Ibovespa opera quase todo no vermelho, entenda

O desempenho observado é consequência da decisão do Copom tomada na última quarta-feira (11), apontam especialistas.

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Publicado em 12/12/2024 às 15:32h - Atualizado Agora Publicado em 12/12/2024 às 15:32h Atualizado Agora por Elanny Vlaxio
A movimentação foi notada às 13h15 (horário de Brasília) (Imagem: Shutterstock)

Em um dia marcado por fortes baixas no Ibovespa, a Hapvida (HAPV3) destoou do mercado, registrando alta de 1,12% por volta das 13h15 desta quinta-feira (12). Enquanto quase todas as 86 ações do índice operavam no vermelho, a Hapvida era cotada a R$ 2,70. A BRF (BRFS3) também chamava a atenção, oscilando entre perdas e ganhos.

📊 As maiores quedas foram registradas por Carrefour (CRFB3), com -9,04% (R$ 6,14), Magazine Luiza (MGLU3), com -7,82% (R$ 8,49), e Pão de Açúcar (PCAR3), com -7,09% (R$ 2,36). A alta da Selic para 12,25% ao ano, definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), pressionou o Ibovespa, que registrava queda de 2,13% (126.838 pontos).

O que dizem os especialistas

Além disso, o Copom também sinalizou mais dois aumentos  de 1 ponto percentual. Caso o cenário previsto se confirme, a taxa básica atingirá 14,25% ao ano no início de 2025, um nível que não é visto desde a pandemia. Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a queda do Ibovespa nesta quinta é reflexo desses anúncios do Comitê. 

"Essa queda mais intensa, reflete a decisão do Copom, em que anunciou a maior alta de juros vista no governo Lula, além de comunicar novas altas nas na mesma proporção. A percepção geral, é que o comunicado do comitê foi mais rígido do que o esperado", analisou.

🗣️ Ele ainda acrescentou: "No mercado, muitos já começam a fazer cálculos para projeções de Selic à 15%, o que para efeitos práticos na economia acaba sendo muito ruim para o crescimento de boa parte das empresas, principalmente para as ligadas ao varejo e consumo como um todo." 

Leia também: Veja as ações que pagam dividendos acima da Selic a 12,25%

Já para Felipe Sant'Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, o desempenho da bolsa também pode ter sido influenciado pelas notícias relacionadas ao presidente Lula

"A regra da bolsa é clara, juros para cima é bolsa para baixo. A bolsa brasileira teve um comportamento absolutamente exagerado e até mesmo mórbido ontem (11), a partir das 16:30, quando vazou a notícia de que o presidente Lula seria submetido a mais uma cirurgia na cabeça. As ações dispararam, o Ibovespa entrou em aceleração e euforia e o dólar americano perdeu a mínima do mês", explicou. 

Ele complementou dizendo que é uma situação "constrangedora", mas é a realidade. "Uma situação constrangedora mas real e que se confirmou no pregão de hoje (12), quando a bolsa abriu o pregão no positivo e acelerou a queda durante e após a coletiva dos médicos do presidente, ressaltando o sucesso do procedimento e a expectativa de alta de Lula", disse. 

Cabe também lembrar que em seu relatório a XP Investimentos já havia antecipado que as taxas de juros mais elevadas poderiam reduzir o atrativo das ações brasileiras. 

"Juros mais altos tendem a ser negativos para empresas e ativos de risco de forma geral. Afinal, isso piora a relação risco-retorno das ações e outros ativos de risco, e encarece o custo de capital para as empresas, que tendem a pagar mais para financiar suas atividades. Nesse contexto, a aceleração do ciclo de alta de juros pelo Copom intensifica riscos relevantes que tendem a reduzir a atratividade das ações brasileiras", disse o relatório divulgado na última quarta-feira (11).