Ibovespa: Entenda como é formado o principal índice da B3

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Publicado em 14/09/2023 às 11:10h - Atualizado 7 meses atrás Publicado em 14/09/2023 às 11:10h Atualizado 7 meses atrás por Redação

O Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) é o principal indicador do mercado de ações brasileiro. Logo, é acompanhado de perto por investidores de todo o mundo e serve de parâmetro para outros ativos financeiros. Mas você sabia que a composição do Ibovespa muda a cada 4 meses? Segundo a B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), o Ibovespa tem como objetivo refletir o desempenho médio dos ativos de maior negociabilidade e representatividade no mercado acionário brasileiro. Para isso, o índice, conhecido pelo código de IBOV, reúne os papeis mais relevantes da B3 em uma carteira teórica de ativos. A carteira do Ibovespa congrega as ações e as units (ativo que agrega diferentes ações de uma mesma empresa) que representam cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais. Esta carteira, contudo, precisa ser rebalanceada periodicamente para manter essa representatividade. Afinal, empresas entram e saem da Bolsa e muitos investidores mudam suas preferências ao longo do tempo. Em 1968, quando o IBOV foi criado, não havia tantas empresas na Bolsa brasileira quanto hoje em dia. Cerca de 55 anos depois, são cerca de 400 companhias com ações em negociação na B3. Por isso, o Ibovespa conta com 86 papeis de 83 empresas brasileiras nos últimos 4 meses de 2023. A carteira implementada em setembro de 2023, por sinal, tem algumas mudanças em relação à que vigorou nos quatro meses anteriores. Duas empresas entraram (PetroReconcavo e Grupo Vamos) e uma saiu (Meliuz). Outras alterações podem vigorar a partir de janeiro, pois a Bolsa de Valores de São Paulo revisa a carteira do Ibovespa três vezes ao ano: em janeiro, maio e setembro. Veja a composição atual do índice aqui.

Critérios do Ibovespa

O principal critério de inclusão ou exclusão de uma ação no Ibovespa é a sua liquidez, ou seja, a velocidade com que este ativo pode ser comprado ou vendido pelos investidores. Para calcular isto, a Bolsa de Valores de São Paulo segue uma metodologia específica, que é amplamente divulgada sempre que o Ibovespa passa por quaisquer alterações. Segundo a B3, uma ação precisa cumprir os seguintes critérios para fazer parte do IBOV:

  • ter sido negociada em 95% dos pregões no período de vigência das três últimas carteiras do Ibovespa, ou seja no ano anterior;
  • ter participação, em termos de movimentação financeira, de pelo menos 0,1% do volume financeiro do mercado à vista neste mesmo período;
  • estar entre os ativos que representam 85%, em ordem decrescente, do Índice de Negociabilidade (IN), que mede o volume negociado por um ativo na bolsa;
  • não ser penny stock, ou seja, não ser negociada por um valor inferior a R$ 1,00.

Além disso, é importante ressaltar que a B3 considera apenas ações e units das companhias listadas no Brasil na formulação da carteira do Ibovespa. Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, não são levados em conta. Ativos de companhias que estão em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra situação especial de listagem também não entram na carteira do índice. A composição do Ibovespa é reajustada sempre nas primeiras segundas-feiras de janeiro, maio e setembro. Mas uma prévia da próxima carteira do índice é publicada antes disso para que investidores e gestores de fundos possam balancear suas aplicações. Afinal, o IBOV serve de referência para uma série de ativos. Entretanto, a B3 também pode fazer ajustes pontuais na composição do Ibovespa fora dessas janelas temporais. É o que acontece, por exemplo, quando uma integrante do índice passa a ser listada em situação especial, como ocorre com as empresas que entram em recuperação judicial. Neste caso, o papel é retirado do indicador ao final do seu primeiro dia de negociação neste enquadramento. A B3 também segue outros critérios de exclusão de uma ação do IBOV:

  • deixar de atender dois dos critérios de inclusão mencionados acima;
  • ser classificada como penny stock;
  • estar entre os ativos classificados, em ordem decrescente, acima dos 90% do Índice de Negociabilidade (IN) no ano anterior.

Pesos

Além de selecionar as ações que fazem parte do Ibovespa, a B3 define o peso de cada um desses papeis na carteira teórica do índice. Nos últimos 4 meses de 2023, por exemplo, o ativo com maior peso era a Vale ON, com 14,766%. Já o setor de maior peso era o financeiro, com 22,767%. A ponderação do principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo leva em conta o valor de mercado das ações que se encontram em circulação, ou seja, o free float. Contudo, há dois limites para o peso de cada papel no IBOV:

  • a participação dos ativos de uma companhia, considerando todas as classes de ações ou units da empresa, não pode ser superior a 20%;
  • a representatividade de um ativo não pode ser maior que duas vezes a participação que este ativo teria caso a carteira fosse ponderada pela representatividade dos Índices de Negociabilidade individuais.

Caso alguma das ações esbarre nessas limitações, a B3 adequa o peso deste ativo, redistribuindo o peso excedente de forma proporcional entre os demais integrantes do Ibovespa.

Sobe e desce

Para calcular o desempenho do Ibovespa, portanto, é preciso levar em consideração o comportamento dos ativos que compõem o índice, mas também o seu peso. Por isso, pode acontecer de o IBOV subir mesmo quando muitas das suas ações caem e vice-versa. Basicamente, o resultado do Ibovespa representa o desempenho médio das ações que integram a sua carteira. Mas como o índice busca representar os principais negócios da Bolsa brasileira, o seu desempenho é visto como um termômetro do mercado de capitais e também da economia nacional. Por isso, os investidores acompanham constantemente o IBOV para saber se os negócios vão bem ou mal na B3 e no Brasil.

Referência

Por ser o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa também serve de referência para outros ativos financeiros. É o caso de ETFs (Exchange Traded Fund), fundos listados em Bolsa que replicam o comportamento de um índice de referência. Pelo menos oito ETFs seguiam o comportamento do Ibovespa em setembro de 2023, quando este post foi escrito. Na ocasião, a Bolsa indicada os ETFs como a melhor forma de investir nos índices da B3. Porém, a companhia também listava os seguintes produtos como ativos indexados ao IBOV:

  • ETF - Renda Variável;
  • Futuro de Ibovespa;
  • Futuro Mini de Ibovespa;
  • Opção sobre Ibovespa;
  • Operação Estruturada de Rolagem de Minicontrato de Ibovespa;
  • Operação Estruturada de Rolagem de Ibovespa;
  • Opção Flexível de Ibovespa;
  • Opção Flexível de BOVA11.