Value Investing: entenda essa estratégia de investimento

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Publicado em 25/08/2025 às 19:52h - Atualizado 35 minutos atrás Publicado em 25/08/2025 às 19:52h Atualizado 35 minutos atrás por Carlos Filadelpho
Entenda o que é Value Investing - (Imagem: Shutterstock)

Value investing, ou investimento em valor, é uma filosofia que atravessa gerações e continua sendo uma das mais respeitadas do mercado financeiro.

Popularizada por Benjamin Graham e aplicada com maestria por Warren Buffett, essa estratégia consiste em investir em empresas que estão sendo negociadas abaixo do seu valor real, o chamado valor intrínseco.

Ao contrário de outras abordagens que priorizam movimentos de curto prazo, o value investing é sustentado por fundamentos econômicos, paciência e disciplina, oferecendo uma forma racional de alocar capital e obter retornos consistentes no longo prazo.

Quer entender como aplicar essa estratégia na prática? Continue lendo este artigo e descubra tudo sobre o value investing!

A origem e a filosofia do value investing

O value investing nasceu nos Estados Unidos, na década de 1930, em meio à Grande Depressão. O economista Benjamin Graham, professor da Universidade de Columbia, percebeu que o mercado de ações frequentemente supervalorizava ou subestimava empresas, criando distorções entre o preço pago pelos investidores e o valor real dos negócios.

Essa percepção deu origem à ideia de que seria possível lucrar comprando empresas sólidas, mas momentaneamente desvalorizadas pelo mercado.

Junto de David Dodd, Graham publicou o livro Security Analysis (1934), marco inicial do conceito. Mais tarde, consolidou sua filosofia em O Investidor Inteligente (1949), considerado até hoje leitura obrigatória para qualquer investidor.

O ponto central dessa filosofia é simples, mas poderoso:

“No curto prazo, o mercado é uma máquina de votação; no longo prazo, é uma balança.” – Benjamin Graham

Isso significa que, no dia a dia, os preços são influenciados por emoções, expectativas e especulações, mas, no longo prazo, o mercado acaba reconhecendo o valor real dos negócios.

Princípios fundamentais do value investing

A estratégia se baseia em um conjunto de princípios que diferenciam o value investing de outras abordagens. Entre eles, destacam-se:

  1. Margem de segurança: O investidor deve comprar ações com desconto em relação ao valor intrínseco da empresa. Essa margem protege contra erros de análise, crises econômicas e imprevistos que possam afetar o negócio.
  2. Foco nos fundamentos do negócio: Mais do que analisar oscilações de preços, o Value Investor olha para o que a empresa realmente é: sua capacidade de gerar lucros, qualidade da gestão, posição no setor, vantagens competitivas (moat), endividamento e potencial de crescimento.
  3. Horizonte de longo prazo: O retorno no value investing vem com o tempo. O investidor precisa de paciência para aguardar o mercado corrigir o preço da ação até o valor real do negócio.
  4. Mentalidade de dono: As ações não são vistas como meros papéis negociados em bolsa, mas sim como participações em empresas reais. Essa visão muda a relação do investidor com seus ativos e gera uma abordagem mais racional.

Esses quatro pilares tornam o value investing menos especulativo e mais próximo da ideia de ser sócio de empresas sólidas, com visão de longo prazo.

Valor intrínseco e preço de mercado

Um dos conceitos centrais para compreender o value investing é a diferença entre valor intrínseco e preço de mercado.

  • Valor intrínseco: Representa o verdadeiro valor da empresa, calculado a partir de seus fundamentos (lucros, fluxo de caixa, patrimônio, potencial de crescimento, qualidade da gestão).
  • Preço de mercado: É o valor pelo qual as ações estão sendo negociadas na bolsa, muitas vezes influenciado por fatores emocionais, como medo, euforia ou notícias de curto prazo.

O objetivo do Value Investor é encontrar empresas cujo preço de mercado esteja abaixo do valor intrínseco, criando a oportunidade de comprar “R$ 1,00 por R$ 0,60”.

Exemplo prático: Imagine que o valor intrínseco de uma empresa, baseado em seus lucros e fluxo de caixa, seja de R$ 50,00 por ação. Porém, devido a uma crise setorial temporária, ela está sendo negociada a R$ 30,00.

O investidor de valor compra nesse momento, com boa margem de segurança. Quando o mercado corrigir a distorção e a ação voltar ao patamar de R$ 50,00 ele terá ganho 66% de valorização.

O papel da análise fundamentalista no value investing

Para identificar oportunidades, o Value Investor utiliza a análise fundamentalista, que avalia a saúde financeira, o desempenho e o posicionamento estratégico da empresa.

Na prática, podemos dividir a análise fundamentalista em dois grandes pilares, sendo o primeiro, dos indicadores quantitativos, e o segundo dos indicadores qualitativos.

Indicadores quantitativos

Os indicadores quantitativos, são métricas utilizadas para analisar os números da empresa, ou seja, fatores, como saúde financeira, preço das ações e capacidade do negócio de entregar resultados aos investidores.

Veja alguns exemplos de indicadores quantitativos:

Aspectos qualitativos

Por sua vez, os aspectos qualitativos procuram olhar fatores que vão além dos números, permitindo que os investidores avaliem o contexto em que a empresa está inserida.

São exemplos de aspectos qualitativos:

  • Competência da gestão;
  • Vantagens competitivas sustentáveis (marcas fortes, patentes, domínio de mercado);
  • Posicionamento no setor e resiliência em crises;
  • Capacidade de inovação e adaptação.

Essa combinação de números e análise qualitativa permite identificar negócios com valor real, mas negociados com desconto.

Como aplicar o value investing na prática

Como aplicar o value investing na prática - (Imagem: Shutterstock)

Na prática, adotar o value investing exige um processo estruturado:

  1. Mapear oportunidades: Identificar setores e empresas que apresentem distorções de preço.
  2. Analisar fundamentos: Verificar lucros, endividamento, geração de caixa, ROE, entre outros indicadores.
  3. Calcular o valor intrínseco: Usar métodos como fluxo de caixa descontado (DCF) ou múltiplos comparativos.
  4. Estabelecer margem de segurança: Só comprar se houver desconto relevante em relação ao valor intrínseco.
  5. Ter paciência: Aguardar o tempo necessário para que o mercado reconheça o valor real.

Essa abordagem contrasta com estratégias especulativas, em que se busca apenas aproveitar oscilações de curto prazo.

Grandes nomes do value investing

Ao longo da história, alguns investidores se tornaram símbolos dessa filosofia:

  • Benjamin Graham: Criador do conceito, focava em empresas extremamente descontadas.
  • Warren Buffett: Adaptou a estratégia para comprar empresas de qualidade a preços justos, tornando-se o maior investidor de todos os tempos.
  • Seth Klarman: Especialista em encontrar ativos impopulares e descontados, autor do livro Margin of Safety.

A história desses investidores mostra que, apesar das diferentes abordagens, todos se apoiam nos mesmos fundamentos: comprar valor e ter paciência.

Vantagens e riscos do value investing

O value investing é uma filosofia de investimento que conquistou gerações de investidores justamente por reunir pontos fortes que oferecem segurança e previsibilidade no longo prazo.

Porém, como qualquer estratégia, também envolve riscos e armadilhas que podem comprometer os resultados quando mal aplicada. Vamos analisar cada um deles em detalhe.

Baseado em fundamentos sólidos

Enquanto muitos investidores se deixam levar por especulações de curto prazo ou pela euforia em torno de setores da moda, o value investing se ancora nos fundamentos econômicos da empresa.

Na prática, isso significa que a decisão de investir não depende de boatos ou tendências momentâneas, mas de dados concretos: balanços, lucros, geração de caixa, estrutura de endividamento e perspectivas de crescimento.

Essa abordagem reduz drasticamente a probabilidade de perdas inesperadas causadas por movimentos irracionais do mercado.

Proteção contra bolhas especulativas

História não falta para mostrar como bolhas financeiras destroem patrimônios. Exemplos como a bolha das ponto.com nos anos 2000 ou o colapso imobiliário de 2008 mostraram que investidores que compraram ações apenas pela “moda” perderam fortunas.

Já os investidores em valor, por buscarem ativos sólidos e descontados, tendem a se proteger contra esses movimentos. Quando o mercado entra em colapso, empresas com fundamentos reais sofrem menos e, muitas vezes, oferecem ainda mais oportunidades de compra.

Rentabilidade consistente no longo prazo

O value investing não promete ganhos rápidos, mas sim crescimento patrimonial consistente. A estratégia é construída para colher frutos em horizontes mais extensos, muitas vezes de anos ou até décadas.

Warren Buffett é o maior exemplo dessa filosofia: ao investir em empresas de qualidade e manter suas posições, conseguiu retornos médios superiores ao mercado por mais de meio século. Essa consistência mostra que a paciência é uma das maiores aliadas do investidor de valor.

Geração de renda via dividendos

Outra grande vantagem é que muitas das empresas visadas pelos Value Investors são companhias maduras, com histórico de lucros e distribuição regular de dividendos.

Na prática, isso significa que, além da valorização da ação ao longo do tempo, o investidor ainda recebe uma renda passiva periódica.

Essa combinação de crescimento de capital + dividendos torna a estratégia ainda mais atrativa para quem busca independência financeira.

Riscos do value investing

Apesar das vantagens, o value investing também apresenta riscos que precisam ser compreendidos para não transformar a estratégia em uma fonte de prejuízos.

Value traps (armadilhas de valor)

Esse talvez seja o maior risco. Uma value trap acontece quando uma ação parece barata nos indicadores tradicionais (como P/L ou P/VP baixos), mas, na prática, a empresa enfrenta problemas estruturais que impedem sua recuperação.

Pode ser um modelo de negócio ultrapassado, má gestão, perda de competitividade ou endividamento excessivo. Um exemplo clássico são empresas do setor varejista que perderam relevância para o comércio eletrônico: negociadas a múltiplos baixos, mas incapazes de retomar crescimento.

Falta de paciência

O value investing é uma estratégia de longo prazo. Isso significa que os resultados podem demorar meses ou anos para aparecer. Muitos investidores acabam desistindo cedo demais porque veem outros ativos disparando em curto prazo.

Essa impaciência pode levar a vender ações no momento errado, antes de o mercado reconhecer o valor real da empresa.

Excesso de foco em múltiplos sem avaliar o contexto

Indicadores como P/L, P/VP e dividend yield são importantes, mas nunca devem ser analisados isoladamente.

Uma ação pode ter múltiplos baixos justamente porque o mercado antecipa problemas sérios no setor ou na gestão da companhia.

É o caso, por exemplo, de empresas petrolíferas em períodos de transição energética: parecem baratas nos números, mas enfrentam riscos estruturais no longo prazo.

Por isso, é essencial unir análise quantitativa (números) e qualitativa (gestão, setor, tendências).

O equilíbrio necessário para ter sucesso no value investing

O equilíbrio necessário para ter sucesso no value investing - (Imagem: Shutterstock)

O segredo do value investing está em combinar análise criteriosa com disciplina e visão de longo prazo. Isso significa:

  • Não comprar apenas porque a ação parece barata, mas entender o negócio por trás dela.
  • Não esperar retornos imediatos, mas ter paciência para colher os frutos da estratégia.
  • Diversificar os investimentos para reduzir o impacto de possíveis erros de análise.

Assim, o investidor consegue extrair as grandes vantagens dessa filosofia, ao mesmo tempo em que minimiza os riscos de cair em armadilhas.

Conclusão: estratégia sólida para o longo prazo

O value investing é mais do que uma estratégia: é uma filosofia de investimento baseada em racionalidade, paciência e análise profunda.

Desde os tempos de Benjamin Graham até os dias atuais essa metodologia, mostrou-se capaz de gerar retornos consistentes e proteger o capital em momentos de crise.

Ao adotar o value investing, o investidor se torna mais que um especulador: passa a ser sócio de bons negócios, construindo riqueza de forma sólida e duradoura.

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