Minerva (BEEF3) vai ao Cade contra fusão de BRF (BRF) e Marfrig (MRFG3)

Companhia alega que operação trará prejuízos ao ambiente concorrencial e pede solução ao Cade.

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Publicado em 27/06/2025 às 11:09h - Atualizado 8 minutos atrás Publicado em 27/06/2025 às 11:09h Atualizado 8 minutos atrás por Marina Barbosa
Minerva vê riscos sobretudo no mercado de processados de carne bovina (Imagem: Shutterstock)

BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) terão que enfrentar mais um desafio para poder seguir com o plano de combinação dos seus negócios, pois a Minerva (BEEF3) foi ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra a fusão.

A Superintendência-Geral do Cade havia aprovado a fusão sem restrições no último dia 3 de junho, por entender que a operação não traria prejuízos ao ambiente concorrencial. Contudo, a Minerva recorreu da decisão nessa quinta-feira (26) dizendo que a avaliação subdimensionou os riscos do negócio.

Na avaliação da Minerva, a transação deve reduzir a concorrência no mercado de processados de carne bovina, especialmente de hambúrgueres, almôndegas e quibe no ramo de foodservice (fornecimento para restaurantes), visto que a BRF já possui uma posição dominante nesse mercado.

A companhia ainda mostrou preocupação com o poder de compra e de portfólio da MBRF, a companhia que deve ser criada com a fusão. O receio é de que a empresa reduza a concorrência na compra de insumos e também no varejo.

Além disso, o recurso alerta para o risco de um possível alinhamento indevido de interesses entre concorrentes. Isso porque o fundo saudita Salic detém 24,5% da Minerva e 11% da BRF e também deve entrar na Marfrig a partir da fusão. Minerva e Marfrig, contudo, são concorrentes diretas no mercado de carne bovina in natura.

Diante dessas preocupações, a Minerva pediu a revisão da decisão do Cade que aprovou a fusão entre Marfrig e BRF. A companhia alega que "a adoção de remédio comportamentais não seria suficiente para afastar e neutralizar os riscos". Por isso, pede uma "solução estrutural como forma de viabilizar a rivalidade após a Operação".

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Assembleia será em 14 de julho

Este não é o primeiro empecilho enfrentado pela MBRF. Marfrig e BRF já tiveram que adiar a assembleia de acionistas que vai avaliar a operação, depois que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pediu mais informações sobre o negócio.

A assembleia estava marcada para o último dia 18 de junho, mas acabou sendo remarcada para 14 de julho.

Antes disso, a família fundadora da Sadia, a família Fontana já havia questionado os preços propostos na transação.

Pela proposta de fusão, a Marfrig vai incorporar todas as ações da BRF. Com isso, a BRF vai se tornar uma subsidiária da Marfrig. E seus investidores vão receber 0,8521 ações ordinárias de emissão da Marfrig para cada ação da BRF detida no dia de fechamento da operação.

Caso tenha 100 ações da BRF, por exemplo, o acionista receberá 85 ações da Marfrig.

Além disso, as companhias prometem distribuir mais de R$ 6 bilhões em dividendos, sendo R$ 3,52 bilhões da BRF e R$ 2,5 bilhões da Marfrig.

A família fundadora da Sadia, contudo, diz que esses termos de troca são "indefensáveis" e pode se opor à medida na assembleia do próximo dia 14 de julho.