BIS: guia completo para investidores brasileiros

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Publicado em 30/01/2025 às 19:14h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 30/01/2025 às 19:14h Atualizado 9 horas atrás por João Henrique Possas
Confira tudo sobre aquele que é considerado o "banco dos bancos centrais".
Confira tudo sobre aquele que é considerado o "banco dos bancos centrais".

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), ou Bank for International Settlements, é como o “banco central dos bancos centrais”.

Fundado em 1930, com sede na Basileia, Suíça, ele é uma das instituições mais importantes no mercado financeiro global.

O foco do BIS é promover estabilidade financeira e monetária por meio da cooperação entre os bancos centrais.

Para quem acompanha os números do mercado, a relevância do BIS é evidente: ele coordena as ações de 63 bancos centrais, que juntos representam 95% do PIB mundial.

Desde 1997, o Banco Central do Brasil também é acionista, com cerca de 3 mil ações subscritas.

Uma história que começou com um tratado de guerra

A criação do Banco de Compensações Internacionais (BIS) está diretamente ligada ao Tratado de Versalhes, firmado após a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de gerenciar as reparações financeiras impostas à Alemanha.

Essa missão inicial envolvia tarefas como organizar os pagamentos internacionais e supervisionar as transações financeiras entre os países impactados pela guerra.

No entanto, a relevância do BIS logo ultrapassou essa função limitada, transformando-o em um pilar essencial para a cooperação financeira global. O BIS rapidamente adaptou seu papel em resposta aos desafios globais.

Durante a Grande Depressão de 1929, uma das crises mais severas da história, o banco desempenhou um papel crucial ao auxiliar bancos centrais no gerenciamento de suas reservas cambiais, promovendo maior estabilidade em um momento de volatilidade extrema.

Nesse período, o BIS se tornou um dos principais pontos de encontro para discutir soluções financeiras entre os países afetados.

Na Segunda Guerra Mundial, o BIS enfrentou situações complexas tanto do ponto de vista político quanto ético.

Apesar de operar sob circunstâncias desafiadoras, o banco manteve suas atividades, auxiliando bancos centrais a garantir a continuidade de pagamentos internacionais e preservando parte da estrutura financeira global.

Esse período também levantou questionamentos sobre sua neutralidade, devido às transações realizadas em meio ao conflito.

Após o fim da guerra, o BIS desempenhou um papel fundamental na Conferência de Bretton Woods, onde ajudou a estruturar o novo Sistema Financeiro Internacional.

Essa conferência resultou na criação de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, consolidando o BIS como um agente estratégico na estabilidade econômica global.

Sua influência cresceu ainda mais à medida que os mercados financeiros se tornaram mais integrados e as transações internacionais ganharam complexidade.

Atualmente, o BIS continua desempenhando um papel decisivo em crises, promovendo a colaboração entre bancos centrais e liderando discussões sobre regulamentações financeiras globais.

Ele também permanece como uma referência para a gestão de riscos sistêmicos, destacando-se como um elemento-chave para a resiliência do sistema financeiro internacional.

Como o BIS está estruturado?

O BIS pode até parecer pequeno em termos de pessoal (cerca de 634 funcionários), mas sua influência é gigantesca e sua estrutura sofisticada reflete a importância estratégica que desempenha no cenário global.

O banco organiza suas operações em uma base que combina alcance regional, comitês técnicos especializados e inovação tecnológica de ponta. Veja como essa estrutura funciona:

1) Escritórios regionais

Hong Kong: Representa a Ásia e o Pacífico, servindo como um centro para promover cooperação com os bancos centrais da região e facilitar a implementação de tecnologias financeiras inovadoras.

Cidade do México: Representa as Américas, com foco na coleta de dados financeiros, suporte técnico e realização de eventos que conectam bancos centrais do continente, especialmente em discussões sobre estabilidade monetária.

2) Comitês essenciais

Comitê de Supervisão Bancária da Basileia: Responsável por estabelecer e atualizar os Acordos de Basileia, que definem padrões globais para regulamentação e supervisão de bancos, garantindo a solidez do sistema bancário internacional.

Comitê de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado: Supervisiona o desenvolvimento de sistemas de pagamento, liquidação e compensação, trabalhando para garantir eficiência e segurança em um ambiente financeiro digitalizado.

Comitê de Mercados: Foca na análise e monitoramento dos mercados financeiros globais, avaliando tendências que impactam diretamente as operações dos bancos centrais e as políticas econômicas internacionais.

3) Centros de Inovação

Localizados em Cingapura, Estocolmo e Londres, esses centros são focados em promover avanços em tecnologia financeira, explorando áreas como criptoativos, blockchain e Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs).

Eles também investigam questões relacionadas à cibersegurança, desenvolvendo ferramentas para proteger infraestruturas financeiras contra ameaças digitais.

Recentemente, novos projetos incluem a implementação de plataformas para simplificar transações internacionais, reduzindo custos e aumentando a transparência para bancos centrais e autoridades monetárias.

4) Governança e gestão estratégica

O Conselho de Administração do BIS é composto por representantes dos 63 bancos centrais membros, sendo responsável por definir as políticas e estratégias da organização.

Esse grupo reúne-se regularmente para avaliar riscos globais e discutir políticas financeiras de impacto coletivo.

A Assembleia Geral dos Bancos Centrais é o fórum máximo de decisão, onde questões críticas sobre estabilidade financeira e novas regulamentações são debatidas.

5) Integração com novos mercados

Em uma era de crescente digitalização, o BIS tem liderado iniciativas para conectar economias emergentes a sistemas financeiros mais sofisticados.

Essas ações incluem suporte técnico para implementação de sistemas como Open Finance, integrações com Pix internacional e desenvolvimento de stablecoins reguladas.

A estrutura enxuta e altamente especializada do BIS permite que ele continue relevante em um ambiente financeiro em constante transformação, consolidando sua posição como o "banco dos bancos centrais" e uma peça fundamental na busca por estabilidade e inovação no sistema financeiro global.

Por que o BIS é tão importante para a estabilidade financeira?

O BIS desempenha um papel central na manutenção da estabilidade financeira global, sendo considerado o "banco dos bancos centrais". Sua atuação é vital em diversas frentes:

Definição de regras

O BIS é conhecido pelos Acordos de Basileia, que estabeleceram padrões globais para os bancos, como as exigências de capital mínimo para reduzir riscos e garantir resiliência em momentos de crise. Essas regras continuam sendo refinadas para acompanhar as mudanças no mercado financeiro global.

Pesquisa e dados

O banco é uma referência mundial no fornecimento de estatísticas financeiras globais, abrangendo temas como endividamento, fluxos de capitais e tendências em sistemas de pagamento.

Esses dados são amplamente utilizados por investidores, formuladores de políticas e instituições financeiras para tomar decisões embasadas e identificar potenciais riscos no mercado.

Cooperação internacional

O BIS funciona como um importante fórum para o diálogo entre bancos centrais e outras autoridades monetárias.

Ele facilita a coordenação de políticas para enfrentar crises, alinhar estratégias regulatórias e promover estabilidade financeira, especialmente em cenários de turbulência econômica.

Gestão de crises

Durante momentos de instabilidade, como crises financeiras ou pressões inflacionárias, o BIS fornece suporte técnico e financeiro aos seus membros.

Ele também atua como um mediador entre governos e bancos centrais para implementar soluções que reduzam impactos sistêmicos.

Promoção de inovação tecnológica: Nos últimos anos, o BIS tem se destacado por impulsionar avanços em tecnologias financeiras, incluindo o desenvolvimento de Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs) e sistemas de pagamento instantâneos, como o Pix internacional.

Essa modernização do sistema financeiro visa aumentar a eficiência e a segurança nas transações globais.

Ao integrar essas funções, o BIS não apenas garante a estabilidade dos mercados, mas também se posiciona como uma força impulsionadora de inovação financeira e um aliado estratégico para economias emergentes e desenvolvidas.

O que são os Acordos de Basileia?

Os Acordos de Basileia representam um conjunto de diretrizes globais elaboradas pelo Comitê de Supervisão Bancária, voltadas para assegurar que os bancos mantenham níveis adequados de capital para enfrentar crises financeiras e proteger o sistema contra colapsos.

Esses acordos foram desenvolvidos em diferentes etapas, cada uma buscando aprimorar as práticas regulatórias e aumentar a resiliência das instituições financeiras frente aos riscos.

  1. Basileia I (1988)
  • Focado no risco de crédito, estabeleceu que os bancos deveriam manter um capital mínimo equivalente a 8% dos ativos ponderados pelo risco. Essa foi a primeira tentativa de criar uma estrutura uniforme para medir a exposição ao risco em diferentes regiões.
  • Basileia II (2004)
    • Introduziu um modelo mais sofisticado de gestão de riscos, incorporando não apenas o risco de crédito, mas também os riscos operacionais e de mercado. Com isso, os bancos passaram a adotar metodologias mais detalhadas para avaliar e gerenciar essas exposições, aumentando a transparência no setor financeiro.
  • Basileia III (2010)
    • Como resposta direta à crise financeira global de 2008, trouxe mudanças significativas para fortalecer o sistema bancário. Entre as principais inovações estão o aumento nos requisitos de liquidez e qualidade do capital, a introdução de um colchão de capital contracíclico para absorver choques econômicos, e a implementação de métricas de alavancagem que limitam o volume de empréstimos em relação ao capital do banco. Essas medidas visam evitar futuras crises sistêmicas e garantir maior estabilidade global.

    Avanços recentes nos Acordos de Basileia

    Atualmente, o Comitê de Supervisão Bancária trabalha em novas adaptações para refletir as mudanças nos mercados globais.

    Com o avanço da digitalização e a integração de tecnologias financeiras, os acordos estão incorporando diretrizes para gerenciar riscos cibernéticos e mitigar o impacto das criptomoedas no sistema bancário.

    Além disso, está em curso uma ampliação das regras para monitorar as fintechs, que têm transformado o cenário financeiro com modelos de negócios disruptivos.

    Os Acordos de Basileia permanecem um alicerce essencial para o fortalecimento da resiliência bancária e para o suporte à estabilidade econômica em escala global.

    Por meio deles, o BIS continua liderando esforços para promover um sistema financeiro mais seguro e preparado para os desafios contemporâneos.

    Como o BIS impacta o Brasil?

    O Banco de Compensações Internacionais tem uma relação estratégica com o Brasil, onde o Banco Central do Brasil (Bacen) desempenha um papel ativo em vários comitês essenciais da instituição, como o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, o Comitê de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado e o Comitê do Sistema Financeiro Global.

    Essa participação coloca o Brasil em uma posição de destaque nas discussões sobre estabilidade financeira global e na formulação de políticas monetárias internacionais.

    Historicamente, o BIS foi um apoio vital ao Brasil em momentos de instabilidade, como na crise da dívida de 1998, quando forneceu suporte financeiro e técnico para estabilizar o mercado.

    Hoje, a relevância do país no cenário global tem crescido, especialmente devido à sua liderança em inovação financeira.

    Projetos como o Pix, que revolucionou os pagamentos instantâneos no Brasil, e o Drex, a versão digital do real, são frequentemente citados pelo BIS como exemplos de avanços que promovem a inclusão financeira e a modernização do sistema bancário.

    O Pix, que conecta milhões de brasileiros a uma plataforma de pagamentos simples, rápida e eficiente, é considerado um modelo para outras economias emergentes.

    Já o Drex, um ambicioso projeto de moeda digital, busca integrar ainda mais a economia brasileira ao mercado financeiro digital global, promovendo maior transparência e eficiência em transações financeiras.

    Essas iniciativas destacam o Brasil como referência na aplicação de tecnologia financeira para solucionar problemas sistêmicos e aumentar a competitividade econômica.

    Além disso, a colaboração do Bacen com o BIS fortalece as reservas cambiais do país, melhora as práticas de supervisão e promove a adoção de padrões internacionais, garantindo que o Brasil esteja alinhado com as melhores práticas globais em regulação e governança financeira.

    Essa sinergia é essencial para manter a estabilidade econômica e ampliar a capacidade do país de responder a crises financeiras de maneira resiliente e eficiente.

    Benefícios do BIS para investidores e bancos centrais

    Os benefícios do BIS são vastos e impactam diretamente tanto investidores quanto bancos centrais, consolidando sua relevância no cenário financeiro global. Algumas das principais vantagens incluem:

    • Estabilidade e segurança: O BIS fornece diretrizes robustas para evitar colapsos financeiros, ajudando a mitigar riscos sistêmicos. As regulamentações, como os Acordos de Basileia, garantem que as instituições financeiras estejam mais preparadas para lidar com crises econômicas.
    • Facilitação de transações globais: Suas plataformas e sistemas são projetados para garantir que as transações financeiras internacionais sejam realizadas de forma rápida, confiável e segura. Essa eficiência é crucial para a integração global dos mercados.
    • Suporte em crises: Durante períodos de instabilidade, o BIS atua como um ponto de apoio, oferecendo empréstimos emergenciais que ajudam economias em dificuldade a se reequilibrar. Esses recursos já foram fundamentais em diversos momentos de crise em países emergentes e desenvolvidos.
    • Acesso a dados e insights: O BIS é um dos maiores repositórios de estatísticas financeiras globais, fornecendo relatórios detalhados que ajudam investidores e formuladores de políticas a tomar decisões informadas. Suas análises contribuem para uma maior compreensão das dinâmicas econômicas e financeiras.
    • Promoção de inovação: Com seus Centros de Inovação, o BIS lidera iniciativas em tecnologia financeira e cibersegurança, permitindo que bancos centrais e instituições financeiras adotem soluções modernas para desafios contemporâneos, como o aumento do uso de moedas digitais e o fortalecimento da resiliência cibernética.

    Por meio dessas iniciativas, o BIS não só promove um ambiente econômico mais equilibrado, como também impulsiona a confiança dos investidores e a eficiência do sistema financeiro global.

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