Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

Político tratava um câncer no esôfago

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Publicado em 13/05/2025 às 16:52h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 13/05/2025 às 16:52h Atualizado 2 minutos atrás por Wesley Santana
Pepe Mujica visitou o Brasil em diferentes ocasiões (Imagem: Shutterstock)
Pepe Mujica visitou o Brasil em diferentes ocasiões (Imagem: Shutterstock)

Prestes a completar 90 anos, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, morreu na tarde desta terça-feira (13). Vítima do câncer de esôfago, ele passava por cuidados paliativos nas últimas semanas.

🗣 “É com profundo pesar que anunciamos o falecimento de nosso colega Pepe Mujica, presidente ativista e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu o atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi.

José Alberto Mujica Cordano foi presidente do país vizinho entre os anos de 2010 e 2015, quando conduziu diversas reformas progressivas. Foi em seu governo que houve a legalização do aborto no Uruguai.

Ligado aos movimentos de esquerda, ele se tornou um dos principais nomes políticos na América Latina. Depois de deixar a presidência, ele ocupou o cargo de senador por dois mandatos e se aposentou.

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A doença da qual era vítima foi descoberta em 2024, ocasião em que ele convocou uma entrevista coletiva para anunciar a constatação médica. Mesmo com sua idade avançada, ele iniciou os tratamentos de radioterapia, que lhe deixaram debilitado.

Entre as poucas vezes que aparecia em público, em uma entrevista recente Mujica detalhou que sua saúde estava debilitada. “Estou doente, estou morrendo. O que você quer? Estou a dias de [completar 90] anos. Estou puxando, ciente de que estou na despedida”, disse ele.

Governo brasileiro lamenta

Em nota divulgada depois do anúncio, o governo brasileiro lamentou a morte de Pepe. O Ministério das Relações Exteriores destacou que ele foi um “grande amigo do Brasil”.

“Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época. Seu compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária constitui exemplo para todos e todas”, diz a mensagem.

No final do ano passado, o governo brasileiro condecorou o líder uruguaio com a mais alta honraria, o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Essa medalha homenageia personalidades importantes que não nasceram no país.

“Essa é a comenda mais importante do Brasil. Essa medalha que estou entregando ao Pepe Mujica não é pelo fato de ele ter sido presidente do Uruguai. Posso dizer que de todos os muitos presidentes que conheci, que tive amizade, o Pepe é a pessoa mais extraordinária”, destacou Lula, na ocasião.

Controvérsias

Antes de se tornar político, Pepe foi um militante, tendo sido preso durante 14 anos por fazer parte de uma guerrilha armada no contexto da ditadura militar no Uruguai. Em 1970, ele chegou a ser baleado e quase morreu na tentativa de fugir da prisão.

Embora tenha uma trajetória de busca pela união dos países da América Latina, por vezes Mujica criticou seus aliados, mesmo sendo eles do mesmo campo político. Uma situação emblemática foi quando ele criticou a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, dizendo que “essa velha é pior que o caolho”, em referência ao seu marido que tinha problema nas vistas.

Em outra oportunidade, ele se referiu a Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, como um “louco de cabra”. “Estão todos loucos na Venezuela. Eles falam de tudo e assim não vão resolver nada”, disse ele.

Já sobre o Brasil, ele destacou o tema da corrupção e o classificou como inexplicável. “A questão de ter dinheiro para ser alguém pode ser uma ferramenta de progresso no mundo do comércio, onde há riscos empresariais, mas, quando isso se insere na política, estamos fritos. (…) É inexplicável isso no Brasil”.