O petróleo Brent é uma das principais referências globais para a precificação do petróleo bruto. Extraído majoritariamente no Mar do Norte, próximo à costa do Reino Unido e da Noruega, o Brent é classificado como um petróleo leve devido à sua baixa densidade e reduzido teor de enxofre, características que facilitam o refino em derivados leves como gasolina e diesel.
A qualidade do petróleo Brent, aliada à facilidade logística e à transparência dos mercados europeus, consolidou o Brent como benchmark global de preços.
A relevância do Brent como commodity está ligada ao seu papel de referência em contratos físicos e financeiros que representam mais de dois terços do petróleo comercializado no mundo. Seu preço serve como base para as exportações de diversas regiões produtoras, incluindo África, Oriente Médio e parte da Ásia.
Entre os principais países produtores que mais comercializam petróleo atrelado ao Brent estão: Arábia Saudita, Nigéria, Angola, Kuwait, além dos próprios produtores do Mar do Norte. No campo do refino, países europeus, China, Índia e os Estados Unidos estão entre os maiores centros de processamento dessa commodity.
Diferença entre WTI e Brent
A principal diferença entre o petróleo WTI e o Brent está na origem geográfica, características físicas e mercados de negociação.
WTI é extraído e refinado nos Estados Unidos, transportado principalmente por oleodutos até o hub de entrega em Cushing, Oklahoma.
Brent é extraído no Mar do Norte e serve como referência para o petróleo produzido na Europa, África e parte do Oriente Médi
Fisicamente, o WTI tende a ser mais leve e ter menor teor de enxofre que o Brent, o que o torna mais eficiente em processos de refino de combustíveis leves.
Em termos de mercado, o Brent é negociado principalmente na ICE Futures Europe, enquanto o WTI é negociado na NYMEX. As diferenças de logística, demanda regional e dinâmica de estoques podem gerar variações significativas entre os preços dos dois benchmarks.
Impacto do Brent na economia
As oscilações no preço do Brent afetam diretamente diversos vetores macroeconômicos. Como insumo energético essencial para transporte, geração de energia e indústria petroquímica, o petróleo influencia:
Os índices de inflação;
A balança comercial de países importadores e exportadores;
O crescimento econômico global.
Um aumento nos preços tende a elevar os custos operacionais de setores industriais e logísticos, pressionando políticas monetárias mais restritivas. Já quedas prolongadas podem comprometer a arrecadação fiscal e a balança de pagamentos de países exportadores.
No mercado financeiro, o Brent é utilizado em estratégias de hedge por empresas dos setores aéreo, marítimo e energético, além de servir como ativo subjacente em derivativos, ETFs e contratos futuros. o
Sua cotação responde diretamente a fatores como:
Conflitos geopolíticos (Oriente Médio, por exemplo);
Sanções internacionais;
Produção da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo);
Estoques globais de petróleo;
Atividade econômica global;
Decisões de política monetária dos EUA e da China.
Petróleo no bolso e na bolsa
O petróleo Brent é negociado principalmente na bolsa ICE Futures Europe, por meio de contratos futuros padronizados de 1.000 barris com liquidação financeira. As cotações são feitas em dólares por barril e refletem as expectativas sobre a oferta e demanda global de curto, médio e longo prazo.
O custo médio de produção do Brent tende a ser superior ao do WTI, pois envolve extração offshore em águas profundas, o que exige tecnologias mais avançadas e maior investimento.
Nos últimos anos, o Brent passou por forte volatilidade:
2020: com o colapso da demanda durante a pandemia de COVID-19, o preço caiu para abaixo de US$ 20 por barril.
2022: com a guerra na Ucrânia e restrições de oferta, ultrapassou US$ 120 por barril.
2023/2024: oscilou entre US$ 70 e US$ 90, refletindo ajustes no equilíbrio global.
Essa volatilidade reforça seu papel como instrumento tanto de proteção (hedge) quanto de especulação.
Como investir em petróleo Brent
Os investidores podem acessar o mercado de Brent por diferentes caminhos:
ETFs, como o BNO (United States Brent Oil Fund);
Contratos futuros na ICE Futures Europe;
Fundos multimercado com exposição a commodities;
Derivativos estruturados.
Também é possível obter exposição indireta por meio de ações de grandes petrolíferas com atuação em campos do Brent, como:
BP (British Petroleum);
Shell (Royal Dutch Shell);
TotalEnergies (França).
No Brasil, empresas como a Petrobras podem apresentar sensibilidade aos preços do Brent, especialmente na definição de preços de derivados e na geração de caixa.
Este conteúdo tem caráter informativo e não constitui recomendação de compra, venda ou manutenção de qualquer ativo financeiro. Antes de investir, é fundamental que o investidor avalie seu perfil, seus objetivos e, se necessário, busque orientação de um profissional habilitado.