ equivalente da atmosfera.

Esses créditos são gerados por projetos ambientais que evitam ou removem emissões, como:

  • Reflorestamento e preservação de florestas nativas;

  • Geração de energia limpa (eólica, solar, biomassa);

  • Tratamento de resíduos e biogás;

  • Agricultura de baixo carbono;

  • Tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS/CCUS).

O crédito pode então ser comercializado no mercado, permitindo que empresas ou indivíduos que emitem gases compensem suas emissões ao adquirir créditos oriundos de projetos sustentáveis.

Como funciona a certificação e emissão de créditos?

Antes de um projeto ambiental gerar créditos de carbono válidos, ele precisa ser submetido a um processo rigoroso de validação, certificação e verificação por uma entidade independente.

Funciona resumidamente assim:

Registro do projeto: O projeto é registrado em uma plataforma oficial ou reconhecida internacionalmente, como:

  • Verra (VCS)

  • Gold Standard

  • Climate Action Reserve

  • Plan Vivo

  • Clean Development Mechanism (CDM)

Auditoria e verificação: Auditores independentes verificam se a redução de emissões é real, adicional, mensurável, permanente e não gera efeitos colaterais indesejados (como emissões indiretas em outros lugares).

Emissão dos créditos: Após a verificação, os créditos são emitidos em nome do projeto e podem ser comercializados no mercado voluntário ou regulado.

Diferença entre mercado regulado e mercado voluntário de carbono

Existem dois grandes mercados onde os créditos de carbono circulam: o regulado e o voluntário.

  • Mercado regulado

Nesse modelo, governos impõem limites de emissões a determinados setores (energia, siderurgia, aviação etc.). 

Quem ultrapassa o limite precisa comprar créditos ou permissões; quem emite menos pode vender o excedente.

É o caso do Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), o maior do mundo.

Características:

  • É obrigatório para setores específicos;

  • Exige permissão de emissão (e não créditos voluntários);

  • Há uma forte regulação sobre o volume e o preço.

Mercado voluntário

Nesse mercado, empresas e pessoas físicas compram créditos de forma espontânea, geralmente como parte de uma estratégia ESG (ambiental, social e governança) ou para atingir metas de “carbono neutro”.

Características:

  • A participação não é obrigatória;

  • Usa certificações independentes;

  • É mais flexível e tem potencial de expansão global.

Como funcionam as transações e onde comprar créditos?

As transações de compra e venda de créditos de carbono podem ocorrer de várias formas:

  • Diretamente entre comprador e projeto gerador;

  • Via intermediários, como plataformas digitais especializadas;

  • Por fundos de investimento voltados à temática climática.

A negociação pode acontecer em moedas fiduciárias (como dólar ou real) ou, em alguns casos, por meio de tokens digitais lastreados em créditos (com uso de blockchain para rastreamento).

Importante: toda transação precisa estar registrada em uma plataforma oficial para evitar fraudes e garantir a rastreabilidade do crédito até sua origem.

Exemplos de cálculo: quanto vale um crédito?

O preço de um crédito de carbono varia conforme:

  • O tipo de projeto (florestal, energético, agrícola);

  • A certificadora utilizada;

  • A localização do projeto;

  • A demanda de compradores.

Por exemplo:

  • Um crédito gerado por reflorestamento pode valer entre US$ 7 a US$ 15 no mercado voluntário.

  • Um crédito de projeto de energia renovável pode custar entre US$ 3 a US$ 8.

Se uma empresa deseja compensar 100 toneladas de CO₂ emitidas em um ano, e os créditos custam US$ 10 cada, o custo total da compensação seria:

100 toneladas x US$ 10 = US$ 1.000

Como o investidor pessoa física pode participar?

Engana-se quem pensa que só grandes empresas podem atuar nesse setor. Existem várias formas de um investidor pessoa física lucrar com os créditos de carbono:

1. Compra direta de créditos

Algumas plataformas permitem que indivíduos comprem créditos certificados para:

  • Neutralizar suas emissões pessoais (como viagens, consumo energético);
  • Para revender futuramente a preços mais altos.

2. Fundos de investimento temáticos

Existem fundos focados em sustentabilidade, descarbonização e clima. Eles podem aplicar recursos em empresas do setor, projetos ambientais ou créditos de carbono tokenizados.

Exemplos de ativos buscados por esses fundos:

  • Startups de captura de carbono (Carbon Capture);

  • Empresas que preservam florestas ou geram energia limpa;

  • Projetos certificados para emissão de créditos.

3. Ações de empresas com foco ambiental

Outra possibilidade é investir em empresas que lideram o movimento verde, seja pela emissão de créditos, seja pela redução das próprias emissões. É o caso de:

  • Companhias de energia renovável;

  • Reflorestadoras e agroflorestais;

  • Empresas com metas agressivas de net zero.

4. Plataformas tokenizadas

Com o avanço da tecnologia, surgem plataformas que tokenizam créditos de carbono (como NFTs verdes), permitindo que investidores comprem frações desses ativos com baixo custo de entrada.

Essas plataformas também trazem mais transparência, já que usam blockchain para rastrear a origem e o uso do crédito.

Quais os riscos e cuidados ao investir?

Como todo mercado em expansão, o setor de carbono ainda passa por ajustes e precisa de cuidados:

  • Créditos fantasmas (ativos sem comprovação real de que houve redução de CO₂).

  • Proliferação de certificadoras pouco confiáveis.

  • Mercado pouco regulado no Brasil, embora com avanços previstos para os próximos anos.

  • Volatilidade de preços, especialmente no mercado voluntário.

Para minimizar riscos:

  • Verifique a origem do crédito;

  • Prefira projetos com certificadoras reconhecidas;

  • Avalie se há registros públicos e auditorias;

  • Busque assessoria especializada para fundos e produtos financeiros verdes.

O papel do Brasil no mercado de carbono

O Brasil é uma potência natural quando o assunto é geração de créditos. Isso porque o país reúne:

  • Biomas como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica;

  • Potencial de reflorestamento e regeneração;

  • Agricultura sustentável em expansão;

  • Setores empresariais já adaptando-se ao ESG.

Com o avanço de políticas públicas e a criação do mercado regulado de carbono no Brasil, previsto para os próximos anos, a tendência é que as oportunidades de investimento se ampliem ainda mais.

Empresas brasileiras que atuam com créditos de carbono devem ganhar visibilidade e se tornar alvos de fundos internacionais, o que abre espaço para investidores locais se posicionarem cedo.

Vantagens de investir em créditos de carbono

Investir em créditos de carbono se tornou uma alternativa atraente para quem busca unir rentabilidade e impacto ambiental. Esse mercado ganha força à medida que governos e empresas assumem compromissos climáticos mais rígidos, aumentando a demanda por ativos que compensam emissões de CO₂. 

Para o investidor, isso representa a oportunidade de participar de uma transformação global enquanto diversifica o portfólio com um ativo totalmente diferente dos tradicionais.

A seguir, veja as principais vantagens desse mercado:

Retorno financeiro com propósito ambiental

Investir em créditos de carbono permite ganhar dinheiro acompanhando uma tendência global em expansão: a necessidade de empresas compensarem suas emissões para cumprir metas ambientalmente responsáveis. 

Conforme cresce a demanda por créditos certificados, esses ativos tendem a se valorizar, oferecendo ao investidor a possibilidade de retorno financeiro consistente.

Ao mesmo tempo, o capital aplicado financia projetos ambientais que geram benefícios reais, como a preservação de florestas, a redução da poluição e o estímulo a fontes renováveis de energia. 

Atuação em um mercado global e crescente

O mercado de créditos de carbono é global e está em expansão, impulsionado por políticas ambientais mais rígidas, acordos internacionais e metas corporativas de descarbonização. 

Na prática, isso cria um ambiente com grande potencial de crescimento e oportunidades diversificadas em diferentes regiões do mundo.

Além disso, tanto o mercado regulado quanto o voluntário movimentam bilhões de dólares e tendem a crescer nos próximos anos. 

Diversificação da carteira com ativos ESG

Os créditos de carbono oferecem uma diversificação valiosa porque não seguem necessariamente o comportamento da bolsa, da renda fixa ou do câmbio. 

Na prática, isso faz com que esse tipo de ativo seja útil para equilibrar riscos e reduzir a volatilidade do portfólio, especialmente em momentos econômicos incertos.

Além disso, eles permitem incorporar ativos ESG de forma prática e efetiva. Diferente de empresas que apenas divulgam práticas sustentáveis, os créditos representam impacto ambiental mensurável, o que fortalece o caráter sustentável da carteira.

Contribuição direta para metas climáticas

Ao investir em créditos de carbono, o investidor apoia projetos que efetivamente removem ou evitam emissões de CO₂, contribuindo de forma direta para metas globais de redução de gases de efeito estufa.

Essa participação ativa coloca o investidor como parte da solução para o aquecimento global, financiando iniciativas ambientais que, muitas vezes, não aconteceriam sem recursos privados.

Exposição a empresas e tecnologias inovadoras

O mercado de carbono está ligado ao desenvolvimento de tecnologias de ponta, como captura e armazenamento de CO₂, otimização agrícola, reflorestamento sustentável e soluções digitais para mensuração de emissões. 

Ao investir em créditos de carbono, o investidor se posiciona antecipadamente em segmentos que podem gerar oportunidades expressivas à medida que a economia global acelera sua transição para práticas mais responsáveis.

Conclusão: setor oferece caminhos promissores

O mercado de créditos de carbono une o melhor dos dois mundos: impacto ambiental positivo e oportunidade de retorno financeiro. 

Para quem quer diversificar investimentos e atuar de forma alinhada com a agenda climática global, esse setor oferece caminhos promissores.

No entanto, como qualquer mercado em desenvolvimento, exige estudo, atenção aos riscos e, preferencialmente, apoio de especialistas.

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