Com nova regra do câmbio, peso argentino despenca 17% em uma manhã
População agora pode comprar a moeda norte-americana de forma livre

Nesta segunda-feira (14), entrou em vigor uma nova regra cambial na Argentina, com o peso podendo variar dentro de um campo de 400 unidades. Desde o começo da manhã, a moeda local registrou uma desvalorização de 17% em relação ao dólar norte-americano.
💵 Na última sexta (11), cada dólar comprava 1.074 pesos argentinos pelo câmbio oficial, controlado pelo Banco Central. Hoje, no entanto, um dólar equivale a 1.350 pesos.
A queda da moeda está em linha com a expectativa do mercado, que já esperava uma desvalorização da cotação. Os analistas falavam em uma aproximação entre a taxa oficial e a blue, negociada no mercado paralelo.
Outra nova regra é que a população pode comprar e vender dólares livremente no país, diferente do que acontecia até a semana passada, quando havia um limite por pessoa. Alguns dos principais bancos já estão adaptados para essa mudança, mas outros pedem alguns dias para eliminar as barreiras à qual estavam submetidos há mais de cinco anos.
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"Estamos trabalhando para, o mais rápido possível, viabilizar a operação de compra e venda de dólares para pessoas físicas sob o novo marco regulatório", explicou um dos principais bancos do sistema financeiro ao jornal Âmbito Financeiro.
A eliminação do cepo está ligada ao acordo que deve ser fechado pela Argentina com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para a concessão de um empréstimo. A projeção é que o órgão envie até US$ 20 bilhões para o país latino que deve ser submetido a alguns critérios.
Impacto na inflação
Em entrevista a uma rádio argentina nesta segunda, o presidente Javier Milei descartou que a desvalorização do peso tenha algum impacto na inflação da Argentina, como defendem os principais economistas. Segundo ele, a moeda norte-americana não pode ser usada como indicador de aumento dos preços.
"Se o preço das batatas subir, isso vai levar à inflação em toda a economia? O dólar é apenas mais um preço. Por 90 anos, os argentinos estavam certos em usar esse modelo, mas pensar que a maneira de ver o dólar como um indicador importante é errado", comentou.
O líder do Executivo ainda classificou este dia como “libertador”, rompendo com uma tradição que se arrasta há meia década. O aperto cambial foi colocado no governo do ex-presidente Maurício Macri, como uma forma de evitar a dolarização da economia argentina.
“Hernán Lacunza [ex-ministro da Economia] gerou um monstro cambial com o qual eles deixaram de pagar uma dívida em pesos. Algo sem precedentes. E então o kirchnerismo fez a armadilha parecer brincadeira de criança. Desmontar esse grampo implicou remover várias camadas, coisas que começamos a fazer desde o primeiro dia e hoje liberamos definitivamente o mercado de câmbio, sem especulação política", acrescentou Milei.
Análise do mercado
🗣 Três dos maiores bancos de investimentos do mundo emitiram suas expectativas sobre a nova realidade do dólar na Argentina. JP Morgan, BNP Paribas e Morgan Stanley classificaram a decisão como uma importante ferramenta de mudança para a situação econômica do país.
“[Os anúncios] não apenas respeitaram o princípio de colocar a economia à frente da política, mas também excederam nossas expectativas otimistas em relação aos desenvolvimentos macrofinanceiros fundamentais do país”, destacou o JP. No entanto, os analistas classificaram que a mudança ainda é profunda e multifacetada, com um caminho “íngreme, sinuoso e desafiante, pois o país continua financeiramente frágil”.
Já o Morgan Stanley disse ter uma visão positiva do quadro macroeconômico e que a novidade deve abrir caminho para a acumulação de reservas, mas não descartou o impacto nos preços. “É provável que sejam inevitáveis pressões inflacionistas temporárias. As reformas estruturais parecem necessárias para aumentar o crescimento a longo prazo e estão bem sequenciadas; todos eles são deixados para o ciclo após as eleições de meio de mandato", disseram eles.

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