Fusão Marfrig-BRF: Família fundadora da Sadia contesta preços

Acionistas protocolam reclamação junto à CVM.

Author
Publicado em 03/06/2025 às 13:07h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 03/06/2025 às 13:07h Atualizado 1 dia atrás por Wesley Santana
Sadia é uma subsidiária da BRF (Imagem: Shutterstock)

Um negócio que parecia já estar dado como certo, agora ganha um novo capítulo. No processo de fusão da Marfrig (MRFG3) e a BRF (BRFS3), parte dos acionistas da Sadia pedem para ser ouvidos, estando dispostos a chamar a atenção.

🗣 Nesta terça-feira (3), um dos membros da família fundadora da companhia, a Fontana, entrou com uma reclamação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) contra o negócio. Ele pede que o órgão investigue os preços definidos na transação e a independência de quem avaliou o processo.

Segundo reportagem do "Pipeline", os Fontana têm cerca de 3% da BRF, mas estão em conversas com outros investidores para pressionar nesta frente, o que pode ampliar a base de reclamantes. “A família é muito grande, já temos um grupo unido e estamos angariando outras pessoas”, disse Adriano Fontana, porta-voz do grupo, ao portal.

Eles destacam que o valor oferecido pelo negócio é inferior ao registrado nas ações da companhia no dia em que o projeto de fusão foi acordado. Para chegar a essa conta, eles incluíram os dividendos que serão pagos, além do preço original de cada ação.

“Isso aponta para um valor de R$ 17,30 por ação da BRF, ou seja, um desconto de 16% em relação ao seu preço de fechamento de 15 de maio, antes do anúncio da fusão, quando a ação valia R$ 20,62”, diz Fontana.

De todo modo, a família que fundou a Sadia não está contra o processo de fusão, até enxergam uma eventual geração de valor na transação. O que pedem é que a divisão seja justa para os dois lados, tanto para os acionistas da BRF quanto para os da Marfrig, conforme destacaram.

🐶 Leia mais: Cade aprova fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi e libera criação de gigante pet

Para comprovar seu ponto, a família diz que o comitê estruturado para a fusão sofre influência estrutural, então não seria tão independente quanto o necessário. “São pessoas que trabalharam ao menos cinco anos com o Molina e não temos as informações sobre as interações desse comitê na discussão e definição de parâmetros”, destacou Adriano ao Pipeline.

Por meio de nota, a Marfrig afirmou que todo o processo de negociação foi conduzido com rigor, de acordo com a legislação e as melhores práticas do mercado. As bases da negociação foram respaldadas por uma avaliação independente (Fairness Opinion) emitida pelo Citibank, banco contratado pelo Comitê Independente da BRF. A companhia reafirma seu compromisso com a governança e a transparência em todas as suas operações”, pontuou a companhia.

O primeiro formato da fusão entre os dois frigoríficos foi apresentado ao mercado no dia 15 de maio, quando as empresas decidiram a criação de uma nova companhia. A MBRF chegaria como uma gigante de proteína animal, com mais de R$ 150 bilhões em receita.

"A fusão entre a Marfrig e a BRF é um movimento necessário para que possamos avançar com capturas de sinergias estratégicas e continuar crescendo nossos negócios em todo o mundo", afirmou o controlador e presidente dos conselhos de administração de Marfrig e BRF, Marcos Molina, em nota.