OPA: Entenda o que isto quer dizer no mundo dos negócios

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Publicado em 13/10/2024 às 19:43h - Atualizado 2 meses atrás Publicado em 13/10/2024 às 19:43h Atualizado 2 meses atrás por João Henrique Possas
Aprenda tudo sobre Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) aqui com o Investidor10.
Aprenda tudo sobre Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) aqui com o Investidor10.

Se uma das empresas da sua carteira decidir sair da Bolsa, o primeiro passo é manter a calma. Isso pode acontecer com qualquer companhia de capital aberto, e o processo é regulado pela Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA), uma ferramenta que visa proteger os acionistas, especialmente os minoritários.

O que é uma OPA?

A OPA, ou Oferta Pública de Aquisição, é basicamente o oposto de um IPO. Ao invés de emitir novas ações para captar recursos, a empresa deseja recomprar seus papéis e reduzir ou eliminar o número de acionistas.

Isso pode ocorrer em casos de fechamento de capital, como o da EDP Brasil, que anunciou sua saída da B3 em 2023, com uma proposta de R$ 23,73 por ação.

Esse movimento permitiu à controladora, EDP Portugal, aumentar sua participação para quase 90%.

Como funciona o processo de uma OPA?

O processo de uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) é bem estruturado e segue um cronograma definido pelas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Esse mecanismo visa proteger os acionistas, garantindo que todos sejam tratados de maneira justa e equitativa.

Em 2024, com o aumento do número de OPAs no Brasil, especialmente em setores como o de energia e telecomunicações, o processo tem ganhado ainda mais relevância no mercado financeiro.

Divulgação do fato relevante

Tudo começa com a divulgação de um fato relevante, um anúncio público onde a empresa comunica ao mercado sua intenção de realizar uma OPA.

Isso pode acontecer por diferentes razões, como o desejo da empresa de fechar o capital ou a aquisição de uma participação controladora por um novo investidor.

Em casos como o da EDP Brasil em 2023, a controladora EDP de Portugal anunciou sua intenção de recomprar todas as ações em circulação para retirar a subsidiária brasileira da B3.

Esse anúncio marca o início formal do processo, sendo um ponto crucial para que o mercado se prepare para o que vem a seguir.

O fato relevante é amplamente divulgado, geralmente acompanhado de um comunicado com detalhes sobre a oferta, incluindo o preço proposto por ação e os motivos por trás da decisão.

Registro na CVM

Após a publicação do fato relevante, a empresa tem 30 dias para solicitar o registro da OPA junto à CVM.

Este pedido inclui todos os detalhes da oferta, como a quantidade de ações que a empresa pretende recomprar, o valor estimado e o cronograma previsto para a operação.

A CVM atua como reguladora e supervisora desse processo, garantindo que as regras sejam seguidas de forma transparente.

No caso da EDP Brasil, por exemplo, a empresa precisou seguir rigorosamente esse cronograma após o anúncio da OPA em 2023.

Isso foi fundamental para evitar problemas legais e assegurar que os acionistas minoritários tivessem tempo suficiente para tomar suas decisões com base nas informações disponíveis.

Avaliação independente

Uma etapa central é a avaliação independente das ações. A legislação exige que a empresa contrate uma consultoria especializada para realizar uma análise aprofundada do valor das ações.

Essa avaliação precisa ser imparcial e levar em consideração fatores como:

  • Fluxo de caixa descontado: Estima os futuros fluxos de caixa da empresa e os traz a valor presente, sendo uma das metodologias mais usadas em 2024, especialmente em empresas maduras do setor elétrico e de infraestrutura.
  • Patrimônio líquido: Avalia o valor contábil da empresa, que reflete a diferença entre seus ativos e passivos.
  • Múltiplos de mercado: Compara a empresa com outras do mesmo setor, considerando indicadores como P/L (preço sobre lucro) e EV/EBITDA.

Precificação justa

A precificação é um dos momentos mais críticos do processo.

Para garantir que o preço oferecido é justo, a empresa proponente da OPA deve detalhar a metodologia utilizada na avaliação, que é submetida à CVM.

Em 2024, devido à volatilidade dos mercados e às incertezas globais, garantir uma precificação que reflita adequadamente o valor das empresas tornou-se ainda mais complexo.

A CVM exige que o valor das ações seja justo e que todos os acionistas recebam tratamento igualitário.

Além disso, para que a OPA seja considerada válida, pelo menos 90% dos acionistas devem aprovar o preço oferecido.

Caso essa meta não seja atingida, uma nova rodada de negociações pode ser necessária, e o preço pode ser ajustado.

Leilão

Uma vez aprovado o preço, ocorre o leilão da OPA. Esse evento é realizado em um ambiente de mercado organizado, geralmente dentro de 30 a 45 dias após a divulgação do edital da oferta.

No leilão, os acionistas que decidiram aceitar a oferta podem vender suas ações pelo preço acordado.

Em casos recentes, como o da EDP Brasil, o leilão foi fundamental para que a empresa garantisse o controle quase total das suas ações, permitindo o fechamento de capital.

O leilão marca o encerramento do processo, onde a empresa proponente, ou o investidor que está adquirindo o controle, finaliza a recompra das ações.

No final, os acionistas que optaram por vender recebem o valor acordado, enquanto os que mantiveram suas ações se tornam acionistas de uma empresa de capital fechado, o que pode ter implicações de liquidez limitada no futuro.

O impacto de uma OPA no mercado financeiro

As OPAs, especialmente em 2024, têm um impacto significativo no mercado financeiro.

Para empresas como EDP Brasil, Engie e Copel, a decisão de realizar uma OPA pode ser vista como uma forma de reestruturação ou reestratégia de portfólio.

Quando uma empresa como a EDP decide fechar seu capital, isso reduz a liquidez no mercado, já que menos empresas ficam disponíveis para negociação na Bolsa.

Além disso, a saída de grandes empresas de setores essenciais, como o elétrico, pode influenciar o desempenho de índices de mercado, como o Ibovespa, que busca refletir o desempenho das principais companhias listadas.

Outro efeito direto é que, após o processo de OPA, muitos investidores optam por realocar seu capital, buscando outras empresas com potencial de crescimento ou que estejam em pontos de compra atrativos.

Portanto, para os investidores, uma OPA pode ser tanto uma oportunidade de realizar lucros quanto um momento de reflexão sobre a melhor estratégia para o futuro do portfólio.

O que você pode fazer com suas ações?

Mesmo com uma OPA em curso, você não é obrigado a vender suas ações. Contudo, ao recusar a oferta, você se tornará acionista de uma empresa de capital fechado.

Nesse cenário, a liquidez das ações é muito baixa, e a transparência da empresa tende a diminuir, já que ela não será mais obrigada a divulgar resultados ou seguir as regras de governança corporativa.

Portanto, a decisão de aceitar ou não a OPA depende do seu perfil de investidor. Se você prefere liquidez e acesso à informação, vender as ações pode ser a melhor escolha.

Se o seu foco for no longo prazo e você confia na gestão da empresa mesmo fora da Bolsa, manter as ações pode ser interessante.

Oportunidades para investidores

OPAs (Ofertas Públicas de Aquisição) não são apenas uma forma de sair de uma empresa, mas também uma chance estratégica para quem quer reorganizar o portfólio.

Muitas vezes, uma OPA oferece um valor superior ao preço de mercado, o que pode ser uma boa oportunidade para capturar um lucro inesperado.

Esse é o momento para o investidor avaliar sua carteira e, ao invés de manter as ações de uma empresa que está fechando capital, rotacionar seus ativos para empresas com maior potencial de valorização.

No cenário de 2024, o setor elétrico tem se mostrado uma arena de oportunidades, especialmente com a alta volatilidade em alguns papéis.

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