Renda fixa isenta de IR está entre as captações favoritas das empresas em 2024

Emissão de debêntures e mercado secundário de renda fixa batem recordes entre janeiro e setembro, diz Anbima

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Publicado em 22/10/2024 às 19:53h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 22/10/2024 às 19:53h Atualizado 1 minuto atrás por Lucas Simões
Mercado de capitais no Brasil movimenta R$ 541,9 bilhões no ano (Imagem: Shutterstock)

🤑 Se antes eram os IPOs, com listagens de novas ações na B3, a principal forma das empresas brasileiras buscarem crescer no mercado de capitais, saiba que 2024 é o ano da renda fixa, sobretudo a parcela isenta de imposto de renda.

Isso porque tem sido a renda fixa a principal responsável pela captação de R$ 541,9 bilhões das empresas no mercado de capitais brasileiro entre janeiro e setembro, o maior volume para o período na série histórica iniciada em 2012, conforme a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Dados divulgados nesta terça-feira (22) revelam que as emissões de debêntures (quando o investidor empresta o seu dinheiro diretamente para as empresas) somaram R$ 315,6 bilhões em 2024, batendo recorde para o período e superando em 33,4% o valor registrado em todo o ano passado.

Para César Mindof, diretor da Anbima, isso mostra que o mercado de capitais brasileiro não depende apenas de ofertas de ações e investimentos de renda variável, já que as empresas têm elevado os instrumentos de renda fixa a patamares recordes.

"O cenário externo, com a recente queda dos juros nos EUA, e o interno, com a expectativa de elevações na Selic, indicam que esses produtos continuarão ganhando espaço", completa.

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Renda fixa no topo

A quantia bilionária emprestada pelos investidores de renda fixa para as companhias são destinados principalmente para investimentos em infraestrutura e gestão ordinária, ambos com uma fatia de 26,2% do total.

Na análise por setores, energia elétrica lidera as captações (23,5%), seguido de Transporte e Logística (13,6%) e Saneamento (8,6%). Os fundos de investimento foram os principais subscritores, respondendo por 47,8% do volume.

💸 Outro dado relevante é o patamar alcançado no mercado secundário de renda fixa, aquele em que o investidor compra um título antes detido por outro investidor por meio das corretoras de valores, operações que podem envolver lucros com marcação a mercado ou obtenção de títulos com pagamentos maiores de juros compostos.

Sendo assim, o volume de debêntures negociado no mercado secundário de renda fixa de janeiro a setembro (R$ 531,3 bilhões) é recorde para esse intervalo e já ultrapassa em 19,4% o valor contabilizado em 2023 inteiro.

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Debêntures incentivadas

As debêntures incentivadas são uma modalidade de renda fixa totalmente isenta de imposto de renda, sendo uma maneira do governo brasileiro incentivar o empréstimo de dinheiro para que empresas invistam em projetos de infraestrutura.

Só em setembro, o mercado de capitais brasileiro captou R$ 47,5 bilhões em recursos para as empresas, sendo R$ 31,7 bilhões apenas com debêntures, o ativo predileto das empresas na hora de angariar dinheiro (66% do total). Especificamente quanto às debêntures incentivadas houve oferta de R$ 7,9 bilhões.

Destaca-se que, desse montante, R$ 23,3 bilhões (ou 73,4%) foram adquiridos por fundos de investimento, o maior volume registrado em toda a série histórica.

A principal destinação dos recursos das ofertas foi para a gestão ordinária dos negócios (34,9%) e o prazo médio das emissões foi de 7,5 anos, próximo à média dos últimos meses.

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CRAs e CRIs

Os títulos de renda fixa securitizados também são totalmente isentos de imposto de renda e estão na mira tanto das empresas quanto dos investidores em busca de receber juros compostos.

🏘️ As ofertas de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) bateram recorde de janeiro a setembro, totalizando R$ 43,6 bilhões. É uma forma de financiar o mercado imobiliário brasileiro.

Por sua vez, as ofertas de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) somaram R$ 28,9 bilhões, com crescimento de 17,0% ante o mesmo período no ano passado. É uma forma de financiar o agronegócio brasileiro.

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Quem está investindo em renda fixa em 2024?

Engana-se quem pensa que apenas os grandes fundos de investimento estão dando conta de abocanhar essa emissão bilionária de dinheiro na renda fixa.

Afinal de contas, os investidores pessoas físicas são donos de R$ 49,4 bilhões em títulos de dívidas das empresas entre janeiro e setembro, fazendo de 2024 o segundo melhor ano da série histórica, atrás apenas de 2023 fechado (R$ 61,3 bilhões).

Em quantidade, o número de subscritores pessoas físicas na renda fixa (616 mil) está ainda mais próximo do contabilizado no ano passado inteiro (638 mil). Vale lembrar que a mesma pessoa física pode ser subscritora em mais de uma operação.

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Renda fixa em dólar bate recorde também

As emissões de renda fixa no mercado externo alcançaram US$ 17,6 bilhões de janeiro a setembro, superando 2023 inteiro (US$ 15,5 bilhões). A maioria do volume (69,3%) corresponde a emissões com prazo de 6 a 10 anos.

🗣️ “O mercado externo tem voltado a ser uma importante fonte alternativa de crédito privado, ajudando a atender companhias com diferentes perfis e sendo um bolso adicional ao emissor. Isso fica evidente considerando o volume de emissões em 2024, que fica atrás apenas das debêntures”, diz Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.

Tanto empresas locais quanto o próprio governo brasileiro estão emitindo renda fixa em dólar, sendo que os títulos corporativos somam fatia de US$ 9,3 bilhões, enquanto os títulos públicos vão a US$ 6,5 bilhões.