Alckmin diz que dólar a R$ 5 é competitivo para o Brasil

Para o vice-presidente, o problema não é a taxa de câmbio, mas as oscilações da moeda

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Publicado em 06/10/2023 às 15:13h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 06/10/2023 às 15:13h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Alckmin disse que "ninguém pode reclamar" de câmbio a R$ 5. Foto: Gabriel Lemes/MDIC
Alckmin disse que "ninguém pode reclamar" de câmbio a R$ 5. Foto: Gabriel Lemes/MDIC

Com o dólar sendo negociado acima dos R$ 5, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que “ninguém pode reclamar” de um câmbio de R$ 5. Para ele, esta é uma taxa competitiva para o Brasil.

“O que não se pode ter é grande oscilação. Se a moeda ficar estável, se não tiver grandes solavancos, nem para cima, nem para baixo, um câmbio a R$ 5, R$ 4,90, R$ 4,80 é um câmbio competitivo, ninguém pode reclamar”, disse Alckmin nesta sexta-feira (6), em entrevista à Rádio BandNews FM.

Segundo ele, esse nível da taxa de câmbio vem ajudando a impulsionar as exportações brasileiras. “Estamos tendo recorde de exportação e de balança comercial. O saldo da balança comercial pode bater mais de US$ 90 bilhões este ano e a exportação, mesmo com a queda de preço das commodities, está se mantendo crescente. Então, é só não variar [o câmbio]”, seguiu o vice-presidente.

Segundo Alckmin, o Brasil caminha para ter um bom tripé macroeconômico, de juros, câmbio e fiscal. Ele disse que os juros ainda estão elevados, mas devem continuar cedendo. Sobre o fiscal, lembrou que o novo arcabouço já foi aprovado pelo Congresso e promete zerar o déficit das contas públicas em 2024.

"Déficit zero nas contas públicas, reduzindo a taxa de juros e um câmbio que não tenha grandes oscilações, tem uma macroeconomia que ajuda. Tanto é que podemos passar este ano de 3% de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e estamos tendo crescimento de emprego", afirmou.

Entenda

O dólar caiu nos primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saindo de R$ 5,36 em janeiro para R$ 4,72 em julho. Contudo, voltou a subir depois de atingir esse patamar, pressionado pela perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos.

A elevação dos juros americanos aumenta a atratividade dos títulos públicos dos Estados Unidos, os treasuries, que são considerados o investimento mais seguro do mundo. Por isso, o mercado tende a tirar recursos de investimentos de maior risco para aplicá-los nos treasuries neste cenário.

O movimento, chamado de fly to quality, foi sentido com força no Brasil, também por causa das especificidades do cenário local. Diferente dos Estados Unidos, o Brasil já começou a cortar os juros, o que reduz o diferencial de juros entre as duas economias. Além disso, o mercado ainda tem dúvidas sobre a viabilidade da meta do governo de zerar o déficit das contas públicas em 2024.

Por conta disso, o dólar passou a barreira dos R$ 5 em 27 de setembro e segue em alta. Nesta sexta-feira (6), por exemplo, é negociado por cerca de R$ 5,15, mas chegou a bater R$ 5,22 depois da divulgação de dados fortes de emprego nos Estados Unidos, que reforçam a perspectiva de alta dos juros americanos.

Os juros estão no intervalo entre 5,25% e 5,50% nos Estados Unidos, mas o Fed (Federal Reserve) projeta uma nova alta ainda em 2023 e disse que manterá a política monetária contracionista pelo tempo que for necessário para que a inflação americana volte à meta anual de 2%.

Diante desse movimento, casas como a XP já consideram que o dólar não fechará o ano abaixo dos R$ 5. Economistas também avaliam o impacto econômico desse câmbio e muitos têm um entendimento diferente do de Geraldo Alckmin. Afinal, o dólar tende a influenciar outros preços no mercado local, como os do pão e da gasolina. Logo, a elevação do câmbio pode pressionar a inflação, que já deve ficar acima do centro da meta em 2023.