Petrobras (PETR4) vende gasolina mais cara e diesel com desconto; entenda

Segundo dados da Abicom, a gasolina vendida pela Petrobras está atualmente cerca de 10% mais cara que o valor praticado no mercado externo.

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Publicado em 17/10/2025 às 18:22h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 17/10/2025 às 18:22h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
Já o diesel apresenta um desconto de 1,43% frente à paridade (Imagem: Shutterstock)
Já o diesel apresenta um desconto de 1,43% frente à paridade (Imagem: Shutterstock)

🚨 A recente queda no preço internacional do petróleo trouxe à tona novamente a política de preços da Petrobras (PETR4), especialmente após analistas e entidades do setor apontarem possíveis distorções entre os valores da gasolina e do diesel praticados pela estatal. 

Enquanto o diesel tem sido vendido abaixo da paridade de importação, a gasolina, por outro lado, opera com preços acima dos níveis internacionais.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina vendida pela Petrobras está atualmente cerca de 10% mais cara que o valor praticado no mercado externo.

Já o diesel, de acordo com cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), apresenta um desconto de 1,43% frente à paridade, podendo chegar a até 7% em estimativas de outras consultorias.

Para ajustar os preços à paridade internacional (PPI), a Abicom estima que a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina em R$ 0,28 por litro e aumentar o diesel em R$ 0,11 por litro.

Essa defasagem alimenta a tese de que a companhia estaria utilizando um subsídio cruzado — ou seja, compensando perdas com o diesel por meio de margens mais altas na gasolina.

“O diesel está sendo vendido com desconto, o que só é possível porque há margem na gasolina. Se houver corte na gasolina, a estatal poderá ser pressionada a elevar o diesel”, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Abicom, em entrevista recente ao jornal O Globo.

O último reajuste da Petrobras ocorreu em junho para a gasolina, com queda de R$ 0,17 por litro, e em maio para o diesel, com corte de R$ 0,16.

Desde então, mesmo com o petróleo brent operando abaixo dos US$ 65 e com tendência de baixa, não houve novas sinalizações de alterações de preços por parte da empresa.

Na tentativa de acalmar os ânimos do mercado, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, publicou nas redes sociais um gráfico que mostra a trajetória de queda da commodity, acompanhada da frase: “Uma imagem vale mais que mil palavras” — sem detalhar a política de preços adotada neste cenário.

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Mercado reage com cautela

Apesar das críticas e das incertezas sobre o critério atual de precificação, casas como o BTG Pactual ainda enxergam coerência na estratégia da Petrobras.

Em relatório, os analistas destacaram que a estatal segue uma abordagem “disciplinada”, com foco em médias de longo prazo e menor sensibilidade à paridade à vista.

Segundo o BTG, caso o brent se estabilize em torno dos US$ 62 por barril, há espaço para redução de 5% a 10% no preço da gasolina, desde que a atual dinâmica persista.

No caso do diesel, os analistas avaliam que o preço poderia subir até 5% para alinhar-se à faixa intermediária da paridade.

Já o Bank of America aponta que os preços da gasolina têm se mantido sistematicamente acima da paridade desde junho, refletindo a queda nos preços internacionais dos combustíveis.

📊 O banco calcula que, no acumulado de 2025, o preço da gasolina está, em média, 4,1% acima da paridade, enquanto o diesel apresenta um desconto de 2,1%. Em 2024, ambas as commodities foram vendidas com desconto — 4,8% para gasolina e 4,7% para diesel, em média.