Greenpeace publica relatório sobre mineração, e comunidade cripto responde

Enquanto ambientalistas alertam para consumo de combustíveis fósseis, mineradores negam

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Publicado em 22/03/2024 às 17:14h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 22/03/2024 às 17:14h Atualizado 1 mês atrás por Wesley Santana
Greeanpeace é uma ONG global de meio ambiente. Foto: Shutterstock
Greeanpeace é uma ONG global de meio ambiente. Foto: Shutterstock

🌎 Nesta semana, o Greenpeace publicou um relatório que mostra os potenciais danos que a mineração de criptomoedas pode trazer ao meio-ambiente.

Esta edição traz detalhes de uma suposta ligação entre a indústria de criptomoedas e o alto consumo de combustíveis fósseis. A ONG destacou alguns pontos pelos quais acredita que a mineração de tokens, especialmente do Bitcoin, faz mal ao meio ambiente. Entre elas estão:

  • Só a mineração do bitcoin emite mais gases de efeito estufa que alguns países industrializados;
  • A maior parte da eletricidade usada na mineração das criptomoedas vem de fontes não renováveis, como petróleo, carvão e gás;
  • A expectativa é que a mineração de criptos cresça ao longo dos anos, portanto, deve elevar também as emissões de gases.

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O relatório também detalha um lobby do setor na política, que facilitaria a tramitação de projetos no Congresso dos Estados Unidos. A empresa cita, por exemplo, a lei do direito à mineração, aprovada em abril de 2023 no Arkansas, apenas oito dias depois de ter sido proposta pelo senador republicano Rick McClure, que, segundo o Greenpeace, tem ligações com companhias de energia.

“A legislação de 'direito à mineração' do Arkansas está enfrentando reações adversas de comunidades que vivem perto de barulhentas minas de Bitcoin e até mesmo críticas de legisladores estaduais republicanos que estão frustrados com a forma como os governos distritais e locais foram restringidos de supervisionar as instalações”, destaca o documento.

O Greenpeace ainda alerta para a pressão de associações que representam empresas do setor contra projetos de lei.

"A Blockchain Association é uma presença importante no Capitólio, gastando milhões de dólares em lobby federal e contando com uma porta giratória de ex-funcionários do governo”, comenta.

Comunidade responde

🌳 A comunidade de criptomoedas não assistiu passivamente as acusações do Greenpeace, e logo se reuniu para criticar a instituição.

Ao site Decrypto, Pierre Rochard, vice-presidente de comunicações da Riot Platforms disse que as fontes usadas pelo grupo ambientalista são desatualizadas, já que os mineradores que hoje não usam energia renovável são obrigados a sair do negócio.

“As emissões da geração de energia já estão regulamentadas, a geração renovável está crescendo rapidamente nos Estados Unidos e a própria mineração de bitcoin é de emissão zero”, disse Rochard.

Já Isaac Holyoak, diretor de Comunicação da CleanSpark, destacou que a empresa usa 81% de energia livre de carbono, pontuando que este tipo de fonte é mais econômica que o carvão.

"Os mineiros de Bitcoin são importantes para monetizar a eletricidade abundante e em excesso nas comunidades rurais e impulsionar o investimento na rede elétrica”.

Por meio do Twitter, Daniel Batten, co-fundador da CH4 Capital e ex-ativista do Greenpeace, classificou o relatório como sem credibilidade e fácil de ser desmascarado. Depois de atuar na ONG, criou um fundo que investe em empresas que mineram criptomoedas com gás de aterros sanitários.

"Greenpeace, cada vez que você espalha desinformação ou informações não mais atuais, você enfraquece sua própria voz e, com ela, sua capacidade de ser uma voz positiva para a mudança”, concluiu.