Na mira do BRB, Banco Master tem a 11ª maior carteira de depósitos a prazo do país
Instituição tem R$ 45,6 bi em depósitos atrelados a ativos como CDB, com cobertura do FGC.
🚨 A aquisição de 58% do capital total do Banco Master pelo BRB (BSLI4), anunciada na última sexta-feira (28) se tornou um dos assuntos mais comentados do mercado financeiro brasileiro, especialmente entre os profissionais da Faria Lima.
Avaliada em aproximadamente R$ 2 bilhões, a transação despertou curiosidade e gerou questionamentos sobre os desdobramentos da operação e o impacto na estratégia de expansão do BRB.
O Banco Master, anteriormente conhecido como Banco Máxima, foi adquirido pelo empresário Daniel Vorcaro em 2017.
Reconhecido por sua atuação no mercado imobiliário de Minas Gerais, Vorcaro buscou diversificar o portfólio do banco, ampliando seus investimentos em diversos setores, muitas vezes em parceria com o empresário Nelson Tanure.
No entanto, essa expansão rápida veio acompanhada de um elevado custo de captação e de uma forte dependência de plataformas para atrair recursos, o que gerou alerta entre investidores e reguladores.
Para atrair capital, o Banco Master ofereceu Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remunerações acima do mercado, chegando a pagar até 140% do CDI.
A estratégia trouxe visibilidade para o banco, mas também o colocou em uma posição arriscada, especialmente quando o volume de depósitos representou quase metade da liquidez do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Além disso, tentativas de captar recursos no mercado internacional, por meio de emissões de bonds, não obtiveram sucesso.
A situação do Banco Master se agravou após mudanças regulatórias promovidas pelo Banco Central.
As novas regras redefiniram o tratamento dos precatórios, que deixaram de ser equiparados a títulos públicos nos balanços das instituições financeiras.
Além disso, o BC impôs restrições adicionais aos CDBs, endurecendo os critérios de garantia pelo FGC.
Essas medidas foram interpretadas pelo mercado como uma tentativa de reduzir riscos excessivos, especialmente em bancos de menor porte, como o Master.
No entanto, para o banco de Daniel Vorcaro, as mudanças impuseram desafios adicionais, exigindo novos meios para garantir sua sobrevivência.
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O BRB anunciou a aquisição de 58% do capital total do Banco Master e 49% das ações ordinárias, por um valor equivalente a 75% do patrimônio consolidado do Master, conforme demonstrativos financeiros auditados pela PwC.
Segundo o último balanço divulgado, relativo ao primeiro semestre de 2024, o patrimônio do banco era de R$ 4,1 bilhões.
O acordo prevê que o pagamento seja dividido em duas partes:
O Banco Central se pronunciou oficialmente, afirmando que avaliará o pedido de aquisição de acordo com os requisitos estabelecidos pela resolução 4.970 do CMN (Conselho Monetário Nacional), publicada em 2021.
Contudo, pairam dúvidas sobre como o órgão regulador interpretará a operação e se aprovará a transação, considerando o histórico recente do Banco Master.
O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, argumentou que a operação é estratégica, ajudando a reduzir o custo de captação do banco, que atualmente gira em torno de 89% do CDI.
Já Daniel Vorcaro destacou que o acordo é positivo para ambas as partes, embora ainda dependa de aprovação regulatória.
📊 Embora o anúncio da transação tenha recebido ampla cobertura da mídia, muitos pontos permanecem sem respostas claras:
Qual é a justificativa estratégica para que um banco público decida adquirir uma instituição privada com um histórico recente de dificuldades financeiras?
A avaliação de R$ 3,5 bilhões do banco é adequada considerando suas dificuldades para captar recursos a um custo competitivo?
Após a venda, Vorcaro continuará com a maioria das ações votantes e terá uma cadeira no Conselho de Administração do BRB. Como isso afetará a governança do banco?
Investimentos ilíquidos e precatórios foram excluídos da operação. Como o BRB pretende lidar com esses ativos e eventuais passivos relacionados?
Qual será a resposta final do Banco Central e como a operação será vista por órgãos de controle e investidores?
A compra do Banco Master pelo BRB é uma das movimentações mais relevantes nos últimos tempos para o mercado financeiro brasileiro, mas sua conclusão ainda depende de várias aprovações regulatórias e esclarecimentos adicionais.
📈 Questões envolvendo o valuation do banco, a manutenção do controle por parte de Daniel Vorcaro e o tratamento de ativos excluídos do acordo seguem em aberto, o que mantém o mercado em alerta.
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Instituição tem R$ 45,6 bi em depósitos atrelados a ativos como CDB, com cobertura do FGC.
Segundo o Jornal O Globo, o Banco Central tende a barrar a negociação devido a preocupações com a situação financeira do Master.