Depois de pressão dos EUA, Panamá deixa acordo econômico com China

Rota da Seda prevê investimentos trilionários em mais de 100 países

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Publicado em 06/02/2025 às 12:04h - Atualizado Agora Publicado em 06/02/2025 às 12:04h Atualizado Agora por Wesley Santana
(Imagem: Shutterstock)
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Nesta quinta-feira (6), o presidente do Panamá José Raúl Mulino anunciou o cancelamento do acordo econômico que o país mantém com a China. O programa chinês “Nova Rota da Seda” financia investimentos em países em desenvolvimento, sobretudo na América Latina.

📃 O líder panamenho disse que não houve exigência dos Estados Unidos para a saída do acordo, mas a decisão acontece em meio às pressões da maior economia do mundo. “Essa é uma decisão que tomei”, destacou Mulino.

Com um orçamento de trilhões de dólares, o programa chinês tem um foco no estreitamento das relações do país asiático com outras nações. Ele teve início em 2013, já alcança mais de 100 países e tem sido fortalecido nos últimos anos em razão do avanço do comércio chinês com outras economias da América Latina.

O Panamá é um dos muitos países que estão na mira do presidente Donald Trump em meio à visível guerra comercial que tem com a China. Neste caso, o líder norte-americano aponta para o Canal do Panamá, por onde passam grande parte das mercadorias globais.

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Nesta quinta, um porta-voz da Casa Branca chegou a dizer que os navios dos EUA que passassem pelo canal teriam passe livre. No entanto, o país da América Central negou a afirmação poucos minutos depois.

Na semana passada, o secretário de Estado americano Marco Rubio viajou ao Panamá para tratar sobre o Canal. Depois disso, Mulino destacou que não renovaria o acordo com a China, renovado a cada três anos.

"Eu não sei quem incentivou na ocasião quem assinou isto com a China", acrescentou Mulino. "O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos? Quais são as grandes coisas? O que essa 'Belt and Road Initiative' trouxe para o país?", pontuou o líder latino-americano.

Territórios

🌎 Neste novo governo, os EUA já afirmou querer assumir ou controlar ao menos quatro territórios ao redor do mundo: Canal do Panamá, Faixa de Gaza (Palestina), Canadá e Groenlândia (Dinamarca). Além disso, ele também renomeou de Golfo do México para Golfo da América uma porção de águas no sul dos EUA.

Parte dos especialistas diz que as afirmações de Trump sobre a geopolítica tratam-se mais de retórica. Para eles, o presidente recém-empossado usa uma estratégia de retórica ampliada para conseguir coisas mais específicas.

“Trump tem como característica dizer coisas que ele não vai fazer para poder conseguir algo que, talvez, esteja dentro de um horizonte mais realista. Quando ele fala em incorporar a Groenlândia, incorporar o Canadá, pode ser uma retórica para conseguir algo, para demonstrar poder”, comentou Jaime Benvenuto, professor de Direito Internacional Público, ao G1.