Selic: Veja quem ganha e quem perde na B3 com o ciclo de corte dos juros

Se confirmada, a mudança de trajetória da Selic pode redesenhar o mapa da B3, beneficiando alguns setores mais do que outros.

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Publicado em 03/10/2025 às 16:18h - Atualizado 33 minutos atrás Publicado em 03/10/2025 às 16:18h Atualizado 33 minutos atrás por Matheus Silva
O pano de fundo para esse movimento é a desaceleração da atividade econômica (Imagem: Shutterstock)
O pano de fundo para esse movimento é a desaceleração da atividade econômica (Imagem: Shutterstock)

🚨 O BTG Pactual projeta que o Banco Central dará início a um ciclo de cortes na taxa Selic já em janeiro de 2026, com espaço para reduções de até 300 pontos-base ao longo do ano.

O pano de fundo para esse movimento é a desaceleração da atividade econômica, marcada por crédito mais restrito, famílias endividadas e enfraquecimento do consumo. Apesar da recente piora na dinâmica inflacionária, a leitura predominante é de que a inflação segue sob controle.

No cenário internacional, o Fed (Federal Reserve) também sinaliza uma postura mais dovish, o que abre caminho para que o Brasil flexibilize sua política monetária sem sofrer pressões externas significativas.

Se confirmada, a mudança de trajetória da Selic pode redesenhar o mapa da B3 (B3SA3), beneficiando alguns setores mais do que outros.

Por que a Selic importa tanto para as ações

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, usada como referência para o custo do crédito e a remuneração de aplicações financeiras. Quando ela cai:

  • Crédito fica mais barato, impulsionando consumo e investimentos;

  • Empresas alavancadas reduzem despesas financeiras e aumentam margens de lucro;

  • A renda fixa perde atratividade, atraindo investidores para ativos de risco, como ações;

  • Fluxos estrangeiros aumentam, já que juros menores costumam valorizar a bolsa em ciclos de maior liquidez global.

Historicamente, o Ibovespa costuma apresentar fortes valorizações em ciclos de afrouxamento monetário. Em 2016, por exemplo, o índice subiu mais de 70% excluindo o desempenho das ações da Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) durante a queda da Selic.

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Setores que podem ganhar mais com juros em queda

Mais consumo, mais vendas

O varejo é tradicionalmente o setor mais sensível à queda da Selic. Com financiamento mais acessível, consumidores ampliam o poder de compra, impulsionando especialmente empresas de bens duráveis.

Nesse grupo, Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3) e Natura (NTCO3) aparecem entre os principais beneficiados.

Imóveis mais acessíveis

Construtoras também se destacam em cenários de juros baixos. A redução nas taxas de financiamento imobiliário tende a aquecer a demanda, beneficiando nomes como Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3) e MRV (MRVE3).

O ciclo de 2016 foi emblemático: algumas dessas empresas registraram valorizações superiores a 200%.

Shoppings com valorização dupla

As administradoras de shoppings têm ganhos em duas frentes: maior consumo nos pontos de venda e valorização de seus ativos com taxas reais menores.

Nesse segmento, Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11) e Aliansce Sonae (ALSO3) estão entre as principais apostas.

Logística e locadoras

Empresas intensivas em capital, como locadoras de veículos e companhias de logística, sentem diretamente o peso dos juros.

Com a Selic em queda, reduzem despesas financeiras e ampliam margens. É o caso da Movida (MOVI3), Vamos (VAMO3) e JSL (JSLG3).

Utilities

No setor de utilities, empresas de energia e saneamento possuem contratos indexados à inflação e previsibilidade de receitas.

Juros mais baixos tornam esse fluxo de caixa futuro mais atrativo. Equatorial (EQTL3)Sabesp (SBSP3) estão entre as candidatas a surfar esse ciclo.

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Quem perde com a Selic em queda

O impacto não é positivo para todos. Bancos e seguradoras costumam se beneficiar mais em cenários de juros altos, já que margens financeiras e receitas de aplicações tendem a encolher quando a Selic recua.

Além disso, companhias com caixa líquido robusto, que hoje ganham com receitas financeiras elevadas, podem ver esse diferencial desaparecer.

Entre elas, destacam-se nomes como TOTVS (TOTS3), Locaweb (LWSA3), Intelbras (INTB3) e gigantes como Ambev (ABEV3), WEG (WEGE3) e a própria B3 (B3SA3).

E o Ibovespa?

A expectativa é de que a queda da Selic abra espaço para um rali em setores domésticos mais alavancados e dependentes de crédito. Historicamente, cortes de juros estão associados à valorização do Ibovespa, mas o efeito é mais concentrado em alguns segmentos.

O desempenho do índice como um todo também dependerá de fatores externos, como o apetite de investidores estrangeiros, a liquidez global e o andamento de reformas fiscais e tributárias no Brasil.

Se o Banco Central realmente iniciar um ciclo de afrouxamento em 2026, setores como varejo, construção civil, shoppings, logística e utilities tendem a ser os principais destaques da B3.

Em contrapartida, bancos, seguradoras e companhias com caixa líquido elevado podem perder espaço.

📊 Para o investidor, esse pode ser o momento de se antecipar, identificando quais empresas estão mais preparadas para capturar os benefícios de uma Selic menor.