Risco Brasil se aproxima do maior nível em 8 meses; veja os motivos
Nesta quarta-feira (26), o índice subiu ainda mais, acompanhando a valorização do dólar, que ultrapassou os R$ 5,50.
📊 O Risco Brasil, um indicador que reflete a percepção do mercado sobre a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, tem alcançado níveis próximos aos mais altos desde novembro de 2023.
Nesta quarta-feira (26), o índice subiu ainda mais, acompanhando a valorização do dólar, que ultrapassou os R$ 5,50.
Esse movimento foi impulsionado por declarações do presidente Lula, que evitaram sinalizar cortes de gastos e afirmaram que a presidência do Banco Central não será definida pelo mercado.
Alexandre Dellamura, economista e chefe de conteúdo da Melver, explica que o Credit Default Swap (CDS) funciona como um seguro contra a inadimplência da dívida de um país.
"Quanto maior a pontuação do CDS, mais os credores pagam para se proteger contra um eventual calote. Essa alta sugere uma piora na percepção de risco dos investidores", afirma Dellamura.
Em janeiro de 2024, os CDS do Brasil estavam em 131,47 pontos, mas subiram significativamente em abril, atingindo 163,10 pontos.
Apesar de uma leve queda em maio, os CDS retornaram ao patamar de 163 pontos recentemente.
Fatores Internos Elevam o Risco Brasil
Rodrigo Melo, estrategista do ASA Hedge, destaca que vários fatores internos contribuem para a alta do CDS. A deterioração da política fiscal é um dos principais motivos.
A revisão das metas de superávit, a mudança na presidência da Petrobras, que tem contribuído para as contas públicas através de dividendos, e dificuldades na composição de receitas, como a devolução da Medida Provisória das Compensações, são algumas das razões mencionadas.
"A piora nas contas públicas aumenta o risco de inadimplência do governo, elevando as taxas de juros, pois os investidores exigem maiores retornos para compensar os riscos maiores. Juros mais altos, por sua vez, aumentam os gastos do governo", explica Melo.
Além disso, o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos está menor, o que também contribui para o aumento do risco.
Mudança na Presidência do Banco Central
📈 Outro ponto de preocupação é a iminente mudança na presidência do Banco Central, com o mandato de Roberto Campos Neto terminando no final do ano.
"O mercado teme que uma mudança na presidência possa resultar em uma redução forçada da taxa Selic, o que poderia acelerar a inflação, diminuindo o juro real pago pelos títulos brasileiros e resultando em taxas ainda mais altas a longo prazo", comenta Melo.
Felipe Pontes, da Avantgard Asset Management, menciona que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (26) também contribuíram para o aumento do Risco Brasil.
"As falas do presidente sobre o 'tema fiscal' e a insistência de que o governo não está gastando demais reforçam as preocupações com o cenário fiscal, já que indicam uma possível subestimação da gravidade do problema", diz Pontes.
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