Efeito Trump: Harvard negocia venda de US$ 1 bi em fundos de private equity

A iniciativa surge em um contexto de pressões de caixa enfrentadas por universidades norte-americanas.

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Publicado em 24/04/2025 às 17:09h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 24/04/2025 às 17:09h Atualizado 1 minuto atrás por Matheus Silva
A informação foi revelada por fontes próximas às negociações (Imagem: Shutterstock)
A informação foi revelada por fontes próximas às negociações (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Universidade de Harvard está em negociações avançadas para vender aproximadamente US$ 1 bilhão em participações de fundos de private equity, numa tentativa de reforçar a liquidez de seu fundo patrimonial de US$ 53 bilhões, o maior entre as instituições de ensino superior dos Estados Unidos.

A operação está sendo conduzida pela Harvard Management Company, que administra o endowment da universidade, com assessoria do Jefferies Financial Group, e mira a Lexington Partners como principal compradora — uma das maiores especialistas em transações de mercado secundário no setor de private equity.

A informação foi revelada por fontes próximas às negociações, citadas pela Bloomberg.

Segundo as mesmas fontes, a estrutura da operação pode incluir outros investidores e os termos finais ainda estão em discussão.

Nenhuma das partes envolvidas comentou oficialmente o assunto até o momento.

Por que Harvard está vendendo?

A iniciativa surge em um contexto de pressões de caixa enfrentadas por universidades norte-americanas, diante de um cenário global menos favorável para saídas e liquidações de ativos ilíquidos, como participações em fundos de private equity.

Além disso, a suspensão de subsídios federais por parte do governo Trump aumentou a tensão sobre as finanças da universidade.

Ao todo, US$ 2,2 bilhões em recursos foram interrompidos, com a administração alegando que Harvard teria falhado em aplicar leis de direitos civis em meio a protestos antissemitas.

A crise política e seus efeitos financeiros

A disputa entre Harvard e o governo dos EUA escalou nas últimas semanas. Além de suspender financiamentos, Trump chegou a sugerir que o IRS (Receita Federal) passasse a tributar a universidade como uma "entidade política", o que poderia comprometer o modelo fiscal e a captação de doações, essenciais para as finanças da instituição.

Harvard respondeu com uma ação judicial contra o governo, defendendo sua independência acadêmica e institucional.

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Ao mesmo tempo, medidas internas já começaram a ser adotadas: contratações foram suspensas e as vendas de ativos ganharam força como alternativa para preservar o equilíbrio financeiro.

Venda de fundos secundários ganha força

A transação em análise faz parte de um movimento mais amplo entre grandes universidades norte-americanas.

A Yale University, por exemplo, também estuda a venda de parte de sua carteira de private equity, avaliada em US$ 41 bilhões, com assessoria da Evercore.

A modalidade — conhecida como mercado secundário de private equity — permite que investidores vendam participações antes do vencimento dos fundos, geralmente com algum desconto. É uma forma de gerar liquidez sem depender das saídas naturais de ativos, cada vez mais raras no cenário atual.

A Lexington Partners, potencial compradora da fatia de Harvard, fechou no ano passado um megafundo de US$ 22,7 bilhões voltado para esse tipo de transação, reforçando sua posição como líder global no segmento.

Apesar do desinvestimento em curso, Harvard segue comprometida com a classe de ativos.

💲 Segundo o último relatório anual, cerca de 40% do endowment da universidade está alocado em private equity — um percentual significativo para um fundo de longo prazo.