Fundos de investimento fecham 2023 no vermelho, pelo 2º ano seguido

Captação líquida foi negativa em R$ 127,9 bilhões, mas número de fundos disponíveis no mercado e de investidores subiu

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Publicado em 09/01/2024 às 16:55h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 09/01/2024 às 16:55h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Mercado financeiro (Shutterstock)
Mercado financeiro (Shutterstock)

Os fundos de investimento fecharam 2023 no vermelho. Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a captação líquida da indústria foi negativa em R$ 127,9 bilhões, o segundo pior resultado da série histórica.

📉 De acordo com dados da Anbima, os resgates superaram os aportes realizados em fundos de investimento apenas três vezes desde 2006. Este foi o segundo ano consecutivo em que a captação líquida foi negativa. Veja os resultados negativos:

  • 2008: R$ -65,6 bilhões;
  • 2022: R$ -128,9 bilhões;
  • 2023: R$ -127,9 bilhões.

A Anbima diz, por sua vez, que a retirada de recursos dos fundos de investimento perdeu força ao longo de 2023. É que as saídas líquidas somaram R$ 122,3 bilhões no primeiro semestre do ano, mas se reduziram a R$ 5,6 bilhões no segundo semestre.

Selic e inflação

O vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge, explicou que as incertezas sobre o corte dos jurose a inflação resilientelevaram os investidores a preferir títulos de renda fixa, principalmente os isentos de imposto de renda, no início do ano.

💲 No segundo semestre, por sua vez, o início do corte dos juros e a desaceleração da inflação, combinadas à melhora do cenário externo, reduziram a aversão ao risco do mercado.

"A Selic continua em dois dígitos, então os títulos isentos permanecem atraentes, mas agora há maior previsibilidade no mercado e menor aversão ao risco”, comentou Rudge.

Pior ano dos multimercados

A saída líquida dos fundos de investimento foi puxada pelos fundos multimercados em 2023. Os resgates superaram os aportes em R$ 134,3 bilhões nessa classe de fundo, apesar da proposta de diversificação de risco desses ativos.

Segundo dados publicados nesta terça-feira (9) pela Anbima, este foi o pior desempenho dos fundos multimercados desde o início da série histórica, em 2004. Até então, a maior saída líquida havia sido a de 2022: R$ -87,1 bilhões.

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Por outro lado, os FIPs (Fundos de Investimento em Participações), FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e fundos de previdência apresentaram saldo positivo em 2023. Isto é, mais investimentos do que resgates.

💵 Veja a captação líquida anual por classe de fundo:

  • FIPs: R$ 42,1 bilhões;
  • FIDCs: R$ 24,1 bilhões;
  • Fundos de previdência: R$ 19,3 bilhões;
  • ETFs (Exchange Traded Funds ou fundos de índice): R$ -0,3 bilhão;
  • Fundos cambiais: R$ -1,9 bilhão;
  • Fundos de ações: R$ -17 bilhões;
  • Fundos de renda fixa: R$ -59,8 bilhões;
  • Multimercados: R$ -134,3 bilhões.

Indústria ainda cresce

💰 Apesar da captação negativa de R$ 127,9 bilhões, a indústria de fundos de investimento ainda apresentou crescimento em 2023, de acordo com a Anbima. A associação explicou que o patrimônio líquido dos fundos avançou 11,5%, chegando a R$ 8,3 trilhões em dezembro.

O número de fundos disponíveis no mercado e o de investidores também subiu. Segundo a Anbima, o número de fundos cresceu 5,8%, passando de 30 mil em 2023. Já o total de contas com aplicações em fundos avançou 6,3% entre janeiro e novembro (último dado disponível), chegando a 37,4 milhões.