Previ reduz participação na BRF e entra na Justiça contra fusão com a Marfrig
A companhia comunicou a redução de sua participação acionária na BRF de 5,0063% para 4,9333%.
Fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3), a Previ decidiu zerar a sua participação na BRF (BRFS3) e usar os recursos obtidos na operação para comprar títulos do Tesouro Direto.
🥩A mudança na estratégia de investimento foi anunciada nessa segunda-feira (14), em meio aos debates sobre o processo de fusão entre BRF e Marfrig (MRFG3).
A Previ investia na BRF há cerca de 30 anos, pois desde 1994 mantinha participações na Sadia e Perdigão, empresas que se uniram em 2009 formando a BRF.
E esse investimento vinha rendendo bons frutos. Nos últimos dois anos, por exemplo, o ativo rendeu 120,30%, contra 14,62% do Ibovespa.
Contudo, agora o fundo de pensão do BB acredita que a fusão entre BRF e Marfrig não deve ser tão vantajosa para os investidores, caso consiga sair do papel.
A Previ disse, então, que a saída da BRF "representa uma decisão estratégica e bem-sucedida, que antecipa possíveis impactos negativos decorrentes da futura incorporação".
"Ao antecipar-se à efetivação da fusão, a Previ protege o patrimônio dos participantes e reafirma seu compromisso com decisões técnicas, fundamentadas e alinhadas aos melhores interesses do Plano 1", afirmou.
📉 Para o fundo de pensão do BB, "a relação de troca proposta na fusão não reflete adequadamente o valor da BRF, o que poderia resultar em perdas para os acionistas minoritários e, consequentemente, para os associados".
Não à toa, a Previ foi à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pedir mais informações sobre os cálculos usados pelas companhias ao definir esses termos, o que levou a um novo adiamento da assembleia de acionistas que deve avaliar a fusão entre BRF e Marfrig.
A assembleia estava marcada para essa segunda-feira (14), mas foi remarcada para 5 de agosto depois que a CVM pediu, na última sexta-feira (11), o esclarecimento dessa questão.
Pela proposta dos frigoríficos, a Marfrig vai incorporar todas as ações da BRF. Com isso, a BRF vai se tornar uma subsidiária da Marfrig e seus investidores vão receber 0,8521 ações ordinárias de emissão da Marfrig para cada ação da BRF detida no dia de fechamento da operação.
Além disso, as companhias prometem distribuir mais de R$ 6 bilhões em dividendos, sendo R$ 3,52 bilhões da BRF e R$ 2,5 bilhões da Marfrig.
💰 Ao anunciar o desinvestimento, a Previ também levantou dúvidas sobre os dividendos da MBRF, empresa que deve ser criada a partir da fusão entre BRF e Marfrig.
Em nota, o fundo de pensão do BB disse que ainda não está claro se a MBRF "terá fôlego financeiro e uma política definida para manter uma remuneração regular aos seus acionistas, ou se a prioridade será a captura de sinergias e a gestão da dívida, adiando mais uma vez a expectativa de um fluxo de dividendos previsível".
A Previ disse, então, que "as dúvidas sobre a governança, elevado endividamento e a estrutura final da companhia combinada adicionam uma camada de risco incompatível com o perfil do Plano 1".
Em nota, o fundo de pensão explicou que os seus investimentos em renda variável "precisam cumprir uma função no portfólio, tanto pela valorização do ativo quanto pelo recebimento de dividendos".
💲 A Previ levantou R$ 1,9 bilhão ao vender as suas ações da BRF e decidiu aportar esse valor nos títulos do Tesouro Direto.
Diante do atual momento de juros altos e inflação resiliente, a Previ está comprando títulos públicos federais de longo prazo, como a NTN-B (Nota do Tesouro Nacional Série B).
Também conhecido como Tesouro IPCA+ com juros semestrais, esse título vem pagando juros superiores a 7% mais a variação da inflação.
A Previ avalia, então, que esse movimento pode maximizar os ganhos e garantir mais segurança para os seus associados, além de reforçar o "processo de equilíbrio entre a posição de renda variável e renda fixa em conformidade com o planejado na política de investimentos".
A companhia comunicou a redução de sua participação acionária na BRF de 5,0063% para 4,9333%.
Acionistas protocolam reclamação junto à CVM.