Maduro amplia distensões com Brasil e convoca diplomata para consultas

Outros 10 países latinos estão em crise com Venezuela

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Publicado em 30/10/2024 às 18:02h - Atualizado 3 minutos atrás Publicado em 30/10/2024 às 18:02h Atualizado 3 minutos atrás por Wesley Santana
(Imagem: Shutterstuck)
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🗣 Nesta quarta-feira (30), a governo da Venezuela convocou o embaixador no Brasil para consultas. A decisão vem depois que o Brasil boicotou a entrada do país vizinho no Brics, grupo que reúne algumas das principais economias emergentes do mundo.

No campo da diplomacia, convocar um diplomata para consultas é o primeiro passo para um eventual rompimento de relações entre dois países. Ela é tida como uma espécie de repreensão ou alerta ao outro lado.

"O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela convocou, hoje, o encarregado de negócios da República Federativa do Brasil, com o objetivo de manifestar seu mais firme repúdio às recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras de representantes autorizados pelo governo brasileiro”, diz o comunicado.

As tensões entre Brasil e Venezuela vem crescendo desde que Nicolás Maduro se declarou presidente do país, depois de eleições que não foram consideradas limpas pela comunidade internacional. Países como Brasil e Colômbia continuaram mantendo relações normais com o país, mas pediam que o Madura apresentasse as atas das eleições que o declaravam vencedor do pleito.

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Com a recusa do político em apresentar os documentos, o Brasil votou contra a entrada da Venezuela no Brics, com forma de expansão do bloco econômico. O chanceler brasileiro Celso Amorim declarou que aguarda a apresentação das atas eleitorais, o que não foi bem recebido pelo líder venezuelano.

Em comunicado recente, Maduro disse que as declaração de Amorim são uma afronta às relações políticas e democráticas entre os dois países.

"Amorim tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas", continua o documento divulgado pelo governo local.

O diplomata Venezuelano em trabalho no Brasil é Manuel Vadell, alocado em Brasília, mas deve retornar ao seu país de origem nos próximos dias. Além dele, o representante de negócios da Venezuela no Brasil também deve ir ao país para dar explicações ao atual presidente.

Até a publicação desta reportagem, o governo brasileiro não se manifestou formalmente à decisão de Maduro. Segundo interlocutores do governo, não será emitida nenhuma nota oficial sobre o assunto.

Outros países

🌎 Um levantamento feito pela CNN Brasil mostrou que a menos outros 10 países da América Latina estão com as relações estremecidas com a Venezuela. Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai tiveram suas equipes diplomáticas expulsas do país, depois que rejeitaram o resultado anunciado por Nicolás.

O caso mais grave foi com a Argentina, que deu asilo político aos opositores de Maduro nas eleições que aconteceram em julho. O Brasil assumiu os negócios argentinos enquanto as relações com o governo de Javier Milei continua interrompida.

“É uma situação atípica para as regulamentações diplomáticas e aduaneiras. Não está contemplado nem na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas nem nas Convenções de Caracas ou Montevidéu sobre asilo. É uma suspensão das relações diplomáticas sem romper as relações diplomáticas”, disse Fernando Petrella, ex-vice-chanceler da Argentina, à reportagem.