Bradesco escolhe 15 ações capazes de vencer a renda fixa no longo prazo; confira

Entre os setores com maior destaque estão o têxtil, o varejo de alimentos e, principalmente, os segmentos de agronegócio e educação.

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Publicado em 19/12/2025 às 17:52h - Atualizado 10 horas atrás Publicado em 19/12/2025 às 17:52h Atualizado 10 horas atrás por Matheus Silva
O estudo também segmentou as ações em dois grupos com base no valor de mercado (Imagem: Shutterstock)
O estudo também segmentou as ações em dois grupos com base no valor de mercado (Imagem: Shutterstock)
🚨 Os juros reais pagos pelos títulos públicos brasileiros seguem em patamares historicamente elevados e figuram entre os mais altos do mundo.
Esse cenário tem imposto uma concorrência direta aos demais investimentos, especialmente à renda variável, influenciando de forma relevante o comportamento dos investidores ao longo de 2025.
Esse movimento ajuda a explicar os fortes resgates registrados nos fundos de ações neste ano, que atingiram o maior nível desde 2006, mesmo em um período marcado por desempenho positivo da bolsa no fim do ano. 
Ainda assim, um estudo elaborado pelo Bradesco BBI indica que, apesar do juro real considerado estratosférico, diversas ações negociadas na B3 (B3SA3) apresentam potencial para superar, no horizonte de dez anos, o retorno das NTN-B com vencimento em 2035.
Segundo o banco, a análise reforça a importância de manter uma carteira diversificada e de avaliar corretamente o prêmio pelo risco, sobretudo em um cenário em que os juros reais tendem a cair ao longo dos próximos anos.

Comparação com a renda fixa

O levantamento conduzido pelo Bradesco BBI partiu das projeções de preço justo elaboradas pelo banco para 2026. 
A partir de 2027, os analistas utilizaram estimativas baseadas em fluxo de caixa descontado ajustado para calcular o retorno real esperado das 131 ações da B3 acompanhadas pela instituição.
Esses retornos foram então comparados ao desempenho projetado das Notas do Tesouro Nacional Série B, as NTN B, com vencimento em 2035, que atualmente oferecem juros reais próximos de 7% ao ano acima da inflação.
O resultado mostrou que 60 ações, o equivalente a 45% do universo analisado, distribuídas em 4 dos 16 setores acompanhados pelo banco, apresentam potencial para superar o rendimento da renda fixa no período de dez anos, mesmo diante de juros elevados.
Entre os setores com maior destaque estão o têxtil, o varejo de alimentos e, principalmente, os segmentos de agronegócio e educação.
O Bradesco BBI observa que esse número pode crescer caso os juros reais recuem nos próximos anos.

Ajuste pelo risco reduz o número de oportunidades

Ao adotar uma abordagem mais conservadora e ajustar as projeções pelo risco, considerando a volatilidade histórica dos ativos, os analistas identificaram uma redução no número de ações com potencial de superar o retorno da renda fixa.

Nesse cenário ajustado, 31 ações ainda se mostram capazes de entregar retorno real superior ao das NTN B. 

Entre os setores, educação aparece com retorno real ajustado estimado de 7,7% ao ano, enquanto o agronegócio apresenta retorno próximo de 7,5%.

O banco ressalta que os rendimentos atuais das NTN-B estão próximos de suas máximas históricas e entre os mais elevados globalmente, um nível que, segundo os analistas, tende a não se sustentar por um período prolongado.

Large Caps vs. Small Caps

O estudo também segmentou as ações em dois grupos com base no valor de mercado. O primeiro reúne empresas com capitalização superior a US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5 bilhões, classificadas como empresas de grande capitalização.

Esse grupo, denominado pelo banco como empresas de grande capitalização melhores que títulos, superou o Ibovespa (IBOV) em 12,0 p.p. no acumulado do ano.

O segundo grupo contempla empresas com capitalização inferior a US$ 1 bilhão, classificadas como empresas de menor capitalização melhores que títulos. 

Essas companhias apresentaram desempenho inferior ao Índice Bovespa de Small Caps em 3,0 p.p. no mesmo período.

Na comparação entre as duas cestas, as ações de grande capitalização dominaram o desempenho, superando as Small Caps em aproximadamente 30 p.p. ao longo de 2025.

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Expectativa de melhora com a queda dos juros reais

Na avaliação do Bradesco BBI, o número de ações com retorno superior à renda fixa tende a aumentar de forma significativa caso os rendimentos das NTN-B recuem.

Esse movimento é considerado provável no primeiro semestre de 2026, à medida que a taxa Selic passe a ser reduzida a partir de janeiro e as discussões sobre reformas fiscais avancem.

Segundo os analistas, o Brasil segue como principal indicação na América Latina, diante da expectativa de antecipação dos efeitos do ciclo de afrouxamento monetário e do cenário eleitoral.

O estudo destaca que as taxas de juros exercem um papel triplo sobre as ações. Elas definem um retorno mínimo elevado para novos investimentos no nível atual, influenciam diretamente o custo de capital próprio e, historicamente, a direção das taxas tem impacto tão relevante quanto o próprio patamar.

O banco também aponta que investidores estrangeiros foram compradores líquidos de ações brasileiras ao longo de 2025, somando cerca de R$ 20 bilhões, embora esse fluxo tenha sido compensado por saídas de investidores locais. 

Com o início do ciclo de queda dos juros, os analistas esperam uma reversão desse movimento, com retorno do investidor doméstico à bolsa.

Em um cenário que considera juros reais de 5%, a análise do Bradesco BBI indica um potencial de valorização de cerca de 20% para o Índice Bovespa

O banco afirma que adicionou risco ao seu posicionamento mais ofensivo por meio de ações sensíveis às taxas de juros e ao mercado de capitais, como Localiza (RENT3), Assaí (ASAI3), Allos (ALOS3), BTG Pactual (BPAC11) e Sabesp (SBSP3), conforme detalhado no relatório.

📊 Confira as 15 large caps escolhidas pelos analistas do banco:

Ação Código Retorno real (%) Retorno ajustado (%)
Axia Energia AXIA3 10,2 8,2
Banco do Brasil BBAS3 15,2 11,7
JBS NV JBSS32 26,4 20,2
XP Inc XPBR31 30,9 16,4
Gerdau GGBR4 7,9 6,8
Energisa ENGI11 21,7 15,9
Stone STNE 35,7 14,6
Inter & Co INTR 29,0 18,2
Transm. Alian-Uni TAEE11 14,6 11,4
Cyrela CYRE3 9,6 7.8
Grupo Mateus GMAT3 15,1 9,1
SLC Agrícola SLCE3 9,1 7,4
HapVida HAPV3 34,0 13,9
Brava Energia BRAV3 11,5 9,5
Azzas AZZA3 18,7 9,8
Fonte: Bradesco BBI. Tabela com Retorno real e retorno real ajustado em dez anos.