BRICs: o que é, quando foi criado e quais são os novos países do grupo?

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Publicado em 24/09/2023 às 11:16h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 24/09/2023 às 11:16h Atualizado 1 mês atrás por Redação
BRICs-O'Neill
BRICs-O'Neill
BRICs

. O acrônimo formado pela primeira letra dos países: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em Inglês) é utilizado para simbolizar o mecanismo político internacional de cooperação mútua de países emergentes. O BRICs foi articulado de maneira informal em meados de 2006, mas a constituição do grupo só aconteceu em 2009 com a cúpula em Ekaterinburgo, na Rússia. O objetivo do grupo era reunir países emergentes para promover medidas de desenvolvimento econômico e social. O termo BRIC, entretanto, foi criado no início dos anos 2000 pelo então economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O´Neill, com o estudo intitulado: “Building Better Global Economic BRICs”. Em 2010, a África do Sul passou a fazer parte do bloco, que incorporou o “S” ao “BRIC”, passando a se chamar “BRICs”. Em 2015, o "Banco do BRICs", chamado New Development Bank (NBD), foi criado. Atualmente, a ex-presidente Dilma Rousseff é a responsável pelo banco. O mandato de Dilma como presidente do banco do BRICs se encerra em julho de 2025. A indicação de seu nome foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O banco do BRICs é responsável pelo financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável dos países do grupo. Também em 2023, na cúpula encerrada em 25 de agosto, seis novos países passaram a integrar o grupo. Dessa forma, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito entraram para o grupo, além de Argentina, Etiópia e Irã. Vale destacar que o BRICs não é um bloco econômico e sim um grupo de cooperação entre economias emergentes, que nasceu a partir de uma reunião de trabalho entre os mandatários dos (até então) quatro países, na Assembleia Geral das Nações Unidas.

O que diz o artigo de Jim O'Neill sobre o BRICs?

O autor do acrônimo “BRICs” e da teoria sobre a importâncias dos países emergentes para a economia mundial, Jim O'Neill, destacou, em parte de seu relatório publicado em novembro de 2001 para o Goldman Sachs, que de 2001 até 2010 os países desse grupo (em especial a China) aumentariam consideravelmente o peso de suas economias no PIB mundial. BRICs-O'Neill Jim O'Neill, o "pai do BRICs" (Wikimedia/Creative Communs)[/caption] O'Neill estava certo. Ele também afirmou, em 2001, que os fóruns mundiais de formulação de políticas deveriam ser reorganizados para incorporar representantes do BRICs. A cúpula do BRICs acontece anualmente, desde 2009, e tem como objetivo alinhar as políticas de desenvolvimento social e econômico. De acordo com o Ministério de Relação Exteriores do Brasil, desde a primeira cúpula, em 2009, o grupo tem expandido significativamente suas atividades em diversos campos.

Atuação do BRICs na economia mundial

A partir da crise internacional de 2008, após a falência de grandes instituições financeiras nos EUA e na Europa, os quatro países (Brasil, Rússia, Índia e China) passaram a atuar firmemente, no âmbito do G20, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Quer entender o mercado financeiro, mas ainda não achou o curso ideal? Conheça o "Curso de Introdução ao Mercado Financeiro" do Investidor10 O grupo trouxe propostas de reforma das estruturas de governança financeira internacional, em linha com o aumento do peso dos países emergentes na economia mundial. Com o lema “Crescimento Econômico para um Futuro Inovador”, em 2019 o Brasil exerceu a presidência de turno do BRICS. O País priorizou iniciativas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, economia digital, saúde, cooperação no combate ao crime transnacional e aproximação entre os setores privados dos cinco países e o Novo Banco de Desenvolvimento, de acordo com informações do Ministério de Relações Exteriores. Durante o turno brasileiro na liderança do grupo, foram realizadas mais de 100 reuniões ao longo de 2019, sendo 16 em nível ministerial. Além disso, a Cúpula de Brasília, realizada em 13 e 14 de novembro de 2019, contou com a presença dos cinco chefes de Estado e de Governo. Atualmente, o turno da presidência do grupo está sob o guarda-chuva da África do Sul.

Novos países no BRICs

A primeira reunião presencial pós-pandemia do grupo aconteceu em agosto de 2023, em Joanesburgo, África do Sul. A reunião serviu para confirmar uma grande mudança no grupo: a entrada de seis novos países a partir de janeiro de 2024. No dia 24 de agosto de 2023, a cúpula do Brics anunciou a ampliação de seus membros. Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã farão parte do grupo a partir de 2024. O anúncio foi feito pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em uma coletiva de imprensa. “Decidimos convidar Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes para se tornarem membros permanentes do Brics. A nova composição passará a valer a partir de 1º de janeiro de 2024”, disse Ramaphosa. “Valorizamos o interesse de outros países em construir uma parceria com o Brics”, completou o presidente da África do Sul. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, também comentou o crescimento do bloco. “Muitos alegavam que os BRICS seriam demasiado diferentes para forjar uma visão comum. A experiência, contudo, demonstra o contrário. Nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século XXI”, disse Lula. Lula também afirmou que “o BRICs continuará aberto a novos candidatos”, em declaração à imprensa na cúpula deste ano. Em 2024, a cúpula do BRICs será em Kazan, na Rússia. Já em 2025, a reunião volta a acontecer no Brasil.

Participação econômica do BRICs na economia mundial

A grande projeção do BRICs desde a sua criação fica evidente com a chegada e o interesse de novos países no grupo. Em 2001, os países que faziam parte da formação inicial do grupo equivaliam a 8% do PIB mundial. Atualmente, o Brics representa quase 40% da economia global. Além disso, de 2001 para cá, a participação do G7 na economia global recuou de 57% para 43%, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Jim O'Neill estava certo, mais uma vez. Apesar do crescimento dos países do grupo, o equilíbrio nessa expansão da economia do BRICs ficou um pouco de lado. Na última década, os PIBs da China e da Índia cresceram 6% anualmente, em média. Enquanto isso, as economias de Brasil, Rússia e África do Sul cresceram 1% ano a ano. Por ser um grupo com interesses que vão além da economia, o BRICs também pode ajudar na ampliação do comércio entre os países membros. Com a inclusão de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Argentina e Irã ao BRICs, o grupo passou a ter seis dos dez maiores produtores de petróleo do mundo e os dois dos maiores exportadores (Rússia e Arabia Saudita). Ademais, a China (maior importadora de petróleo) também faz parte do grupo.