Ibovespa recua 1,41% com tensão entre EUA e China; VALE3 avança, mas PETR4 afunda

No câmbio, o dólar comercial subiu 0,92%, cotado a R$ 5,899, e os juros futuros (DIs) fecharam o dia com comportamento misto.

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Publicado em 10/04/2025 às 18:05h - Atualizado 7 dias atrás Publicado em 10/04/2025 às 18:05h Atualizado 7 dias atrás por Matheus Silva
O clima de otimismo que havia impulsionado os mercados na véspera durou pouco (Image: Shutterstock)

🚨 O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (10) em queda de 1,14%, aos 126.344 pontos, refletindo o aumento da tensão no cenário geopolítico entre Estados Unidos e China.

O movimento veio na esteira da escalada tarifária promovida pela Casa Branca, que embora tenha anunciado uma pausa de 90 dias para tarifas com países aliados, ampliou ainda mais as barreiras comerciais contra Pequim.

No câmbio, o dólar comercial subiu 0,92%, cotado a R$ 5,899, e os juros futuros (DIs) fecharam o dia com comportamento misto.

O clima de otimismo que havia impulsionado os mercados na véspera durou pouco.

A avaliação entre analistas é de que, embora a trégua parcial tenha sido bem recebida inicialmente, a soma das tarifas impostas à China já chega a 145%, considerando os 125% recém-anunciados mais os 20% anteriores.

A leitura predominante agora é de que o risco de um rompimento estrutural nas relações sino-americanas aumentou — e esse fator tem pesado sobre os ativos de risco.

EUA e China se afastam — e os mercados sentem

Para Orville Schell, diretor do Centro de Relações EUA-China da Asia Society, o cenário caminha para uma ruptura preocupante. “Estamos nos aproximando de um rompimento monumental. O tecido que costuramos cuidadosamente nas últimas décadas está se desfazendo.”

A leitura pessimista também foi compartilhada por Ray Dalio, fundador da gestora Bridgewater Associates. “Isso afetou de forma dramática a percepção e a atitude em relação à confiabilidade dos EUA. Poderia ter sido conduzido de forma melhor.”

Apesar de Trump afirmar que os EUA estão “em boa forma” e reconhecer um “custo de transição” pelas tarifas, o Federal Reserve já sinaliza preocupação com os efeitos inflacionários desse novo capítulo da guerra comercial.

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Alívio nos preços ao consumidor dos EUA não muda o tom

O único dado positivo do dia foi o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos, que apresentou deflação em março.

O alívio, no entanto, é pontual. Economistas alertam que os efeitos das tarifas ainda não se refletem nos preços, o que deve começar a ocorrer com mais clareza a partir do segundo semestre.

Mesmo assim, o dado de hoje aumentou as apostas em cortes de juros pelo Fed, o que pode oferecer algum suporte aos mercados caso as tensões comerciais deem trégua.

Vale segura, Petrobras pesa

No Brasil, o avanço do setor de serviços em fevereiro não foi suficiente para conter o mau humor generalizado. Apenas algumas ações pontuais conseguiram escapar da onda de vendas.

A Vale (VALE3) subiu 1,79%, impulsionada pelo aumento do preço do minério de ferro. Já a Petrobras (PETR4) foi na direção oposta, afundando 6,22% com a forte queda do petróleo — reflexo do temor de menor demanda global, especialmente da China, maior importadora mundial da commodity.

Outras companhias do setor de energia também sofreram como a PRIO (PRIO3) e a Brava Energia (BRAV3) que caíram -8,13% e 6,82%, respectivamente.

Entre os poucos destaques positivos, Sabesp (SBSP3) subiu 1,92%, com impacto do recebimento de precatórios, e a Marfrig (MRFG3) avançou 1,63% no setor de proteínas.

No varejo, Magazine Luiza (MGLU3) teve mais um dia de recuperação, com alta de 4,50%, após a forte oscilação dos últimos pregões.

Já a Azul (AZUL4) caiu 4,44%, mesmo após divulgar um novo acordo com credores — movimento atribuído ao ambiente de aversão a risco no setor aéreo.

Expectativa para o IPCA e inflação ao produtor dos EUA

Na sexta-feira, o foco se volta para dois indicadores importantes: o IPCA de março no Brasil, cuja expectativa do mercado é de alta de 0,56%, e o PPI (inflação ao produtor) dos EUA.

Ambos os dados podem influenciar a trajetória dos juros — tanto do Banco Central brasileiro quanto do Federal Reserve.

📊 No entanto, com o cenário externo dominado pela guerra comercial, o sentimento de curto prazo segue dependente das declarações que partirem da Casa Branca.