Ibovespa recua 0,43% com Vale (VALE3) e bancos em queda; Azul cai 3,74%

O recuo refletiu uma combinação de fatores locais e internacionais, com destaque para a desvalorização das ações da Vale.

Author
Publicado em 28/05/2025 às 17:48h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 28/05/2025 às 17:48h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
O dólar comercial disparou 0,89%, encerrando a R$ 5,695 (Imagem: Shutterstock)

🚨 Após três pregões consecutivos de alta e renovação de recordes, o Ibovespa encerrou a quarta-feira (28) com queda de 0,43%, aos 138.946,68 pontos.

O recuo de 594,55 pontos refletiu uma combinação de fatores locais e internacionais, com destaque para a desvalorização das ações da Vale (VALE3), a cautela dos mercados globais antes dos resultados da Nvidia (NVDC34) e o impacto limitado da reestruturação da Azul (AZUL4).

O dólar comercial disparou 0,89%, encerrando a R$ 5,695, e os juros futuros (DIs) subiram por toda a curva, após dias de alívio.

Ata do Fed e resultados da Nvidia

Lá fora, o mercado operou com baixo apetite a risco. A ata da última reunião do Federal Reserve (Fomc) trouxe poucas novidades, mas reforçou o discurso de cautela em relação à inflação.

Segundo a economista Andressa Durão, do ASA Investments, “a ata confirmou o que já se sabia: o Fed precisa ver mais dados antes de cortar juros, especialmente após o endurecimento das políticas comerciais no governo Trump, o que reduz a urgência por estímulos”.

Além disso, os investidores aguardam os resultados trimestrais da Nvidia, peça-chave no rally de tecnologia ligado à inteligência artificial.

➡️ Leia mais: Azul (AZUL4) pede recuperação judicial nos Estados Unidos

No Brasil, IOF segue em debate e mercado de trabalho surpreende

Por aqui, o impasse sobre o IOF continua. Segundo fontes, o governo deve ampliar o bloqueio de verbas para R$ 33 bilhões a fim de compensar o recuo parcial na alta do imposto, além de avaliar o resgate de R$ 1,4 bilhão em fundos.

Enquanto isso, o Caged surpreendeu positivamente: foram 257.528 vagas formais criadas em abril, número acima das projeções e sinal de resiliência da economia.

Já a dívida pública federal subiu 1,44% no mês, atingindo R$ 7,617 trilhões, segundo o Tesouro Nacional.

Azul anuncia Chapter 11 nos EUA

A Azul foi o destaque do dia após anunciar a entrada em processo de recuperação judicial nos EUA (Chapter 11).

A ação chegou a cair mais de 10%, rompendo a barreira simbólica de R$ 1, mas se recuperou ao longo do pregão e fechou com queda de 3,74%, a R$ 1,03.

Segundo o CEO John Rodgerson, o objetivo é reduzir a alavancagem e cortar 35% da frota, limpando dívidas herdadas da pandemia. A reestruturação é vista com ceticismo, mas não gerou pânico no mercado.

A Gol (GOLL4) subiu 0,79%, a R$ 1,28, superando momentaneamente a rival em valor de mercado.

➡️ Leia mais:Itaú (ITUB4) propõe taxar criptos e bets para compensar perda com recuo no IOF

Vale, bancos e CSN pressionam índice

O peso pesado Vale caiu 0,80%, acumulando a terceira baixa seguida. A Petrobras (PETR4) recuou 0,32%, mesmo com o petróleo em alta.

Os bancos também contribuíram para o tombo do Ibovespa: Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,99% e foi o papel mais negociado do dia. Bradesco (BBDC4) teve leve alta de 0,69%, mas não segurou o setor.

A CSN (CSNA3) despencou 3,67%, em meio a preocupações com alocação de capital e estrutura de balanço.

Do lado positivo, JBS (JBSS3) liderou os ganhos do setor de proteínas, com alta de 2,62%, ajudada por melhora no cenário de exportações.

Assaí (ASAI3) subiu 0,26%, Magazine Luiza (MGLU3) avançou 2,25%, e Brava Energia (BRAV3) ganhou 4,28%, após proposta para retirar a “poison pill” do estatuto social — o que pode atrair novos investidores.

O que vem pela frente?

📈 A quinta-feira (30) trará dados importantes para os mercados. No Brasil, será divulgada a taxa de desemprego de abril, com expectativa de 6,9%.

Nos EUA, saem os dados revisados do PIB do 1T25, antes do aguardado PCE — principal termômetro de inflação — na sexta-feira.

Com isso, a tendência é de que o mercado mantenha o tom cauteloso, em um ambiente ainda marcado por volatilidade e incertezas fiscais.